Juninho Pernambucano critica Neymar no PSG; Leonardo rebate: ‘Fale de seu clube’

Diretor do Lyon e ídolo do clube francês detona cultura ensinada aos atletas brasileiros de privilegiarem dinheiro. Craque do Paris Saint-Germain foi usado de exemplo

Juninho Pernambucano - Lyon
Ídolo do Vasco e do Lyon, Juninho, em entrevista, falou de racismo no Brasil  (Foto: Reprodução / Twitter)

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Ídolo do Lyon (FRA) e diretor esportivo do Lyon, o ex-meio-campista brasileiro Juninho Pernambucano fez uma análise ampla sobre as escolhas dos jogadores criados no Brasil, e citou o atacante Neymar em entrevista ao jornal inglês "Guardian". Ao discutir sobre a cultura do atleta brasileiro, o ídolo do Vasco afirmou que o craque do Paris Saint-Germain é o retrato de uma sociedade, segundo ele, gananciosa.

- No Brasil, somos ensinados a cuidar apenas de dinheiro, mas na Europa eles têm uma mentalidade diferente. Inconscientemente, fiz um plano de carreira porque queria ir para outro grande clube do Brasil, e não apenas jogar por esporte. Fui ensinado a procurar quem me pagaria mais. Esse é o jeito brasileiro - disse ele, que ainda complementou com o exemplo:

- Olhe para Neymar. Ele se mudou para o PSG apenas por causa de dinheiro. O PSG deu tudo a ele, tudo o que ele queria e agora ele quer sair antes do fim do contrato. Mas agora é a hora de retribuir, de demonstrar gratidão. É uma troca, você vê. Neymar precisa dar tudo o que pode em campo, para mostrar total dedicação, responsabilidade e liderança.

Para Juninho, o problema existente no país é a cultura "gananciosa" que é aprendido. No entanto, Juninho avalia que possui a habilidade de separar "pessoa" e "jogador". No caso de Neymar, Juninho considera o camisa 10 da Seleção Brasileira poderia fazer mais para crescer como ser humano, e não o julga porque "foi isso o que ele aprendeu".

- Preciso diferenciar Neymar como jogador e Neymar como pessoa. Como jogador, ele está entre os três primeiros do mundo, no mesmo nível de Cristiano Ronaldo e Leo Messi. Ele é rápido, forte, pode fazer gols e dar assistências como um verdadeiro número 10 - argumentou em entrevista, antes de ponderar:

- Mas, como pessoa, acho que ele é culpado porque precisa se questionar e crescer. No momento, porém, ele está apenas fazendo o que a vida lhe ensinou a fazer - encerrou.

CUIDA DO SEU! LEONARDO REBATE

Em defesa do craque, o dirigente-esportivo do PSG e tetracampeão do mundo pela Seleção, Leonardo rebateu as declarações e pediu que os mandatários do clube de Lyon parem de falar sobre o adversário de Paris. As frases atingiram até o presidente do Lyon, Jean Michel-Aulas.

- Eu não entendo por que fala tanto sobre o PSG. E Juninho, agora, fala sobre Paris e Neymar. Seria melhor falar sobre o clube deles. O PSG não está comentando a situação do Lyon, assim como o Lyon não deveria falar sobre nossos jogadores e nosso clube - afirmou Leonardo, em declarações à rádio "RMC Sport".

RACISMO E MOVIMENTOS SOCIAIS

Engajado socialmente, o ex-atleta não esconde suas opiniões fora dos gramados. Ainda na entrevista, Juninho falou sobre os movimentos antirracistas que envolvem jogadores, e citou os exemplos negativos para o Brasil:  João Pedro, jovem de 14 anos, e Ágatha Félix, de oito, mortos pela polícia.

- É um racismo claro, uma confirmação do tipo de política violenta que temos no país no momento. Como foi possível uma criança de oito anos ser baleada pela polícia como aconteceu no ano passado no Complexo do Alemão? Como é possível viver depois disso? Inacreditável - afirmou ele, que seguiu:

- Olhe para George Floyd. Ele não conseguia respirar. Ele é um ser humano. Não consigo imaginar como a polícia pode fazer isso. É racismo e muito, muito triste. Há milhares de George Floyds no Brasil e milhares de outros que sofreram em silêncio que não conhecemos.

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