Anderson Lopes detona alistamento na Coreia: ‘Sou totalmente contra’

Ex-atacante do Avaí e Atlético-PR fala com o L! sobre alistamento e sua adaptação na Ásia

Com gol em arqueiro da seleção coreana e mais uma assistência, Anderson Lopes vive grande fase com a camisa do FC Seoul: “Cada vez mais confiante
Divulgação/FC Seoul

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Anderson Lopes é mais um dos jogadores brasileiros que deixam o país relativamente cedo para se aventurar em outros continentes. No caso do atacante revelado pelo Avaí, ele foi para a Ásia: no primeiro momento, Sanfrecce Hiroshima, do Japão, e posteriormente o FC Seoul, da Coreia do Sul, seu atual clube, em que já marcou quatro gols e deu quatro assistências.

Após um bom desempenho no Avaí em 2015, Anderson Lopes chamou a atenção do Atlético-PR no ano seguinte. Na Arena da Baixada, porém, não conseguiu repetir as atuações que havia apresentado em Santa Catarina e, não sendo muito aproveitado, fechou um vínculo com o Sanfrecce Hiroshima, clube da J-League, o campeonato nacional do Japão.

O LANCE! bateu um papo com o jogador, envolvendo sua adaptação, diferenças entre os dois países asiáticos e o Brasil, além da questão envolvendo o alistamento militar obrigatório para cidadãos coreanos. Confira na íntegra a entrevista:

Na sua opinião, qual foi seu melhor momento no Brasil?
- Meu melhor momento no país acredito que tenha sido em 2015, que foi quando me firmei como profissional no Avaí e foi o melhor ano da minha carreira até aqui.

O que pesou para você ir jogar em um continente com cultura tão diferente?
- Quando eu recebi a proposta do Japão, fiquei feliz porque ouvi muitas coisas boas sobre o país e ainda mais que fui muito bem recebido aqui. Acredito que não pesou nada, foi muito bom ter saído do Brasil e ir para um lugar tão maravilhoso como é o Japão.

Você teve dificuldades de se adaptar no começo? Se sim, quais?
- Tive dificuldades sim, principalmente no início. Acho que todo estrangeiro que chega em um continente tão diferente tem dificuldades, né. E tive muita dificuldade com a língua, com a comida, mas isso com o tempo a gente se acostuma e vai se sentindo em casa.

Qual a principal diferença entre o futebol brasileiro e o asiático?
- São bastantes diferentes. No Japão, por exemplo, os jogadores tem um pouco mais de técnica, não que eles sejam melhores que os atletas brasileiros, mas eles tocam mais a bola, é um jogo mais tranquilo de jogar. Na Coreia já muda, eles já não têm tanta técnica, mas têm muita força, muito esforço físico. Essas diferenças são bastantes complicadas para quem chega logo de cara com o futebol asiático, mas com o tempo você se acostuma e vai entrando no ritmo.

A presença de muitos brasileiros no continente ajudou em alguma forma em relação à sua adaptação?
- Sem dúvida ajuda bastante. Quando você chega em um clube e você vê que tem um brasileiro, que pode conversar, pode bater aquela resenha, ajuda bastante. Quando cheguei no Japão não havia nenhum brasileiro, e isso foi bem difícil, mas um tempo depois chegaram o Felipe e o Patric, mas agora no Seoul tem o Evandro e tudo ficou mais fácil.

O tempo que você passou no Japão o ajudou para jogar e ter um bom desempenho na Coreia do Sul?
- Eu acho que não ajudou muito, porque é totalmente diferente. No início, eu achava que seria a mesma coisa e que até seria mais fácil, pelo fato de muitas pessoas falarem que os coreanos não possuem muita técnica. Mas não, eles (coreanos) são mais fortes, mais rápidos e batem para caramba (risos). Então acho que não ajudou muito não.

Algo que ficou conhecido pelo mundo nos últimos meses é a rígida questão militar na Coreia, principalmente com o caso do Son, do Tottenham. Apesar de ser brasileiro, você consegue enxergar se esse fator realmente é forte dentro do futebol?
- Isso é uma das coisas que eu fiquei mais impressionado quando cheguei aqui na Coreia. É um dos fatores que, sem dúvida nenhuma, eu não concordo com isso. Você ser obrigado a servir é totalmente errado, você atrapalha completamente a carreira do jogador. Então, eu sou totalmente contra, acho que cada um serve se quiser servir. Se não quiser servir, não serve. Sou totalmente contra.

Na Copa do Mundo, foi possível ver a Coreia, apesar de ter sido eliminada na fase de grupos, muito organizada e com qualidade. Você consegue notar essa evolução no futebol local? O que você destaca nessa nova geração sul-coreana?
- Nessa Copa do Mundo temos que dar os parabéns aos jogadores coreanos. Inclusive ao Yo-Han, que é nosso capitão aqui no Seoul, que o único jogo que ele entrou, o time ganhou, e dei até os parabéns aqui para ele. O futebol coreano está evoluindo, se não me engano na Copa anterior eles fizeram um ponto, e agora conseguiram eliminar a Alemanha, então temos que dar os parabéns e que o futebol aqui está evoluindo ano após ano.

Vivendo seu melhor momento na Ásia, você pretende voltar ao Brasil no futuro?
- Eu vivi um momento muito bom ano passado, mas espero que esse ano seja muito melhor que o anterior. Estou trabalhando muito para que isso aconteça, tenho meus objetivos e espero alcançá-los. Sobre o meu futuro isso só pertence a Deus, me adaptei bem ao futebol japonês, estou me adaptando bem no futebol coreano e espero ficar pela Ásia ou pela Europa. Nem eu nem minha família pensamos em voltar ao Brasil no momento, já que eu e minha família estamos bem aqui.

*Sob supervisão do editor Leonardo Martins

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