Papo com Beto: ‘Brasil, Pé de obra qualificado e sempre procurado’
Estudo de um centro da Fifa sobre o ano de 2019 mostra que país segue na frente ranking de exportação de jogadores. Bem à frente de França e Argentina, que aparecem a seguir
O Centro Internacional de Estudos Esportivos (CIES) fica em Neuchatel, na Suíça, e é vinculado à Fifa. Nesta semana atualizou um trabalho estatístico analisando o número de jogadores profissionais que atuam fora de seus países na temporada de 2019 Em primeiro lugar na lista, nenhuma surpresa. O Brasil está no topo, com 1.600 atletas em 86 países diferentes e 74% deles em clubes profissionais (o Brasil também é o primeiro neste quesito). Ocorreu um aumento nesta exportação. No último levantamento o Brasil liderava com 1.262 jogadores.
A diferença para a concorrência é grande: a França aparece em segundo lugar (1.027 jogadores em 70 países) e a Argentina em terceiro (927 jogadores em 59 países). O estudo revelou que 25% de todos os jogadores expatriados no futebol pelo mundo pertencem a esses três países.
O CIES divulga em seu site um atlas da imigração, que ainda segue com os números ainda da penúltima amostragem, revelando situações curiosas.
Do total brasileiro, o grosso vai para Portugal: incríveis 260 jogadores. Itália (69), Japão (65) e Espanha (46) vêm a seguir. Mas é bem relevante o número de jogadores em centros menores. Malta é o sexto destino (34) e Hong Kong (32) o oitavo.
Relembrando, este mapa ainda será atualizado, que o lancenauta pode acessar (https://football-observatory.com/IMG/sites/atlasmigr/)
Evidentemente estes centros apostam em jogadores de clubes nanicos do nosso país, o que não deixa de ser interessante, pois permite que esses atletas – com poucas chances no Brasil, em times que pagam um ou dois salários mínimos – façam um bom pé-de-meia no exterior. E eles ainda podem aproveitar alguma vitrine para ganhar oportunidade em centros maiores.
Trata-se de um montante de respeito. Com esse total dá para se fazer um campeonato nacional, com três divisões só com os expatriados (titulares e reservas). E a diferença do Brasil para a segunda colocada França é maior do que o total de expatriados da quarta colocada da lista, a Espanha (438).
E o incrível é que, embora o Brasil exporte esse pé de obra de forma maciça, ainda há muito mercado para ser explorado. Quase não tem brazuca na América do Sul (nenhum país no Top20 das exportações). E o México, um baita mercado para sul-americanos, tem um número ínfimo de brasileiros: 3.
Para se ter ideia, o México é o segundo maior importador de futebolistas argentinos (62), primeiro de colombianos (30) e segundo de uruguaios (28).
O Uruguai, inclusive, é um caso parte. Tem uma população de 3,5 milhões de habitantes. E envelhecida. Isso dá 1,5% da população brasileira. Ainda assim, este país é o décimo primeiro maior exportador de jogador de futebol, com 383. Se o Brasil exportasse na mesma proporção, teríamos quase de 23.200 jogadores espalhados pelo mundo.
Outras curiosidades: o país que mais importa argentinos é o Chile (92 em números de 2018). O Top 1 de franceses é a Inglaterra (91). E os destinos mais comuns dos espanhóis são Inglaterra (50) e Índia (38).