Único brasileiro na elite do futebol chileno conta sua trajetória

Sergio Santos, atacante do Audax Italiano, jamais jogou profissionalmente no Brasil e quase largou o esporte quando atuava no amador em Minas Gerais

Sérgio Sandro em ação pelo Audax Italiano
Sergio Santos em ação pelo Audax Italiano (Divulgação/Audax Italiano)

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O chão tremeu em Santiago. Não, não se tratava de outro terremoto na capital chilena. Era a dança de um brasileiro ao som de Tchakabum em um karaokê da cidade. Sergio Santos tem 21 anos e está há dois no Chile, mais precisamente no Audax Italiano, clube da primeira divisão do país.  

Pouco conhecido por aqui e único representante brasileiro na divisão principal chilena, que tem 101 estrangeiros (com 71 argentinos, 11 uruguaios e nove paraguaios), Sergi, como é chamado pelos companheiros, nunca disputou uma partida oficial em terras brasileiras. Por pouco não largou o futebol por falta de oportunidades.

- Quando eu era amador, pensei em largar o futebol e arrumar emprego. Ia jogar só por diversão e ajudar um amigo a fazer gesso. Mas tudo mudou ao conhecer o chileno Guillermo Mancilla, amigo de um ex-técnico.


- Eu jogava no Santa Cruz, time amador de Belo Horizonte, e meu treinador conhecia o Guillermo, que me levou para fazer testes no Palestino e no Magallanes, ambos do Chile.

Porém, Sergi não tinha lugar para ficar, pois as equipes não queriam pagar pela estadia dele. Então ele foi assistir à partida do Audax Italiano com outros brasileiros que buscavam o mesmo objetivo. Lá, foi convidado para testes. Agradou, mas ainda queriam ver o talento do jovem em um amistoso.

- Fiz três gols em 20 minutos em um amistoso contra o Palestino. Mas eu passei mal por causa do calor e não tinha tomado café da manhã, tive de sair de campo, mas fui contratado.


Ao chegar, Sergi não sabia nada sobre o país, mas garante que se adaptou facilmente ao estilo de vida dos chilenos ao espanhol, algo que ficou claro na entrevista ao LANCE!, já que diversas vezes o jogador se confundia e falava em espanhol.

- Não conhecida nada sobre o Chile, só me ligava na Europa, brasileiro sonha com isso, nunca pensa em jogar em outro país da América do Sul. Eu me acostumei rápido com a língua e com a alimentação, como melhor no Chile do que no Brasil.

Rápido e forte, Sergi começou a carreira como lateral, mas no Chile sempre foi atacante. Ele evita comparações com outros jogadores, mas admira dois grandes craques campeões do mundo em 2002.

- Gostava de ver Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, atualmente admiro o Neymar. Sou veloz e tenho habilidade, mas não tenho tanta confiança ainda porque sou novo na equipe.

"Eles acham que todo brasileiro dança, aí estávamos no karaokê e fui obrigado a cantar. Eles acharam a música Olha a Onda, do Tchakabum"


Apesar da timidez dentro de campo, o brasileiro já está adaptado ao país e fez amizade com os companheiros de clube. Ele vive em uma pensão com dois chilenos da base do Audax, que o lembram constantemente de momentos ruins da Seleção Brasileira.

- Disse que eles só ganharam a Copa América porque não jogaram contra o Brasil. Aí veio a estreia nas eliminatórias e perdemos (2 a 0). Sem contar o 7 a 1. Eles brincam, 'fui ali no banheiro e tinha mais um gol da Alemanha', faz parte.

Outra brincadeira é quando o assunto é o Brasil. Popularmente conhecido por ser do país do carnaval e do samba, Sergi teve que mostrar aos amigos o gingado do povo brasileiro e fez o chão tremer.

- Eles acham que todo brasileiro dança, aí estávamos no karaokê e fui obrigado a cantar. Eles acharam a música Olha a Onda, do Tchakabum.

No entanto, ele já passou por alguns sustos no país. Foram dois terremotos, sendo um deles em uma festa no estádio do clube ao lado de colegas de equipe.

- Me assustei, mas até que gostei do terremoto, o estádio tremeu e fiquei um pouco assustado. Só fiquei parado.

Feliz no país andino, Sergi não descarta uma carreira internacional no país, mas ainda acha cedo falar sobre escolher uma nova pátria. Com apenas alguns jogos nos profissionais, viu o Audax terminar o Apertura em quinto lugar, o Colo Colo foi campeão, e por pouco não classificar-se para a Copa Sul-Americana.

- Estou contente no Chile, não vejo nenhum problema jogar pela seleção daqui. Meu objetivo é ser campeão, chamar a atenção e ir para fora, na Europa.

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