Exclamações do Editor: Enfim, uma reação…

Editor do L! escreve sobre os crimes relacionados a atos cometidos no futebol e também sobre o que representa a vitória de Eduardo Bandeira de Melo na eleição do Flamengo

Del Nero (Foto: Divulgação)
Del Nero está na mira da Justiça (Foto: Divulgação)

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A corrente é a seguinte: Del Nero (indiciado pelo FBI), sucessor de Marin (indiciado pelo FBI e em prisão domiciliar nos EUA), por sua vez sucessor de Teixeira (indiciado pelo FBI), elevado ao poder em 1989 por seu sogro, João Havelange (com provas públicas de que que recebeu propina da ISL, renunciou ao COI e perdeu nome no estádio). Os que ainda não estão presos, não podem viajar para país com tratado de extradição com os EUA, pois podem acabar na prisão, e serão indiciados no Brasil em breve. Todos os crimes são relacionados a atos cometidos no futebol. Deveriam sair de cena o mais rápido possível, pelos fundos, quietinhos, torcendo para serem deixados em paz, curtindo seus milhões sem a cana dura da lei. Mas não é que Del Nero decidiu, ao se licenciar, determinar o processo que define seu sucessor?

Já exclamamos na semana passada que os torcedores deveriam ir para as ruas, ocupar a CBF e botar a gangue para correr. Até agora, não se chegou a isto, mas enfim tem gente peso pesado de todos os campos ideológicos e de diferentes áreas da sociedade se juntando ao Bom Senso, ao Atletas pelo Brasil, à Universidade do Futebol, para dizer que não aceita mais este deboche em cima de um estatuto que barra qualquer oposição na CBF há décadas. Num momento em que o país está tomado pela indignação com os maus feitos e que o STF é o que nos dá esperança, um ato de reação da cidadania pelo futbr, algo inédito e que nos enche de esperança. Viva o futebol, viva o Brasil, viva os que ainda acreditam que podem fazer a diferença, viva os que se permitem sonhar e agir mesmo sem a certeza da vitória!

Só o FBI salva. Não está garantida a vitória imediata. Mas não há mais volta para o modelo de controle e espoliação do futebol, aqui e mundo afora (vide afastamento de Blatter e até de Platini) pelos que se serviram do jogo não como um grande negócio, que é. A turma queria mesmo era encher os bolsos de propina de países, de empresas de marketing esportivo, de quem queria os direitos e vantagens a qualquer custo. Passaram o Tio Sam para trás na eleição para sede da Copa e eles botaram o FBI em cima, para limpar o jogo que eles querem dominar!

Eleições Flamengo - Eduardo Bandeira de Melo (foto:Wagner Meier/LANCE!Press)
Eduardo Bandeira de Melo é eleito (foto:Wagner Meier/LANCE!Press)

E o Fla? Ao assegurar a reeleição de Eduardo Bandeira de Mello na segunda passada, os rubro-negros mostraram que estão antenados com os novos tempos. Depositaram suas fichas na certeza de que para manter o Flamengo no papel de liderança que sempre exerceu no nosso fut, dentro e fora dos gramados, é preciso antes manter a casa em ordem. Dar continuidade ao trabalho profissional e sólido que iniciou-se há três anos.

Este é o único caminho para o clube que se chama de nação voltar a ser forte nos campos.

Mas há muitos erros a serem corrigidos. Os três anos do futebol na gestão atual foram coisa de amador. Sem cair na tentação da gastança aventureira de outros tempos, é preciso acertar mais no futebol. A contratação de Muricy Ramalho – não só pelo nome, mais ainda pelas condições que se colocam: gestão integrada das categorias de base e carta branca para montar o time, dentro dos parâmetros orçamentários – é um bom início!

A bola está quicando... O Flamengo democratizou-se com as eleições diretas para presidente. O Flamengo foi o primeiro hexacampeão brasileiro e é o maior campeão do Rio. O Flamengo foi o primeiro a garantir no estatuto a punição dos dirigentes que praticarem gestão temerária, isto por iniciativa de Bandeira. Não é pouca coisa. Mas o Flamengo que sai das urnas tem tudo para ser ainda maior. Neste momento de transição do país e do futebol, espera-se que Eduardo Bandeira e sua diretoria não fiquem em cima do muro. É preciso a coragem e noção de grandeza que fizeram o ex-presidente Márcio Braga fundar o Clube dos 13 (que nasceu certo, mas viveu e morreu muito errado) e de enfrentar a CBF/Fifa, ameaçando reclamar na Corte Internacional de Haia, o que obrigou a Fifa mandar a CBF se entender com o clube. Não se pode cobrar de clubes menores dar a cara a tapa e se arriscar a retaliações. São os maiores, como Fla e Corinthians principalmente, dado que possuem as maiores torcidas e recebem mais dinheiro que os outros, de quem se deve cobrar estar na dianteira de uma reação. Enquanto a sociedade civil se une aos atletas e outros do esporte, só se percebe até agora a tibieza dos maiores clubes do país. Justamente aqueles que podem se rebelar contra a tentativa da sucessão viciada na CBF. A história do novo futbr está sendo escrita neste momento e precisa de uma liderança sólida no rumo da mudança de método e de pessoas. Exige que Bandeira esteja à altura do Mengo!

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