Rogério Ceni cita “vitória simbólica” do Flamengo e defende Gerson em caso de racismo: ‘Nível muito baixo’

Treinador também comentou sobre a expulsão precoce de Gabigol, aos nove minutos de jogo contra o Bahia, neste domingo, no Maracanã

Flamengo x Bahia
Rogério Ceni observa a partida no Maracanã (Foto: Alexandre Vidal / Flamengo)

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Após a vitória do Flamengo por 4 a 3 sobre o Bahia, neste domingo, Rogério Ceni concedeu entrevista coletiva no Maracanã e celebrou os três pontos conquistados mesmo com tantas adversidades. Para o treinador, o triunfo de virada e com um jogador a menos pode se tornar um símbolo da campanha do clube no Campeonato Brasileiro.

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- É incrível que o jogo tem 90 minutos e nós jogamos mais de 90 minutos com um jogador a menos. Foi um jogo histórico. Você faz um gol com um a menos, tá ganhando de 2 a 0 e toma a virada de 3 a 2. O time teve força mental e as substituições também trouxeram a vitória para o Flamengo e o mantiveram vivo no Campeonato Brasileiro. É uma vitória extremante simbólica da maneira que aconteceu. Tem um valor para a gente.

Outro tema tratado na coletiva foi a injúria racial sofrida por Gerson durante a partida deste domingo. Em entrevista após o jogo, o meia relatou que Índio Ramirez, do Bahia, havia o chamado de "negro". Sobre o assunto, Rogério Ceni defendeu o atleta rubro-negro e fez críticas ao ocorrido.

- Conversei com o Gerson, ouvi da parte dele sobre o que o Ramírez falou. É lamentável. O Brasil é um país que recebe e acolhe muito bem as pessoas, o sul-americano no futebol. Pelo que o Gerson relatou, ele falar "cala a boca, negro", é pesado demais para alguém que foi bem recebido no mercado de trabalho no Brasil. O racismo não está só nisso. É lamentável o que aconteceu. O futebol é entretenimento, o Flamengo tem uma torcida gigantesca, e o respeito vai além. Atacar um ser humano como o Gerson relatou é de um nível muito baixo.

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O técnico também comentou sobre a expulsão precoce de Gabriel Barbosa. O atacante foi expulso após supostamente xingar o árbitro logo aos nove minutos de jogo. Rogério Ceni confessou não ter visto o momento ao vivo, mas disse não ter entendido a decisão de Flavio Rodrigues de Souza.

- Honestamente, não vi nada. Vi o Gabriel no chão e o árbitro puxando o cartão. No intervalo, precisei falar com o time sobre o que devíamos fazer. Vou conversar com ele na terça-feira, mas ele me disse: "Eu não xinguei o árbitro". Acho muito estranha a expulsão do Gabriel, sentado no chão do campo de jogo. Pode ser por ter perdido a bola, mas ter a certeza de que foi direcionado para ele? Aos nove minutos? Mas acho que você joga uma pressão trazer um árbitro de São Paulo sendo que seu principal concorrente é um time paulista. Não seria um bom senso colocar um árbitro de outro estado, um bom árbitro? São coisas que devem ser pensadas.

Confira outros trechos da entrevista de Rogério Ceni:

MAIS SOBRE GERSON
O Gerson é genial. Para mim, é o melhor segundo volante com sobras no Brasil. Além de ser uma pessoa importante, com astral, bom humor, e que carrega o time para o ataque... Eu admiro o Flamengo ter um jogador como ele no Brasil. Espero que ele fique pelo menos o tempo que eu estiver aqui. É um jogador muito acima da curva, tem a leitura do jogo que pouca gente eu vi em 30 anos de futebol. É top! Jogador de seleção.

ATUAÇÃO DE BRUNO HENRIQUE
​É um cara que se automotiva, é acima da média, é responsável pela nossa velocidade. Jogamos com meias por fora que dão ritmo e ele dá a velocidade. Com dez jogadores, jogamos em cima do facão dele para sobreviver e ele nos manteve vivo no jogo.

IMPORTÂNCIA DA VIRADA
Parabenizo os jogadores por manterem a cabeça no lugar após o 3 a 2. Sofremos um gol de bola parada, coisa que eu não gosto e treinamos bastante. Neste momento, muita gente dá o jogo como perdido. Quem entrou, ajudou bastante, se dedicou muito. Talvez pudesse ter colocado o Diego um pouco mais cedo. Coloquei o Vitinho para dar velocidade e explosão, como no lance do gol. Contra o Racing, fizemos substituições parecidas, empatemos o jogo com um a menos, mas os pênaltis deram outra conotação. Hoje, fizemos a mesma coisa e conseguimos a vitória. Outra coisa, o respeito de um capitão como o Ribeiro por sair e cumprimentar seu treinador e companheiros, mostra o caráter de quem temos aqui.

COMPORTAMENTO DE MANO MENEZES
Ao longo do jogo, quem sou eu para avaliar? Cada um se comporta da maneira que lhe cabe. Com relação ao Gérson, acho prematuro tecer uma crítica ou zombar, qualquer coisa, antes de apurar os fatos. Eu não consigo ver de longe, mas, pelo relato do atleta, acho um pouco complicado. É o que tenho para falar. E lamento muito pelo Gérson. Pelo acontecimento em si e por conhecer quem ele é todos os dias.

VITINHO COMO HERÓI
Todos os lugares que trabalhei há aqueles mais criticados e cobrados. O torcedor sempre tem a razão, quer o resultado imediato. Se a bola do Vitinho contra o Racing tivesse entrado, poderia ter mudado. Não quero mudar a cabeça do torcedor, a avaliação. Longe disso. Cada torcedor é um treinador, gosta mais de um, de outro, respeita... Mas eu trabalho com esses caras todos os dias e sei o quanto empenham. E fiquei muito feliz. E precisava ser ele ou o Bruno Henrique ali pela velocidade para chegar na bola.

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