Cuca detalha como recuperou Gabigol no Santos: ‘o problema não é você’

De vetado a capitão, camisa 10 do Peixe passou por um processo parecido ao de Dudu, no Palmeiras, sob o comando do treinador. Hoje, Gabriel é o artilheiro do Brasileirão

Treino Santos - Cuca e Gabriel Barbosa
(Foto: Jota Erre/Photo Premium/Lancepress!)

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Hoje artilheiro do Campeonato Brasileiro, Gabriel subiu de patamar com a chegada do técnico Cuca ao Santos e voltou a despontar como um dos atacantes mais eficientes do cenário nacional. Em um ano cercado de altos e baixos, o Menino da Vila passou por um processo semelhante ao de Dudu, no Palmeiras, em 2016, sob o comando do treinador para, enfim, deslanchar no Peixe. Foi de barrado a capitão em um jogo e de criticado a goleador nos pouco mais de 45 dias de Cuca no Alvinegro. 

Hoje, Gabriel é o sucesso personificado do futebol desenvolvido por Cuca no Santos. Sinônimo de recuperação e melhora neste segundo semestre. No CT Rei Pelé, em Santos, o comandante santista recebeu a reportagem do LANCE! para um longo bate-papo e deu detalhes do processo desenvolvido para recuperar o bom futebol do camisa 10 (a íntegra da entrevista exclusiva com Cuca você confere neste sábado). 

- Quando eu cheguei aqui o Gabriel estava sendo muito questionado. No primeiro jogo, contra o Cruzeiro, pediram a saída dele. No segundo, contra o Botafogo, pediram mais ainda, até tirei e coloquei o Yuri. No terceiro, contra o Ceará, eu o deixei fora. Eu conversei com ele antes de começar o jogo. Pus ele no banco e falei: "você vai ver o primeiro tempo daqui, veja se você entende o jogo, se entende o nosso time". Quando acabou o primeiro tempo eu fui para o vestiário e perguntei para ele se estávamos jogando bem. Ele, como eu, achou que não estávamos bem. Falei: "Então o problema não é você, a culpa não é exclusiva sua. Você vai entrar agora e jogar sem peso" - conta Cuca, animado, e completa: 

- Ele entrou, nós não melhoramos muito, mas empatamos o jogo, e a partir dali eu fui falando com ele. Ele tinha que jogar mais solto, com confiança. Se o time tivesse melhorado um montão sem ele, pronto, ele saía e entrava outro, corrigia o erro. Mas o problema não era o Gabriel, tinha outras coisas para corrigir e foi corrigindo dentro das partidas. Quando você tem um time jovem que está sem confiança, não está sendo abraçado pelo torcedor, não vai andar, não adianta. O torcedor entendeu que esse é o time dele, deu banho de sal grosso no ônibus, apoiou, veio para o lado dos meninos... Aí as coisas foram ficando menos difíceis.

Semelhanças com atacante palmeirense: 'vai vingar'
O processo pelo qual Gabriel foi submetido de maneira natural por Cuca é semelhante ao que aconteceu com o atacante Dudu, no Palmeiras, em 2016, quando também chegou a ser barrado pelo comandante, mas voltou melhor à equipe, tornou-se capitão e deslanchou rumo ao título do Campeonato Brasileiro. Cuca não só fala abertamente sobre tal situação, como também explica que pretende deixar o mesmo legado para o camisa 10 santista. 

- Tudo isso me lembra muito Dudu. Com o Dudu também aconteceu assim. Deixei ele fora do jogo contra o Internacional lá no Rio Grande do Sul (no Brasileiro de 2016). Jogou o Erik, que fez o gol da nossa vitória (1 a 0), mas o meu projeto para o Dudu era ele ser titular. Depois, ele entendeu o que eu pensava e virou uma pessoa de total confiança, virou capitão do time. Acho que eu fui bom para a vida do Dudu, não só no campo. Ele amadureceu muito como pessoa e eu também aprendi muito com ele e com outros jogadores lá. A mesma coisa com o Gabriel. São meninos - relata cuca. 

O treinador demonstra preocupação em ajudar Gabigol a ter sucesso no futuro, quando estiver longe do Santos, seu clube do coração. O atacante está emprestado pela Inter de Milão, da Itália, até o fim do ano e deve retornar à Europa para tentar mais uma vez o sucesso no Velho Continente.  

- Eu quero ajudar o Gabriel a se preparar melhor para ir para fora agora, para voltar lá e vingar. Do jeito que ele estava lá, Paris estava feia, Roma estava feia, Milão estava feia... Estava tudo feio, porque no campo não estava bonito. Para nós, do futebol, quando o teu habitat está bonito qualquer cidade fica linda. Como que vai ficar bonita se o cara não joga? Jogador quer jogar, quer ir no restaurante e ser reconhecido, quer ser aplaudido... Diferente do que ele viveu. Acho que quando ele sair daqui, se é que vai sair, vai ser outro jogador no exterior e vai vingar dessa vez - projeta Cuca. 

Na temporada, Gabigol tem 40 jogos pelo Santos e 21 gols marcados. É o artilheiro da equipe. Atuando como centroavante desde o começo do ano, deslanchou com a chegada do novo treinador. 

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