Em protesto, mas focado: elenco do Botafogo garante trabalho e se fecha com Anderson Barros e Barroca

Apesar de 'greve de silêncio' pelas dificuldades financeiras, jogadores não cogitam boicote dentro de campo; presenças de gerente de futebol e técnico é importante para os atletas

Botafogo x Athletico-PR
Antes de partida contra o Atlético-MG, elenco do Botafogo mostra união (Foto: Divulgação/Botafogo)

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Os jogadores resolveram se pronunciar de forma oficial. Insatisfeitos com a situação dos funcionários, com dois meses de salários atrasados, os atletas, representados por Carli, João Paulo e Gabriel - três dos líderes do elenco e voz ativa nesta "nova fase" - resolveram não fazer nenhuma ação de marketing e não mostrar nenhum patrocinador do clube, em forma de protesto. A questão, contudo, passa longe do mérito dentro das quatro linhas.

Desde o momento do anúncio oficial, os jogadores asseguraram que não colocariam a parte desportiva sob risco. Assim como na greve de silêncio, realizada durante a Copa América, não passou pela cabeça dos jogadores, em nenhum momento, não treinar ou, de alguma forma, realizar algum tipo de W.O. A ação é direcionada exclusivamente à falta de respostas da diretoria.

No início da semana, Nelson Mufarrej se reuniu com o elenco. Como de praxe, não fez promessas em relação a uma possível data de pagamento, mas assegurou que busca realizar o pagamento o mais rápido possível. É a terceira vez no ano que a diretoria fica com dois meses de salários em atraso. Nas outras duas, as possíveis ações de protesto vindas do elenco lograram êxito.

Anderson Barros
Sem gostar dos microfones, presença de Anderson Barros é importante dentro do elenco (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)

O possível W.O. veio à tona na cabeça de alguns torcedores por conta do "caso Figueirense". No mês passado, os jogadores do Figueira se recusaram a entrar em campo contra o Cuiabá, pela Série B, por conta dos atrasos salariais. Não há a possibilidade dos atletas do Botafogo realizarem isto pela confiança em Eduardo Barroca, técnico, e Anderson Barros, diretor de futebol, e, acima de tudo, o respeito junto à instituição.

Anderson Barros, inclusive, é uma figura muito importante dentro do elenco. Longe dos microfones por não gostar de aparecer, o dirigente é figura constante para com os jogadores. As duas partes se reúnem praticamente toda a semana para debater sobre a situação financeira e o diretor de futebol é marcado por jogar limpo e, acima de tudo, concordar com o movimento dos jogadores nos casos de protesto.

Incomodado com qualquer notícia que envolva a parte de salários atrasados, Anderson Barros é um homem de confiança dos jogadores e é uma das figuras mais importantes dentro do Estádio Nilton Santos. Com Eduardo Barroca, os fatores são inalterados: os jogadores fazem questão de colocar o treinador como uma figura que garanta o ápice esportivo. Não à toa, o técnico sempre faz questão de trazer a responsabilidade para si - e jamais nos atletas ou nas atividades propostas - em caso de uma derrota.

Botafogo - Eduardo Barroca
Barroca possui relação com o elenco (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

A situação não é fácil. Os jogadores cobram respostas da diretoria e mostram incômodo com a situação dos funcionários. Constantemente no Estádio Nilton Santos, Anderson Barros e Eduardo Barroca acabam virando, até de uma forma indireta, os principais elos entre o elenco e a diretoria, assumindo importância com os atletas. 

Jogadores valorizam torcida
Mais do que a presença de Anderson Barros e Eduardo Barroca, os jogadores fizeram questão de exaltar, no comunicado realizado na última quinta-feira, que a presença dos torcedores é importante em um momento complicado. Nas redes sociais, a maioria dos internautas botafoguenses deram razão à ação dos atletas, mas o público nos estádios ainda é pequeno.

Joel Carli, principalmente, exaltou a importância de um "abraço" vindo da torcida. Para o jogo contra o Atlético-MG, no próximo domingo, às 16h, no Nilton Santos, pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro, a diretoria colocou promoção em todos os setores, com ingressos em R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada), com a esperança de públicos maiores.

- Nesse momento o torcedor não precisa ser convocado. Eles mesmo desde ontem (quarta) começaram uma ação para ajudar e, sem dúvida alguma, eles estarão muito perto da gente, como sempre estão. Mesmo com a dificuldade, vão mostrar torcida – completou o capitão - comentou o argentino.

Busca por novas fontes de renda
A dificuldade de conseguir novos patrocinadores e aumentar o fluxo de caixa talvez sejam os principais "responsáveis" pela asfixia financeira e os atrasos salariais. Por isto, o Botafogo procura novas fontes de ganhar dinheiro para conseguir fechar o ano. É necessário dizer que, internamente, há um processo para profissionalizar o futebol, com a entrada de novos investidores, para 2020.

Recentemente, a diretoria abriu mão de ter a maioria da torcida no estádio e vender o mando de campo da partida contra o Fluminense, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro, para Brasília. Uma das exigências da empresa da capital brasileira foi colocar público dividido, o que foi acatado pela diretoria, necessitando do dinheiro. Além disto, a companhia também bancará os custos de viagem e manutenção do Estádio Mané Garrincha.

Outra forma de arrecadar fundos é com a venda de jogadores. O negócio de Jonathan para o Almería por 1 milhão de euros (cerca de 4 milhões de reais) ainda não foi suficiente para confortar a situação financeira. Com a janela europeia fechada, o Botafogo pode arrecadar um valor para não ter problemas com salários por, pelo menos, o fim do ano, com vendas de Gatito Fernández e Alex Santana para Catar ou Emirados Árabes, países com a janela aberta. Os dois, inclusive, receberam sondagens ao longo do ano, mas nenhuma proposta oficial chegou ao conhecimento do Glorioso.

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