Ao L!, Rhuan fala sobre superação, família e história: ‘O Botafogo é tudo’

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, atacante revela importância do avô para o seguimento da carreira, felicidade com o primeiro gol como profissional e expectativa por 2020

Botafogo x Corinthians - Rhuan
(Foto: Vítor Silva/Botafogo)

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Uma volta ao tempo: com a saída de Erik, o Botafogo convive com consecutivos problemas no ataque e, com o caixa apertado, não possui caixa para contratar um jogador para a posição. A opção é apostar em Rhuan, de 19 anos, que vinha sendo um dos destaques da equipe sub-20, e o resultado não poderia ser diferente: o atacante ajudou o Alvinegro a se livrar da zona de rebaixamento na reta final do Brasileirão.

Agora, Rhuan, já consolidado na equipe profissional, vive a primeira pré-temporada da carreira, estando com o restante do elenco do Botafogo no hotel-fazenda China Park, em Domingos Martins, região serrana do Espírito Santo. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o atacante comentou sobre estes acontecimentos em sua carreira.

- Está sendo importante para mim. É especial a primeira pré-temporada, acho que é uma preparação firme, a gente chega mais completo para o início do ano. Está sendo bem proveitoso para o grupo todo e acho que vai ser bom para o decorrer da temporada - afirmou.

- Mudou pouca coisa, para falar a verdade. Desde a base eu trabalho muito para chegar onde estou. Quero buscar mais ainda. O fim do ano passado foi bem importante para mim, ganhei um pouco de sequência, deu para mostrar um pouco do meu futebol e vai ser importante para começar esse ano com certo de destaque - completou.

Rhuan busca aproveitar essa parte da temporada com unhas e dentes. Ainda jovem, o atacante terminou a temporada passada como titular, mas não se deslumbra por isto. Sabe que os atletas estão em posição de igualdade e busca tirar o que de melhor a preparação pode passar para tentar repetir a dosagem e se garantir novamente no onze inicial.

- Estão sendo bons, estamos ganhando bem fisicamente. Esse início é mais físico do tático e técnico, mas, passando o tempo, vamos ficar cada vez mais fortes e vai complementar na parte dentro de campo do Valentim. Os treinos dele são sempre intensos, é o forte das atividades dele, ele sempre cobra muita intensidade. Todo jogador gosta desse tipo de jogo. Para mim fica marcada essa parte - analisou sobre os dias de pré-temporada.

Relação antiga com o Botafogo
Provavelmente, Rhuan passou mais tempo da vida em dependências que envolvem o Botafogo do que na sua própria casa. No clube desde os dez anos, o atacante, prestes a completar uma década de Glorioso, conta como chegou para defender as cores preta e branca e afirma que desenvolveu um carinho ímpar pela instituição.

- Cheguei no clube com 10 anos através do Maurício (Souza), que hoje está no Flamengo e o Fabão. Eles foram me ver em uma escolinha, me trouxeram para fazer um teste e logo no terceiro dia eu passei para a equipe. Até hoje, estou aqui. O Botafogo é tudo, quase minha metade da minha vida foi no clube, fui criado aqui, desde a minha infância passo praticamente todos os dias no Botafogo e eu peguei um carinho muito grande por esse clube - admite.

Chapecoense x Botafogo
Rhuan comemora contra a Chape (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

Em dez anos, Rhuan possui algumas histórias para contar. Títulos na base, ter decidido clássicos contra rivais, jogos na Europa... O garoto, contudo, elege o momento de destaque vestindo as cores do Botafogo como a primeira vez que balançou as redes como profissional. Foi na Arena Condá, no segundo turno do último Campeonato Brasileiro.

- Tiveram vários (momentos), mas eu escolheria o dia do meu primeiro gol como profissional, contra a Chapecoense. Foi um dos dias mais marcantes para mim. Esse gol ajudou o grupo, a gente tenta ajudar ao máximo. O gol foi bastante importante para mim mas, antes de tudo, para o Botafogo, a gente estava precisando da vitória naquele momento. Para mim, todo mundo foi favorecido com aquele gol - elegeu.

Família
Nascido em São Gonçalo, município da Zona Norte do Rio de Janeiro, Rhuan vem de uma infância humilde, mas garante que as dificuldades da vida foram importantes para seu crescimento pessoal - antes mesmo de qualquer evolução profissional. 

- Fico feliz por esse momento que estou vivendo e tudo que estou passando. Tive algumas dificuldades no início, como quase todo atleta tem, ainda mais nessa parte de viagens, eu morava bem distante do local do treino, foi uma das coisas mais complicadas para mim, mas serviu de aprendizado. Eu aprendi a sempre querer mais, nunca desistir e sempre pensar na frente. Isso sempre me fez priorizar o trabalho e por isso foi importante passar por essas dificuldades - relembra.

