Casal do taekwondo aposta em sintonia para levar Brasil ao pódio

Talisca Reis e Netinho Marques, juntos desde 2015, competem pela primeira vez no Grand Prix Final, que reúne os 16 melhores atletas do mundo de cada categoria, em Fujairah (EAU)<br>

Talisca Reis e Netinho Marques
Talisca Reis e Netinho Marques sonham com o ouro no taekwondo em Tóquio (Foto: Divulgação)

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Quando entrarem no tatame para a disputa do Grand Prix Final de taekwondo, que começa nesta quinta-feira e vai até sexta, em Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, Netinho Marques e Talisca Reis poderão contar com algo a mais do que o talento que os coloca como as grandes apostas do Brasil em Tóquio-2020 na modalidade. Os dois namoram e vivem juntos desde 2015, e o apoio mútuo tem sido um dos segredos do sucesso do casal no esporte.

A competição no Oriente Médio reúne os dezesseis melhores atletas do mundo, de cada categoria. Do Brasil, apenas três  se classificaram para o GP Final. Talisca, de 29 anos, compete na de até 49kg e Netinho, de 21 anos, na de até 68kg. O casal se conheceu por intermédio de Guilherme Dias, também lutador, e sempre se via em competições. Eles só se aproximaram, entretanto, há três anos, quando ambos mudaram-se para Rio Claro, interior de São Paulo, atraídos pela boa estrutura de treinamento para atletas de ponta. Os dois contam que “pularam” a etapa do namoro e logo foram morar juntos, mas que o “casamento” tem ajudado na obtenção de bons resultados.

– Estamos juntos quase vinte e quatro horas, mas acredito que isso seja uma ajuda extra como atletas. Quando um dos dois está meio desmotivado ou não consegue o resultado esperado, tem sempre o outro para ajudar. Isso no esporte é muito bom, precisamos muito disso. No início, estar brigado com ele me atrapalhava um pouco nos treinos, mas com o tempo fui aprendendo a administrar. Hoje em dia é mais tranquilo e também não temos brigado muito – conta Talisca, 11ª no ranking mundial e 7ª no ranking olímpico.

Netinho, que chega ao Grand Prix Final como um dos principais nomes da competição, concorda com a namorada. Para chegar a sexto melhor do mundo no ranking e a único atleta da América do Sul, na sua categoria, foi fundamental contar com o apoio da amada, conhecida como a “Musa do Taekwondo”. Ele garante que os problemas de casa não entram no tatame.

Talisca e Netinho
Talisca e Netinho namoram desde 2015 (Foto: Divulgação)

– Não treino mal quando estamos brigados. Os problemas de casa não entram no treino. Às vezes, ela coloca o equipamento de proteção e tenho vontade de lutar com ela, descontar no treino as coisas de casa – brinca o campeão olímpico nos Jogos da Juventude de 2014 e no Mundial juvenil do mesmo ano.

Natural de Porto Velho, Talisca se preparou para o GP em uma semana intensa de treinos no Canadá, a convite da número um do mundo na mesma categoria, Yveti Yong. Já Netinho realizou os seus treinamentos finais em Rio Claro. O paraibano ainda tem pela frente o Mundial Militar, entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro, no Rio de Janeiro.

– Dessa vez nossa preparação foi mais longa, porque de um Grand Prix para outro, estávamos tendo cerca de vinte dias e, dessa vez, tivemos um tempo um pouco maior. Então, estamos bem mais preparados. Tenho mais duas competições ainda, o Grand Prix Final e o Mundial Militar, e as expectativas são as melhores, vou em busca do ouro nas duas competições. Vamos tentar ganhar aqui no GP Final, subir no pódio, já vai ser sensacional, mas o meu objetivo é ser campeão aqui e com certeza no Mundial Militar também – afirma Netinho, que acaba de ser eleito o melhor atleta de Taekwondo do Brasil, pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Apontados como os grandes nomes para representarem o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, Talisca e Netinho têm ganhado posições nos rankings mundial e olímpico, nos últimos meses. Eles garantem não encarar isso como pressão, mas sim como motivação para o tão sonhado ouro. O primeiro passo almejado é estar entre os seis classificados para o Japão em suas categorias.

– A classificação para os Jogos Olímpicos se dá pelo ranking olímpico, então cada vez que subimos temos uma motivação a mais. Encaramos como um passo a mais rumo ao objetivo final que é a Olimpíada, não vejo isso como pressão. Nos sentimos contentes e motivados. A cada mês é feita uma atualização do ranking e a partir dessas competições nas quais vamos competindo e ganhando, vamos ficando mais próximos do objetivo final que é ficar entre os seis que vão classificar para Tóquio – conta Talisca.

Netinho reforça: 

– Subir no ranking não foi exatamente uma surpresa, pois treinamos para isso. Nossa meta era ficar entre os dezesseis melhores do ranking olímpico para o Grand Prix. Graças a Deus, hoje sou o 6º do ranking mundial e 10º do olímpico. Encarei como subir um degrau de uma escada. Foi algo que me motivou muito mais. Por mais que você treine duro e acredite, é preciso também ter bons resultados  

Os bons resultados da dupla tem garantido o apoio da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) e do COB. A ajuda é considerada essencial por ambos. Mais experiente, Talisca conta que já passou por períodos complicados, quando teve que pagar viagens do próprio bolso.

– Acredito que ainda falta um pouco mais de apoio. Para competir nos Grand Prixs do início do ano tive que pagar a viagem do meu bolso. Depois que começamos a ter resultados, a Confederação começou a nos ajudar. Mesmo depois disso, às vezes dependemos de um dinheiro extra. Nossa Confederação passou por uma crise, mas com a ajuda do COB está se reestruturando. Acredito que em 2024 já seja bem melhor, pois a nova gestão pegou só a metade do ciclo olímpico. Agora sim eles estão fazendo de tudo para os atletas que estão no ranking tenham bons resultados e treinem mais tranquilos – explica.

Já Netinho viveu uma situação mais confortável ao contar com uma bolsa do Comitê Olímpico Internacional (COI) concedida a jovens promessas. Em razão disso, pôde participar de um circuito europeu, no início do ano, sem depender da ajuda da CBTKD.

– Nesse ano fiquei surpreso com o apoio que tivemos. No início do ano, tive a ajuda para fazer um Circuito Europeu. Foi ali que comecei a despontar. Mas, no ciclo olímpico de 2016 a 2020, a ajuda veio só em 2018, o ano que tivemos mais resultados.

O Brasil ainda terá a brasileira Iris Tang Sing, que também compete na categoria até 49kg. Os três estão sob o comando do técnico Nicholas Pigozzi. As semifinais e as finais do evento serão disputadas na próxima sexta-feira.

*Sob a supervisão de Jonas Moura

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