Inspiradoras! L! relembra mulheres que superaram obstáculos no esporte

No Dia Internacional da Mulher, confira histórias de grandes personalidades que quebraram barreiras e marcaram seus nomes na história do esporte nacional e mundial

Maria Lenk foi o principal nome da natação brasileira
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A relação entre as mulheres e o esporte foi marcada por luta e superação. Proibidas de participar de uma edição olímpica até os Jogos de Paris-1900, as atletas, motivadas pelo processo histórico em que o mundo estava, desafiaram o status quo e exigiram o direito ao esporte. A luta dessas guerreiras através das décadas fez com que, em 2012, elas pudessem competir em qualquer modalidade olímpica e que a Rio-2016 fosse a edição com o maior número de damas (45% dos atletas eram mulheres).

Pensando nisso, o LANCE! separou algumas histórias de mulheres inspiradoras do esporte brasileiro:

Maria Lenk, a primeira olimpiana

Os Jogos de Los Angeles-1932 marcaram para sempre a história do esporte olímpico feminino sul-americano. Com apenas 17 anos, a jovem Maria Emma Hulga Lenk foi a primeira mulher da América do Sul a participar de uma edição olímpica. A paulistana participou da terceira bateria dos 200m nado peito e cravou 3m26s6. O resultado, porém, não foi suficiente para levá-la à final.

Vítima de pneumonia dupla na infância, Maria Lenk foi vítima de preconceito, competiu com um uniforme emprestado e viajou de favor em um navio do governo carregado de café. A grande vitória do jovem foi conseguir chegar ao palco olímpico.

Em Berlim-1936, marcada pelo regime nazista, a nadadora brasileira tornou-se a primeira mulher a usar o nado borboleta, desenvolvido nos Estados Unidos. Este estilo de nado só entraria no programa olímpico vinte anos depois. Aos 25 anos (novembro de 2009), ela seria a primeira atleta brasileira a bater um recorde mundial na natação, nos 200m peito, com o tempo de 2m56s. Ela também foi recordista mundial nos 400m peito.

Aposentada, em 1948 Lenk ajudou a fundar a primeira escola de educação física do Brasil, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela também foi a primeira diretora mulher. Ela participou de torneios de masters e nadou até o fim da vida. Maria Lenk faleceu aos 92 anos enquanto treinava na capital carioca; na época ela fazia 1,5km por dia.

Aída dos Santos, a finalista negra

A terceira mulher negra a representar o país em uma Olimpíada, Aída dos Santos teve dificuldades semelhantes as de Maria Lenk, como falta de uniforme e auxílio durante os Jogos de Tóquio-1964. Contudo, mais um fator pesaria contra a primeira atleta negra a chegar a uma final olímpica, no salto em altura, a cor da sua pele.

Vítima de preconceito desde a infância, onde a professora a chamava de "criola", "beiçuda" e "filha de Grande Otelo", Aída seguiu em frente. Porém, este persistente adversário a seguiria durante toda a sua carreira esportiva. Enquanto treinava no Botafogo, um dos dirigentes também foi hostil com a atleta. Segundo ele o lugar de Aída era no cozinha.

Contudo, os resultados mostraram que o lugar na esportista era no atletismo. Além de duas participações olímpica (Tóquio-1964 e México-1968) e duas medalhas em Pan-Americanos, Aída conquistou, no pentatlo,bronze em Winnipeg-1967 e Cali-1971, o Prêmio Adhemar Ferreira da Silva (COB), em 2006 e, em 2009, foi agraciada com o Diploma Mundial Mulher e Esporte, uma premiação especial do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Superação e pioneirismo de Poliana Okimoto

O amor pelo esporte foi o responsável por Poliana Okimoto ter colocado o seu nome na história do esporte. A primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica em esportes aquáticos, superou o medo de nadar no mar e deu a volta por cima após desistência de competições. 

Batendo seu primeiro recorde sul-americano aos 13 anos, a jovem quase desistiu de sua carreira após a ser desclassificada dos Jogos de Londres-2012. Na ocasião, a atleta, que não se adaptou ao forte calor, se sentiu mal e, no quilômetro sete, abandonou o sonho olímpico.

​Decidida em dar uma nova chance a si mesma, Poliana partiu para um novo ciclo olímpico. Contudo, em 2014, quando liderava o Circuito Mundial, sofreu uma pequena fissura no disco da coluna cervical e teve que, mais uma vez, abandonar a disputa.

O início de um novo capítulo em sua história viria um ano depois, com a classificação para a Rio-2016 no Mundial de Desportos Aquático da Rússia. Na olimpíada brasileira, Okimoto chegou em quarto, mas a desclassificação da francesa Aurelie Muller, colocou a nadadora no pódio.

De condenada à heroína

Talvez o principal exemplo de superação na última edição olímpica seja Rafaela Silva. Em contado com o judô devido ao Instituto Reação, um programa social criado por Flávio Canto na Cidade de Deus, a carioca que ia para competições com "patrocínio" do treinador Geraldo Bernardes quase abriu mão do esporte após Londres-2012.

Na ocasião, a campeã mundial sub-20 em 2008 foi desclassificada por aplicar um golpe ilegal na húngara Hedvig Karakas. O combate era válido pelas oitavas de final da categoria até 57kg. Com lagrimas nos olhos, Rafaela foi alvo de comentários racistas e vexatórios na internet e cogitou parar de competir. 

Porém, com o suporte da família, dos amigos e equipe técnica, a campeã do título mundial de 2013 deu a volta por cima e garantiu seu lugar na Rio-2016. O destino, entretanto, faria com que Silva voltasse no tempo. Nas semis da olimpíada na sua casa, ela enfrentou, novamente, Karakas. No golden score, a cariosa contou com o apoio da torcida para chegar a tão sonhada final. Extremamente séria e focada, Rafaela superou a mongol Sumiya Dorjsuren e foi abraçada pela família e adorada por todo o país.

O primeiro ouro nacional da Rio-2016 veio de uma jovem que deu a volta por cima, desde a infância humilde até a hostilização nas redes sociais, e hoje é um dos grandes nomes do esporte brasileiro.

Coração de 'leoa'

No mundo das lutas, a brasileira que representa bandeira feminina com louvor é Amanda Nunes. A baiana, nascida em Salvador, pode ser tratada como pioneira. Ela foi a primeira brasileira a ser contratada pelo UFC, a primeira tupiniquim a vencer no octógono e se tornou em julho de 2016 a primeira brasileira na história a conquistar um cinturão do UFC. Aos 28 anos, ela soma um cartel de 14 vitórias e quatro derrotas no MMA e é a atual campeã peso-galo feminino do UFC. O sorriso tímido fora do octógono esconde aquilo que seu apelido de "leoa" entrega: ela nasceu para lutar!

Antes do MMA, Amanda flertou com a carreira profissional no futebol, onde jogava como atacante. No mundo das lutas, se tornou conhecida mundialmente após a conquista do título do UFC e o nocaute conquistado contra a estrela Ronda Rousey, em dezembro passado.O início da carreira no MMA contou com noites mal dormidas nos tatames de sua primeira academia, serviços de faxina para "pagar" a moradia e inúmeros treinos onde era a única mulher em ação. Ser minoria e enfrentar obstáculos nunca foram problema para ela. Homossexual assumida, Amanda já foi premiada por seus atos em defesa do movimento LGBT nos Estados Unidos, onde mora há mais de cinco anos.

Aos 28, Amanda Nunes planeja manter o cinturão do UFC por muitos anos e tornar seu legado no esporte ainda mais glorioso.

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