Luiz Gomes: ‘Problema de Tiago Nunes não foi só técnico, mas um desvio de personalidade’

'Além das questões técnicas, dos resultados que não vieram, há um outro fator nessa história: não é de hoje que a personalidade e as práticas de Tiago Nunes são questionadas'

Tiago Nunes - Corinthians x Palmeiras
Tiago Nunes não resistiu no Corinthians após derrota no Dérbi (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

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A situação do Corinthians era explosiva. O dois a zero para o Palmeiras, na quinta-feira, acirrou ainda mais os ânimos da Fiel e aumentou os conflitos internos de um grupo que já vinha cada vez mais dividido no apoio a Tiago Nunes. Por mais que a diretoria ainda tentasse manter o discurso de que mesmo com a derrota o treinador continuaria, sua saída era inevitável.

Mas, além das questões técnicas, dos resultados que não vieram, há um outro fator nessa história: não é de hoje que a personalidade e as práticas de Tiago Nunes são questionadas.


No Athletico, a relutância do treinador em assumir responsabilidades nos momentos de dificuldades e sob qualquer tipo de pressão, sempre incomodou alguns jogadores, líderes do elenco, e integrantes da diretoria paranaense. Os bons resultados do time em campo, com a conquista da Copa Sul-Americana de 2018 e da Copa do Brasil do ano passado amenizaram o clima, abafaram insatisfações e deixaram as atitudes do técnico em um segundo plano.

A fúria com que o sempre esquentado Mario Celso Petraglia, o todo poderoso chefão do Furacão, reagiu à atabalhoada saída de Tiago Nunes para o Corinthians, no final do ano passado, foi uma espécie de erupção de um vulcão que há algum tempo já prometia soltar suas lavas.

A insatisfação do elenco corintiano – que acabou tornando-se determinante para a dispensa do treinador -, não foi, portanto, nada de surpreendente. A desastrada entrevista após a derrota para o Palmeiras na quinta-feira, em que Tiago criticou os atacantes, reclamou que seus jogadores perderam todas as disputas homem a homem, e ainda crucificou Fagner pelo lance de mão na bola que levou a sua expulsão e ao pênalti que originou o primeiro gol palmeirense foi na verdade apenas a gota d'água.

Por mais que estivesse certo em boa parte do que falou – é injustificável um jogador do nível de Fagner e com a experiência que ele tem, fazer o que ele fez – Tiago Nunes não agiu como um comandante. Transferiu responsabilidades que deveria assumir, que devem ser do treinador nos erros e nos acertos. Lavou em público uma roupa que deveria ter sido lavada em casa.

Essa, aliás, é a forma pela qual Tiago sempre procurou se impor, e que mais cedo ou mais tarde azedaria as relações também no Athletico, na primeira sequência de maus resultados. Ele nunca se sentiu confortável em receber questionamentos. Por insegurança ou por um desvio autoritário de personalidade, nunca soube conviver com quem pudesse lhe fazer sombra. Vale lembrar que uma de suas primeiras medidas no Corinthians foi livra-se, de maneira até desrespeitosa, de Jadson e Ralf, líderes do elenco, remanescentes das conquistas recentes do Timão e que poderiam – ao menos na cabeça dele – ameaçar seu poder.

Foi ali que começou a cavar sua cova.

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