LANCE! Espresso: ‘Palmeiras apela a Felipão e troca modernidade por velha política’

'O Palmeiras será vanguardista de fato quando deixar de boicotar a si próprio'

A década atual, iniciada em 1º de janeiro de 2011, teve oito técnicos no Verdão. Cuca foi único com duas passagens. A década começou com Luiz Felipe Scolari, que tinha assinado em 2010. Ele ficou até 2012, com 408 jogos, 192 vitórias, 111 empates e 105 derrotas. Levou Copa do Brasil-12.
Luiz Felipe Scolari foi confirmado pelo Palmeiras na noite da última quinta-feira (Foto: Ricardo Rimoli/Lancepress!)

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Patrocínio forte, sócios-torcedores ativos, estádio de primeira linha, milhões e milhões arrecadados somente com bilheteria, esforço para segurar jogadores assediados pelo exterior, elenco forte, contratações de peso... Muitos elementos colocam o Palmeiras como um dos clubes mais modernos do Brasil atualmente. O clube passa, é verdade, por uma retomada de protagonismo após anos de penúria e dois rebaixamentos à Série B. O discurso é bonito, otimista e baseado em fatos que o reforçam, mas esconde o quanto ainda é raso o modernismo alviverde no comando do futebol. A começar pela falta de convicção nos treinadores que escolhe. Roger Machado era mais um exemplo de técnico que “chega demitido”. O último profissional a ficar um ano inteiro no cargo pelo Verdão foi Gilson Kleina, em 2013. Com exceção de Cuca, e apenas na primeira passagem dele (em 2016), que culminou em título brasileiro, ninguém resistiu à pressão e à desconfiança implacáveis impregnadas no clube. Não custa lembrar que, um dia antes de dispensar Roger, o diretor de futebol alviverde, Alexandre Mattos, deu entrevista ao Fox Sports respaldando o trabalho do treinador. “É dando calma para ele, blindando. Temos confiança total no trabalho, os números são bons”, disse ao vivo. Na busca por opções de mercado, a impressão é de desespero e falta de rumo. Buscar alguém com carcaça suficiente para suportar pressão e blindar a atual diretoria. Não à toa, o escolhido foi Felipão. O Palmeiras será vanguardista de fato quando deixar de boicotar a si próprio.

SCOLARISMO, PARTE 3

Há um misto de emoções sobre a terceira passagem de Luiz Felipe Scolari pelo Palmeiras. A primeira coisa a aflorar no torcedor é o sentimentalismo, pois foi o treinador que levou o clube a títulos inéditos, com a Libertadores e a Copa do Brasil. Ressurge também o ranço dos 7 a 1 da Alemanha, que para as gerações mais jovens ressoa mais forte do que o grito de “pentacampeão” que a Família Scolari soltou em 2002. Felipão é um técnico icônico, vitorioso, polêmico, ranzinza. É inegável que o tempo e o desfecho desastroso da seleção brasileira na Copa de 2014 desgastaram a imagem dele, mas não se pode apagar o que construiu no futebol. O retorno de Felipão ao Verdão é algo difícil de prospectar. Pode dar muito errado. Pode dar muito certo. A opção da diretoria alviverde não deixa de ser um recado ao elenco, pois Scolari é disciplinador e tem respaldo histórico de sobra para peitar qualquer destempero de jogador que se considere acima do clube. Resta saber como anda a disposição do técnico em comprar brigas e a motivação para não fazer dos rótulos negativos um empecilho ao novo trabalho.

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