O garoto lembra que passou por alguns momentos ruins e ficou desanimado, mas uma presença familiar foi importante para que mantesse o foco dentro das quatro linhas: seu avô. Rhuan garante que o parente foi um dos pilares para a sua formação e chegada a uma equipe profissional do Brasil.

Rhuan - Botafogo x Atlântico - Copinha
Rhuan, pela Copinha de 2018 (Foto: Divulgação/Botafogo)

- Minha família toda foi importante, meus pais, meus tios também, mas meu avô foi o cara que me levava, que sempre acompanhou de perto, me deu conselhos. Foi um cara que, para todo canto que tinha jogo, ele me levava, não me deixava faltar por nada, seja qual for a dificuldade. Qualquer treinozinho ele pegava e levava a gente. Às vezes ficava um pouco desanimado e ele conversava comigo. Foi o cara que me incentivou, assim como toda a minha família. Ele está orgulhoso sim, assim como toda a minha família. Meus avós sempre choram quando eu volto para casa, me emociona muito, me deixa muito feliz.

Tímido nos bastidores, mas com personalidade dentro de campo, Rhuan não foge do um contra um dos adversários, mas garante que nada disto seria possível sem a presença do família, pela qual diz ser muito grato.

- É e sempre foi (importante), até hoje. Sem a minha família, acho que não estaria aqui. É muito importante para mim, minha família é bastante unida, independente de qualquer coisa, de eu ser jogador ou não, sempre me ajudaram bastante - completou.

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Dificuldades entre base e profissional
- Sempre tem alguma dificuldade. A parte física pesa um pouco. A intensidade mesmo, é um jogo bem diferente. Da base para o profissional, você tem que saber dosar para no final de um jogo você não estar desgastado. Foi mais essa parte. No mais, fui me condicionando nos treinamentos e a cabeça boa.

Barroca e Valentim são os dois treinadores mais importantes da carreira?
- São os dois sim. Tenho muita gratidão ao Barroca, foi ele que me subiu de vez, me aproveitou de vez. O Valentim também me colocou para jogar, mas também tenho muita gratidão ao Felipe Leal e ao Maurício Souza. Tenho um sentimento enorme por todos esses.

Diferenças entre Barroca e Valentim
- Cada técnico tem o seu pensamento, as duas decisões. O ser humano pode errar, pode acertar... faz parte. É diferente, cada um tem um jeito. O Barroca é um cara que gosta muito da posse da bola, o Valentim já é um cara com um estilo mais agudo. São coisas particulares de cada um.

Matheus Fernandes, criado no Botafogo, ser vendido ao Barcelona
- Nunca cheguei a jogar com o Matheus Fernandes, mas sempre acompanhei. Ele sempre esteve aqui, sempre jogou muito bem, ele merece todo o sucesso. Isso é uma motivação a mais, o Botafogo vem sempre revelando bons jogadores, quando algum desses atletas se destaca e vai para a Europa, me motiva mais ainda a me destacar pelo Botafogo.

Adaptação com o elenco
- Tirei um pouco da timidez (risos). Sou um cara bem na minha, os companheiros me ajudaram bastante, aconteceu aos poucos. No começo, é complicado mesmo, a cabeça de jovem. Mas depois, você vai se adaptando e vê que a situação não é tão diferente como é na base, a questão do ambiente entre os jogadores. Está sendo algo natural.

Quer ser o cobrador oficial de faltas do elenco?
- Eu treino, sempre bati bem falta desde o início da carreira. Sempre fui o cobrador de faltas dos times que fiz parte. Vou trabalhar para isso, é decisão do Valentim (risos), mas vou trabalhar para quem sabe buscar meu espaço nas cobranças de faltas também.

Ter mais jogadores jovens no time ajuda?
- Joguei bastante com o Caio (Alexandre) e com o Luís (Henrique) no sub-20, a gente se conhece bem mais, mas, com o trabalho do dia a dia, o grupo pega esse entrosamento. A base do Botafogo esse ano tem bastante jogadores e isso é importante, motiva demais para tudo.

Metas do Rhuan para 2020
- Minha meta pessoal é ser regular. É importante manter a regularidade, ser titular, fazer gols, ajudando principalmente o Botafogo a chegar longe em competições e, quem sabe, títulos. Temos sempre que pensar nisso. Também quero fazer gols, essa é minha principal característica, mas, acima de tudo, ajudar o clube.

Presenças de Gatito, Carli e Cícero
- É importante. A experiência deles nos ajuda bastante no dia a dia, os conselhos e cobranças deles fazem a diferença. A gente sempre fica com os ouvidos abertos para ouvir, são caras que viveram bastante o futebol, nós estamos apenas começando. É sempre bom para qualquer grupo ter jogadores desse nível.

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