O bicampeão olímpico Serginho Escadinha encerra a carreira

Melhor jogador da Rio-2016, o líbero para aos 44 anos

Serginho Escadinha
Líbero marcou época na Seleção (Foto: Divulgação CBV)

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A carreira de Serginho Escadinha como jogador ganhou um ponto final. Em entrevista ao Esporte Espetacular, da TV Globo, neste domingo, o líbero confirmará a aposentadoria.

Ele irá se dedicar à família, ao projeto social Serginho 10, aos amigos, aos cavalos… Ocupar a mente, o coração e dar um descanso ao corpo, aos 44 anos.

Para me ajudar na tarefa de dimensionar o tamanho de Serginho no vôlei, recorri aos arquivos da biografia Degrau por Degrau. Durante as entrevistas para o livro, encerrei os papos com um pedido: “Defina Serginho Escadinha em uma palavra”.

Como relatei na obra, “alguns pediram uma palavrinha extra de lambuja. Cada um com sua ótica sobre a carreira do líbero Serginho Escadinha. Cada uma com uma visão particular da pessoa Sérgio Dutra dos Santos. Amigos, ex-companheiros, adversários, familiares, treinadores e, sobretudo, admiradores. Raramente a palavra escolhida se repetiu. Aos poucos eles me ajudaram a entender como funcionava, em quadra, a cabeça do melhor líbero do mundo, dono de quatro medalhas olímpicas, dois títulos mundiais e uma vasta coleção de outras conquistas. E, principalmente, colaboraram muito para que eu conhecesse também a intimidade de um ser humano ímpar. Como vocês, Serginho Escadinha!”

Dona Didi, a mãe
“Lutador”
Ele nunca desistiu.

Marlon, o filho mais velho
“Mito”
Como atleta não tem outro igual. E talvez não vá existir outro parecido. Como pai, vou defini-lo como meu melhor amigo. Às vezes nem parece que somos pai e filho, mas sim grande amigos.

Matheus, o filho do meio
“Menino sonhador”
Desculpe, mas vou precisar de duas palavras para definir melhor o meu pai. Ele correu atrás dos sonhos e alcançou todos eles.

Nei, o irmão
“Vitorioso”
Por tudo que passou quando era mais novo. Poderia ter ido para o caminho errado, mas não foi. Por nunca ter menosprezado ninguém. Por sempre ajudar o próximo. Pelo pai que é. Pelo espírito de família. Em 2013 estive entre a vida e a morte. Ele me ajudou, gastou muito dinheiro e nunca saiu do meu lado.

Suezi, a irmã
“Guerreiro”
Foi sempre muito difícil vê-lo triste, apesar de todas as dificuldades. Guardava para ele, chorava escondido, mas logo seguia em frente. Eu não sei se conseguiria ter lutado tanto quanto ele lutou para alcançar os objetivos.

Sílvia Souza Lima, a primeira treinadora
“Dignidade”
Explica bem o que ele é como homem.

Bernardinho, técnico de Serginho Escadinha na Seleção Brasileira entre 2001 e 2016
“Obstinação com perseverança”
Uma só? É um personagem tão rico, com tantas facetas, pela sua origem, tudo que ele viveu. O que é um líder? Um líder é um guardião de valores. E ele talvez agregue tudo isso. Temos como valores do nosso time trabalho, dedicação e altruísmo. Ele foi um líder porque foi um guardião desses valores. Líderes como ele congregam uma série de coisas, que agregam uma história de vida. Talvez eu não visse isso nele antes. Eu via nele a capacidade de inspirar a tantos, o que faria dele um líder natural. E ele rapidamente se transformou num líder.

Chicão, companheiro de time em Guarulhos e responsável por indicá-lo para São Caetano.
“Fantástico”

Nalbert, capitão da Seleção na conquista do ouro olímpico em Atenas-2004
“Merecimento”
Para ele nada foi dado, nada foi emprestado. Tudo foi conquistado com raça, determinação, suor e sem nunca passar por cima de ninguém.

Nikola Grbic, ex-levantador da seleção da Sérvia, companheiro do líbero no Piacenza (ITA)
“Generoso”

Giba, companheiro na Seleção entre 2001 e 2012
“Coração”
Total. Ele é isso. Dentro e fora de quadra.

Eduardo Pezão, ex-jogador da Seleção e companheiro do líbero em São Caetano no ano de 1998
“Resiliência”
Ele nunca se amedronta. Uma vez ele me ligou da Itália, tinha acabado de enfrentar o Miljkovic (oposto sérvio). “Pezão, você pegava alto na bola, tinha potência, físico. Mas o Miljkovic vai mais alto. Mas nem por isso eu afinei”. Mostra bem o jeito dele encarar a vida.

José Roberto Guimarães, tricampeão olímpico de vôlei como treinador
“Exemplo”
Sempre foi um exemplo de superação, de amor ao esporte, de dedicação, de garra. Um verdadeiro exemplo para futuras gerações.

