Por que a Seleção Brasileira está em um momento desfavorável?

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Nos últimos anos, nos acostumamos a ver a seleção brasileira ter bastante facilidade ao enfrentar adversários mais fracos, sobretudo durante o período das Eliminatórias. Esse cenário favorável fez com que boa parte dos brasileiros desconsiderasse vitórias, mesmo as mais difíceis, sobre seleções aqui do continente americano, com exceção da Argentina.

Entretanto, as últimas partidas têm mostrado que o panorama já não é mais tão favorável. Durante o ano de 2023, o Brasil perdeu quatro das oito partidas que fez, quebrou recordes negativos e apresentou um desempenho terrível até mesmo em algumas vitórias.

A última derrota para a Argentina escancarou a situação. O espetáculo de horror dentro dos campo só não foi pior do que o que aconteceu antes da bola rolar. O Brasil apresentou um futebol pouquíssimo inspirado. Na ânsia de buscar a “amplitude” o tempo todo, o time tentava buscar os pontas (Martinelli e Raphinha) mesmo quando não havia espaço algum para avançar. O volume de jogo dava a falsa impressão de um domínio que nunca existiu.

A Argentina, que a bem da verdade não fez um grande jogo, abriu o placar e o Brasil, perdido psicologicamente, não conseguiu dar uma resposta. Esse mesmo cenário do jogo no Maracanã pode ser visto em outras partidas, como contra o Uruguai e a Colômbia, onde o Brasil não conseguiu ser eficiente por mais de 5 minutos.

Erros de escolha da CBF “condenaram” o trabalho de Fernando Diniz

Por mais que não se possa, jamais, eximir um técnico de culpa no aspecto tático do jogo, é importante que se entenda que o problema vai além do treinador. O Brasil teve dois técnicos interinos durante esse ano, algo que é simplesmente inaceitável para uma seleção desse porte. Além disso, há uma incerteza quanto ao futuro treinador, já que Ancelotti não se manifestou publicamente confirmando que há um acordo entre ele e a CBF.

É fundamental que os torcedores possam dimensionar a culpa, e os culpados, de forma correta. A CBF escolheu fazer um acordo com um técnico que já estava empregado no Fluminense. Sem querer tirá-lo do cargo no clube, a entidade optou por fazer uma espécie de trabalho conjunto, em que Diniz treinaria a seleção nas datas FIFA e voltaria ao Fluminense para trabalhar após os jogos da seleção.

Não precisa exercitar muito o pensamento para entender que é quase impossível desempenhar um ótimo trabalho nessas condições. Não é só chegar, treinar e escalar, o trabalho de um treinador vai muito além disso. O Brasil de hoje não tem identidade, não tem um padrão de jogo definido e, acima de tudo isso, não tem absolutamente nada de Fernando Diniz ali. Trabalhos autorais demandam tempo e, com essas escolhas erradas, a CBF tirou a possibilidade de um trabalho sólido ser desenvolvido. Nada de bom floresce em um terreno de tantas incertezas, a entidade precisa corrigir seu rumo e escolher o caminho a ser seguido.

A “safra” atual de jogadores é ruim?

Existe uma corrente que defende que a atual geração de jogadores brasileiros não é das melhores e talvez haja verdade nisso. No entanto, mesmo não contando com os craques de outrora, a seleção brasileira deveria ser capaz de vencer times como Colômbia e Venezuela sem maiores dificuldades. Entretanto, isso não chegou a acontecer.

Mesmo com uma geração considerada ruim, o Brasil ainda é melhor do que boa parte dos seus vizinhos Sul-americanos. Basta ver o domínio do futebol brasileiro nas competições internacionais. É certo que a questão econômica é importante nesse sucesso, os times brasileiros dispõem de uma boa quantidade de recursos advindos de premiações e contratos vantajosos com empresas de vários ramos, como instituições financeiras e sites de apostas e cassino online. No entanto, o talento de vários jogadores brasileiros ainda pode ser notado de forma clara e eles ajudam a desequilibrar várias partidas.

Mas mesmo que consideremos que a safra atual de jogadores não seja boa, podemos perceber que o futebol evoluiu taticamente para além dos valores individuais dos jogadores. Dessa forma, é possível ter uma seleção que jogue um bom futebol, ainda que não seja composta por jogadores, em sua maioria, comuns.

Para isso é preciso solidez no trabalho e uma identidade. É fácil escolher ganhar, mas é difícil trilhar o caminho e tomar as decisões corretas para chegar até as vitórias. Escolher o técnico já é um bom começo, mas o tempo está passando e a CBF parece estar esperando um milagre. Enquanto a escolha não for feita, a seleção vai definhando e acumulando fracassos.