Técnico brasileiro comemora pratas no boxe e enaltece Keno Machado
Brasileiros não conseguiram superar rivais mais experientes nas finais da última quinta
Os lutadores do Brasil se esforçaram, mas não conseguiram derrotar seus rivais no primeiro dia de finais do boxe dos Jogos Pan-Americanos de Lima, na última quinta-feira, no Coliseo Miguel Grau. Na categoria até 81 kg, Keno Marley Machado, de apenas 19 anos, foi superado pelo experiente cubano Julio Cezar Perza, campeão olímpico na Rio-2016 e tetracampeão mundial. No feminino, nos 57 kg, Jucielen Cerqueira foi superada pela argentina Leonela Sanchez. Mesmo com as derrotas, os brasileiros festejaram os resultados.
- Não podemos cobrar os atletas só pelo momento, tem que analisar todo um contexto. A Jucielen estava nos 51 kg há dois anos, subiu para os 54 kg e agora ela está subindo de peso para os 57 kg, que virou categoria olímpica, para ser a nossa atleta na briga por vaga em Tóquio. Pegou uma argentina muito experiente, mas ainda assim fez boa luta. O Keno, da mesma forma, pegou um atleta muito rodado, com quatro ciclos olímpicos - analisou Mateus Alves, treinador-chefe da delegação de boxe do Brasil nos Jogos Pan-Americanos. Tanto Keno quanto Jucielen foram derrotados por pontos, em lutas muito equilibradas.
- O boxe olímpico não é como o profissional, onde o nocaute é mais comum. Aliás, acho que não teve nocaute neste Pan-Americano. O boxe olímpico é mais leve, de velocidade, de toque, volume. O profissional é mais parado, focado em nocaute. Normalmente as finais têm um boxe mais jogado - analisou Alves. Mesmo com o semblante fechado, Jucielen Cerqueira dizia após a cerimônia de pódio que estava feliz com a prata conquistada neste Pan-Americano.
- Não sou tão sorridente, sou bem na minha, mas estou bem feliz com a prata, apesar de não parecer. Estou fazendo história, no meu primeiro Pan cheguei na final, com muita garra e determinação - afirmou a paulista de 23 anos, que iniciou carreira no boxe aos 12, em um projeto social de Rio Claro (SP), cidade onde nasceu. A prata no Pan marcou sua segunda derrota em dois confrontos para Leonela Sanchez.
- A vontade de ganhar a próxima só aumenta. Ela é uma atleta experiente, isso conta bastante. Foi difícil achar um pouco a distância, ela é uma atleta que está sempre fugindo, indo para trás. Temos que trabalhar duro para superar essa vantagem dela em outras lutas - explicou Jucielen.
O estilo do adversário também foi um obstáculo a mais para Keno Machado. Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires-2018, Keno teve pela frente um rival muito mais experiente, que usou e abusou das esquivas e em vários momentos baixava a guarda, como que convidando o brasileiro a procurar o ataque. Com isso, tinha espaço para contra-atacar com eficiência.
- Não vi como provocação não, ele sempre lutou assim, este é o estilo dele. É um grande adversário e fico feliz por ter chegado a esta final contra ele - disse o brasileiro, que agora tem duas derrotas em seu cartel diante de Peraza. Mesmo diante do currículo de conquistas do cubano, Keno não o vê como imbatível.
- Ele já perdeu para outros atletas. O importante é treinar firme para vencê-lo na próxima luta - explicou o brasileiro. Potencial para isso ele tem, na opinião do treinador Mateus Alves.
- O Keno é um atleta calmo, talentoso, mas ser campeão na categoria juvenil é uma coisa, em competição adulta é outra história. Estava estreando em Jogos Pan-Americanos diante de um atleta com quatro ciclos olímpicos e um ouro na Rio-2016 - comentou o treinador, que vê muito futuro no brasileiro.
- O Keno é um talento, tem tudo para ser um dos maiores nomes do boxe do Brasil. É 81 kg natural, não tem problema para manter o peso e tem pouco tempo na categoria. Foi uma ótima aprendizagem para ele este Pan - disse Alves.
Nesta sexta-feira, o boxe brasileiro terá mais duas finais nos Jogos Pan-Americanos. Na categoria 75 kg, Hebert da Conceição irá enfrentar o cubano Arlen Cardona. No feminino, nos 60 kg, Bia Ferreira entra como favorita diante da argentina Erika Dayana. As finais começarão a partir das 21h (horário de Brasília).