Wenger confessa que seu ‘maior erro’ foi ter ficado 22 anos no Arsenal

Em entrevista, o ex-treinador dos Gunners disse 'prisioneiro de seus próprios desafios', falou sobre os novos desafios e técnicos, arrependimentos e sua paixão por Bob Marley

Wenger - Arsenal
Wenger virou um dos maiores símbolos da história do Arsenal (Foto: Ben Stansall / AFP)

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O ex-técnico do Arsenal, o francês Arsene Wenger deu uma longa, sincera e aberta entrevista ao canal inglês 'RTL' e falou sobre diversos assuntos, tais como os erros e acertos que teve nos 22 anos no comando do clube londrino, do que ele se arrepende e sobre futuros técnicos e novos desafios, além de revelar uma paixão pela música de Bob Marley. O maior erro de sua carreira? Ter ficado tanto tempo no Arsenal.

- Talvez ter ficado no mesmo clube por 22 anos (ter sido seu maior erro). Eu sou uma pessoa que gosto de transitar bastante, mas também gosto de desafios. Eu fui um prisioneiro dos meus próprios desafios - disse Wenger

A extensa carreira no clube londrino foi pauta de boa parte da entrevista. Com tantos anos de trabalho em sequência no mesmo clube é natural que surjam alguns arrependimentos durante o percurso. Não dar total atenção a família e amigos em detrimento do trabalho foi um deles para Arsene Wenger.

- Eu me arrependo de ter sacrificado tudo, porque eu percebi que eu estava machucando muitas pessoas ao meu redor. Eu negligenciei muitas pessoas. Eu negligenciei minha família e muitos amigos próximos - lamenta o técnico

O técnico se esquivou de dizer se tem algum clube interessado em sua contratação, mas não deixou de dizer como está encarando as possibilidades que o futuro tem para oferecer. Apesar de tanto tempo como treinador, Wenger ainda tem dúvidas se deve continuar exercendo o cargo.

- Eu devo continuar fazendo o que eu estava fazendo ou devo pegar todo esse conhecimento acumulado durante esses anos e usar em um caminho diferente? Essa é uma questão que eu preciso responder nos próximos meses - reflete Wenger

Sobre a nova geração de técnicos, o treinador se limitou a dizer sobre dois ex-comandados em seu tempo de Arsenal: os também franceses Thierry Henry e Patrick Viera. O volante é o atual treinador do Nice e Henry integrou a delegação da Bélgica na última Copa do Mundo e, recentemente, recusou a possibilidade de trabalhar como comentarista para focar na sua carreira de treinador.

- Frequentemente me perguntam se Thierry Henry e Patrick Viera vão ser bons técnicos e a minha resposta é sempre 'sim'. Eles tem todas as qualidades: são inteligentes, entendem de futebol, tem grandes habilidades... Mas será que eles querem sacrificar o que tem que ser sacrificado? É uma obsessão que fica na sua cabeça dia e noite - analisa o técnico

Por fim, Wenger fez uma curiosa revelação e admitiu que tem uma admiração pela música e pela pessoa do cantor jamaicano Bob Marley, de quem lamentou ter falecido tão cedo, com apenas 34 anos.

- Eu amo Bob Marley. Ele é pura clássica, de um jeito descolado. É muito triste o fato que ele tenha morrido com apenas 35 anos. Ele amava esportes, música... Para mim, a Jamaica me lembra isso. Esportes e música vão muito bem juntos - finalizou o treinador

Confira outros trechos da entrevista de Wenger

Se não estivesse no futebol...
- Eu estaria em algum outro campo competitivo. Eu adoro competição. Existem dois tipos de pessoas competitivas. Os que odeiam perder e os que amam vencer. Nós somos, de alguma forma, a mistura dos dois e eu acho que eu odeio perder mais do que amo ganhar.

Sobre revolucionar o futebol inglês
- As pessoas amam futebol. Aos 13, 14 anos as crianças começam a jogar e amar o esporte. Quando começa a virar um trabalho, passa a ser mais uma obrigação do que uma paixão. Você 'tem que' treinar, 'tem que' vencer, 'tem que' marcar gols. Em algum ponto fica menos divertido. Eu sempre tentei desenvolver uma filosofia em torno do desejo de jogar futebol. Em cultivar essa paixão.

O fardo do treinador
- Todas as pessoas que eu fiz sofrer. No meu trabalho, nós estamos constantemente tomando decisões que punem algumas pessoas, enquanto fazem outros felizes. Quando você trabalho com um elenco de 25 pessoas, você basicamente deixa 14 desempregadas todo sábado ou terça

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