Confronto com o Emelec mudou a percepção de Jorge Jesus sobre a Libertadores: ‘Foco número um’

Em entrevista ao site da Conmebol, o técnico português fala sobre a adaptação ao futebol brasileiro, reforça profissionalismo do elenco e projeta futuro de Gabriel Barbosa na Europa

Flamengo x Emelec
Jogos contra o Emelec fizeram Jorge Jesus mudar de ideia sobre a Copa (Foto: Celso Pupo/Fotoarena/Lancepress!)

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O envolvimento do Flamengo como um todo - torcida, jogadores, direção... - para o confronto com o Emelec, pelas oitavas de final da Libertadores, foi suficientes para Jorge Jesus mudar sua percepção sobre o a Copa. Em entrevista ao site da Conmebol, o técnico português revelou que, ao chegar ao clube em junho, entendia o Campeonato Brasileiro como o mais importante, mas precisou "mudar de ideia" após a classificação diante do rival equatoriano.

- Depois de chegar aqui eu entendi (a obsessão pela Libertadores). Antes, não entendia. Achava que para eles o mais importante era o campeonato (Brasileiro). Porque na Europa, como disse, na minha formação, o principal é ser campeão do seu país. Aqui, não. Aqui é a Libertadores. Agora, depois dessa eliminatória (com o Emelec) é que percebi isso. Nós europeus tratamos o campeonato nacional em primeiro lugar. Depois vem a Champions (League).

'(A classificação) vai me fazer mudar muita coisa. Meu pensamento era o contrário. A Libertadores era muito importante, mas não era o foco número um. Já vi que é o foco número um, e tenho de pensar bem nisso', diz o treinador português.

Contratado pelo Flamengo em junho, Jorge Jesus faz seu primeiro trabalho no futebol sul-americano. Além das várias passagens por clubes de Portugal - como nos gigantes Sporting e Benfica, por exemplo -, o treinador já havia trabalhado apenas no Al Hilal, da Arábia Saudita, na temporada 2018/19. Há pouco mais de um mês e meio no Rio de Janeiro, o treinador disse que ainda não pôde conhecer muito da cidade, resumindo sua rotina, por ora, em ir de casa para o trabalho, e do trabalho para casa.

- Meu tempo é de casa para o Flamengo, do Flamengo para casa. Janto fora, nunca almoço fora, almoço na academia. Mesmo fora do Brasil, quando estava em Portugal, o meu trabalho é exatamente esse: entrar cedo no local de trabalho e sair de tarde para ter tempo de organizar toda estrutura que não é só quando você chega ao treino. Eu quero ter todo o envolvimento, estar atento a tudo, estruturar tudo de quem trabalha comigo - comentou.

Na entrevista ao site da Conmebol, Jorge Jesus reforçou o profissionalismo do elenco do Flamengo e rasgou elogios ao meia Arrascaeta e ao atacante Gabigol.

Na visão do treinador, o camisa 9 não deve permanecer no Flamengo - ou no futebol brasileiro - por muito tempo, projetando uma carreira de sucesso nos grandes clubes da Europa, por conta da qualidade e características do jogador.

- Agora o conhecendo, ele é melhor do que eu pensava. Tem aprendido muito. O Gabigol tem umas características de jogador e é um jovem. O Gabigol não vai ficar muito tempo no Flamengo, acho que não vai ficar. Se continuar a jogar nesse nível, futuramente um daqueles clubes na Europa que têm muito dinheiro vai contratar. Ele é um jogador que é muito inteligente, sabe os momentos certos para a procura do espaço para finalização - afirmou  Jesus.

Confira outras respostas de Jorge Jesus ao site da Conmebol:

Adaptação ao Rio de Janeiro
​Não, não sou carioca da gema. Para ser um carioca da gema tem de conhecer melhor o Brasil. Estou há um mês e meio no Brasil, tenho alguns amigos cariocas e tudo isso tem facilitado a minha adaptação. Como também ter vindo para um clube que tem uma estrutura muito boa, praticamente não me falta nada, eu também estava habituado a estruturas fortes. Tudo está indo de pouco em pouco, semanas a semanas, de forma que fico com mais segurança por todos os pormenores que envolvem tudo e principalmente o Flamengo.

Decisão de ser treinador
Eu, quando jogava, já me preocupava muito com o que uma equipe fazia, o que eu poderia fazer, já pensava muito no futuro, como técnico. Começo a ser treinador com uma situação muito curiosa. No meu fim de carreira, a equipe por qual eu jogava, da terceira divisão, aos 36 anos, jogava contra o Amora. Quando acabou o jogo, o presidente do Amora veio falar comigo e me perguntou se eu queria ser treinador. Treinador? Sou jogador, como quer que eu seja treinador? Ele disse: "Eu estava no banco e percebi que o treinador era você, pelo que você falava com os jogadores". Assim, aceito o convite e começo a ser treinador.

Busca pelo capitão ideal no Flamengo
Ainda não tenho, mas normalmente em minhas equipes eu tenho... Normalmente é o capitão, que é a cara da minha equipe, que transmite aos jogadores a ideia do que tem de ser, a do treinador, estou habituado a ter capitães muito fortes, do ponto de vista de liderança do grupo. Às vezes tem capitão da equipe que é jogar a moeda para o alto e escolher o campo onde joga. Isso para mim não é capitão. Para mim exige muita coisa, e ainda não encontrei esse jogador que possa fazer isso dentro de campo. O Diego era um jogador que pensei que poderia fazer, jogador de personalidade muito grande, um líder, um bom profissional, esteve na Europa, conhece uma mentalidade de trabalho um pouco diferente, era para ele que eu estava apontando as minhas baterias. Mas, infelizmente, com a lesão dele, tenho de procurar outro.

A "Cartilha de Jesus"
Nós criamos um regulamento. Para mim é igual, não é só para eles. Eu também não posso usar o celular na refeição, não posso chegar tarde, pago multas dobradas em relação a eles. Porque tu estás numa concentração, jantando, almoçando, naquela hora não precisa do celular ali. Sinais, acho que isso é o mínimo. Não faço também sem ter uma opinião deles, como é óbvio. Quando estamos à mesa, é sagrada. Foi sempre aquilo que meus pais deixaram muito claro, seja no centro de treinamento, seja na tua casa, seja na minha. Não tem chapéu na cabeça. Quando estão em casa respeitam o que é uma mesa, aqui também têm de respeitar.

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