As chances do triathlon brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio

Prata no Pan de Santo Domingo e CEO da Confederação Brasileira Triathlon, Virgílio de Castilho analisa a modalidade. Homens competem hoje, às 18h30m (de Brasília)

Manoel Messias, Vittória Lopes e Luisa Baptista, triatletas brasileiros nas Olimpíadas de Tóquio. (Divulgação)
Manoel Messias, Vittória Lopes e Luisa Baptista, triatletas brasileiros nas Olimpíadas de Tóquio. (Divulgação)

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O triathlon estreia neste domingo (25) nas Olimpíadas de Tóquio. Às 18h30m (de Brasília, 6h30m de segunda-feira, na capital japonesa), os 56 homens inscritos na prova vão nadar 1,5km, pedalar 40km e correr 10km na Odaiba Marine Park.

Medalha de prata no Pan-Americano de Santo Domingo-2003 e atual CEO da Confederação Brasileira de Triatlhon, Virgilio de Castilho, que completa 46 anos neste domingo, analisa as chances brasileiras na modalidade.

A seguir, a análise de Castilho:

"No dia 30 de junho, a Confederação Brasileira de Triathlon completou 30 anos. A história da entidade se mistura ao triathlon brasileiro – a modalidade chegou ao Brasil no início dos anos 80 – e ao triathlon mundial, afinal o triathlon é jovem: nasceu em 1974.

Durante esses 30 anos, o Triathlon Brasil evoluiu, caiu, levantou e hoje podemos dizer que atingiu um grau de maturidade de destaque e muito relevante para a comunidade esportiva. Exemplifico: o Triathlon Brasil foi uma das 11 entidades reconhecidas pelo Rating Integra, ferramenta desenvolvida no âmbito do Pacto pelo Esporte, através do Instituto Ethos, que tem como objetivos aprimorar os mecanismos de gestão e da boa governança nas entidades esportivas no Brasil e reconhecer as entidades que apresentem melhor desempenho nessas áreas. Além disso, temos todos os nossos poderes instituídos, um Programa de Integridade em andamento, representatividade no Conselho de Administração do COB e tantos outros pontos que são muitas vezes invisíveis aos que não vivem o dia a dia da confederação.

Mas, no final das contas, a pergunta é uma só: e a medalha olímpica do triathlon?

O triathlon estreou nos Jogos Olímpicos em 2000, em Sidney, e de lá para cá, ainda que o Brasil tenha enviado representantes em todas as edições, a medalha ainda não chegou. Numa confederação formada por atletas, o instinto da competição é latente e nós sonhamos dia e noite com essa conquista. Também trabalhamos duro para isso: nossa diretoria técnica é excepcional, investimos no que há de melhor em termos de treinamento - nossos atletas estão desde março em training camps praticamente contínuos - e matamos no peito todas as dificuldades que chegaram!!

Com todo o dever de casa feito, revisado e entregue, podemos agora aguardar o resultado de toda a dedicação do último ciclo olímpico. Teremos duas provas muito duras pela frente, com atletas extremamente preparados e mais experientes do que os três brasileiros que nos representarão: Manoel Messias, Luisa Baptista e Vittória Lopes, que fazem sua estreia em Jogos Olímpicos nesta edição do evento.

Na prova masculina, eu vejo que o Manoel Messias tem grandes chances de alcançar um resultado histórico – quem sabe até o pódio! Apesar de encontrar na natação sua maior dificuldade, Messias treinou e se preparou muito bem para essa prova. Tem que fazer a melhor transição da vida e depois se manter bem posicionado e alerta o tempo todo no ciclismo. E, então, ele poderá chegar à sua modalidade preferida: Manoel tem uma corrida fenomenal, uma das melhores do mundo! Aí é segurar a emoção, manter a calma, que uma medalha pode estar a caminho, caso a prova se desenhe dessa maneira para o nosso Messias! Haja coração.

Sobre a prova feminina, que acontece nesta segunda-feira, às 18h30m (horário de Brasília, 6h30m de terça-feira, em Tóquio), visualizo a formação de um pequeno grupo líder na natação, com Vittória Lopes saindo entre as primeiras da água. A prova dela é esta, fazer uma excelente T1, grudar nas líderes, esperar o tempo passar com muita atenção aos detalhes do ciclismo e sair para correr na frente da maioria das atletas. Para Luísa é fazer uma natação forte, se manter bem posicionada no grande grupo perseguidor (segundo pelotão) durante o ciclismo, onde provavelmente haverá atletas dando tudo de si para conectar-se ao pelotão líder, como é o caso da suíça campeã olímpica, Nicola Spirig, e esperar para fazer uma corrida consistente e progressiva. Ou seja, são estratégias bem diferentes de prova. Dependendo da abertura do pelotão, Vittória pode garantir uma enorme vantagem e finalizar a prova com a melhor posição do Brasil no Triathlon em Jogos Olímpicos. Já Luísa tem que vir conquistando posições com o pelotão perseguidor e fazer sua melhor corrida para garantir o melhor resultado brasileiro de todos os tempos!

Outro ponto interessante é que o triathlon nos Jogos Olímpicos é sempre uma caixinha de surpresas: edição após edição não foram os três favoritos a subir no pódio, como nos casos a seguir: da Brigitte McMahon, suíça medalha de ouro, Stephan Vuckovic, prata, e Jan Rehula, bronze, em Sydney-2000; Kate Allen, austríaca medalha de ouro em Atenas-2004 e muitos outros depois desses. Ou seja, pelo histórico dos Jogos Olímpicos, muitas vezes o pódio abriga atletas que não estão entre os favoritos.

E quem são os favoritos da edição Tóquio-2020?

Sem sombra de dúvida temos Flora Duffy (BER), Katie Zaferes (EUA), Jessica Learmonth (GBR), Georgia Taylor Brown (GBR) e Taylor Knibb (EUA) no feminino e Jonathan Brownlee (GBR), Vicent Luis (FRA), Kristian Blummenfelt (NOR), Mario Mola (ESP) e Javier Gomez (ESP) no masculino.

A estrutura de treinos proporcionada aos atletas brasileiros, a garra e o talento de cada um dos três, a já mencionada incerteza quando tratamos de Jogos Olímpicos, o calor intenso que teremos em Tóquio e mais uma pitada de superstição desse que vos escreve – afinal, o número de peito com maior número de medalhas em Jogos Olímpicos é o 34, justamente o número do Manoel Messias -, fazem com que eu finalize este texto muito esperançoso de comemorar o meu aniversário com uma medalha olímpica do triathlon." (Iúri Totti)

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