Ricardo Navajas, técnico do líbero em Suzano, em 1999
“Realização”
Uma vez ele me procurou e disse que queria que eu pagasse um ônibus para trazer a família e os amigos de Pirituba para ver nossos jogos. Eu virei as costas e mandei ele embora. Não pagaria isso. Ele foi até o secretário de esportes da cidade e o convenceu. A partir daí todo jogo, em Suzano ou fora, São Bernardo, São Caetano, na capital, o ônibus levava umas 40 pessoas vestidas de Escadinha para torcer por ele. Ficavam gritando “ão, ão, ão, Escadinha é Seleção”.

Wallace, dividiu quarto com Escadinha na Seleção em dois ciclos olímpicos
“Líder”
Ele nunca precisou da faixa de capitão para ser nosso comandante em quadra.

Gustavo Endres, companheiro no Banespa, em 2001, e na Seleção por vários anos
“Superação”
Tudo na vida do Escada é isso.

Bruninho, capitão da Seleção na conquista do ouro olímpico na Rio-2016
“Espelho”
Ele é a cara do nosso país. Ele me representa.

Murilo Endres, companheiro no Banespa, Sesi e Seleção Brasileira por várias temporadas
“Simplicidade”
As pessoas sentem um impacto ao encontrá-lo. Ele é gigante como pessoa e atleta. Para nós, do meio, ele é apenas o Sérgio, nosso amigo. É um vagabundo aí, é o meu parceiro de truco, é o cara.

Angelo Lorenzetti, treinador italiano
“Um gerador de energia”

Ricardinho, companheiro de Seleção entre 2001 e 2012
“Forte”
Escada é uma figura fantástica fora de quadra e um baita jogador.

Renan Dal Zotto, substituto de Bernardinho no comando da Seleção masculina após a Rio-2016
“Inspiração”

Giovane Gávio, companheiro na Seleção
“Trabalhador”
Poderia escolher vários adjetivos, mas essa explica bem quem ele é.

Marcelinho, levantador medalhista de prata em Pequim-2008
“Amigo”
Ele sempre estende a mão para quem está precisando.

Montanaro, vice-campeão olímpico em 1984 e ex-dirigente do Banespa
“Merecedor”

Lucão, companheiro na Rio-2016
“Dedicação”
Aos 41 anos, ele estava sempre no gás durante o treino. Ele dá o sangue, independentemente se fosse um treino às 8h da manhã ou às 10h da noite. Ele estava sempre com fome de bola. Ele se cuidava, se dedicava, treinava mais até do que os moleques. É gostoso jogar com um cara desses, porque ele inspira a estar sempre em um momento bom.

Dante, companheiro na Seleção em três Olimpíadas (2004, 2008 e 2012)
“Vencedor”
Não preciso explicar os motivos.

William, companheiro na Seleção Brasileira na Rio-2016
“Coração”
É a primeira coisa que me vem à cabeça. Ajuda todo mundo, dá força quando precisa, vira um alicerce para quem está ao lado.

André Heller, campeão olímpico em 2004
“Incrível”
Pessoa incrível, atleta incrível, alguém que fez coisas incríveis.

Eder, parceiro de time no Banespa, Sesi e na conquista na Rio-2016
“Humildade”
Nunca mudou. Eu era juvenil do Banespa quando ele chegou, em 2001. Me deu muitos trotes e muitos conselhos. Depois de tudo que ganhou seguiu do mesmo jeito.

Alexandre Oliveira, ex-levantador e repórter especializado em vôlei
“Respeito”
Pelo esporte, pela história pessoal, pela posição, por ter conquistado esse respeito dentro do vôlei.

Ricardo Tabach, assistente técnico da Seleção masculina
“Amor”
Ele faz tudo com intensidade. Diria que é uma mistura de amor e paixão. Uma é mais consistente, a outra bem mais explosiva, intensa.

Alvaro Chamecki, médico, ex-Seleção
“Determinação”
Por tudo aquilo que ele passou na vida e conseguiu superar.

Talmo de Oliveira, companheiro no Suzano em 1999
“Especial”
É uma pessoa fora de série em todos os sentidos.

Marcos Pacheco, técnico do Sesi na temporada 2016/2017 e em Ribeirão em 2019/2020
“Espetacular”
Ele serve como exemplo e como motivação. Nunca diga não ser possível. É mais difícil e complicado. Ele mostrou que nada é impossível.

João Paulo Bravo, companheiro de time no Piacenza (ITA) e na Seleção
“Fenômeno”
Ele se enquadra em várias palavras, somente uma fica difícil. Mas penso que essa é a ideal.

Evandro, parceiro de time no Banespa e na conquista na Rio-2016
“Sensacional”
Simples assim.

Tonico, primeiro técnico no São Caetano
“Guerreiro”
É uma característica marcante dele.

Maurício Jahu, ex-jogador e comentarista de vôlei
“Único”
No meio do vôlei é difícil achar um cara que seja unanimidade. E ele é.

Guilherme Tenius, o Fiapo, fisioterapeuta da Seleção Brasileira
“Pelé”
Ele é o melhor jogador de vôlei de todos os tempos.

E vou aprovar a incluir a minha, algo que não fiz no livro.

Daniel Bortoletto, jornalista e autor da biografia de Serginho Escadinha
“Imortal”
O vôlei nunca esquecerá o legado deixado por ele

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