Marcinho admite que vaias o atrapalharam, mas destaca Barroca em volta por cima

Lateral confessa que críticas pesaram na sua cabeça em certo momento, mas que período sem jogos foi essencial para que recuperasse alegria. Jogador comenta sobre gosto musical

Imagens de Marcinho pelo Botafogo
Marcinho acumula boas atuações pelo Botafogo (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

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Marcinho é um dos destaques do Botafogo após a Copa América. Apesar do momento irregular que o Alvinegro viveu recentemente, o lateral-direito vem acumulando boas atuações com a camisa alvinegra. Nesta quarta-feira, o atleta explicou, em entrevista coletiva realizada no Estádio Nilton Santos, sobre o seu momento.

- Eu convivi quase um ano com as vaias. Eu conseguia passar por cima, tive momentos bons, mas tudo com a vaia me acompanhando. Tem um momento que você não aguenta mais, não consegue reverter aquilo. Todo fim de semana com uma pessoa falando que você é ruim, uma hora fica na cabeça. Graças a Deus tenho confiança plena do clube, vi que sou muito querido pelo clube no todo. Todo mundo que passava por mim dizia que eu iria superar, conversei muito com o Barroca e com o Paulo Ribeiro (psicólogo) - afirmou.

Marcinho foi reserva por um tempo, após o retorno de Fernando ao Botafogo. O lateral-direito afirmou que este momento foi essencial para o seu crescimento e para reencontrar a alegria de jogar futebol.

- Esse momento foi muito importante para mim, cresci muito nesse período. Parei para refletir nas coisas que eu tinha de bom e olhar para os meus defeitos. Esse período sabático, que você valoriza o que está bom e tira o que está ruim, são momentos importantíssimos na vida, você cresce como pessoa - comentou.

Marcinho não esconde que as vaias vindas das torcida o incomodavam. Alvo de parte dos torcedores por um tempo, o defensor afirmou que as seguidas críticas pesavam, mas que o período sem partidas foi essencial para que ele desse uma volta por cima e reencontrasse as boas atuações.

- Tudo estava na minha cabeça. Eu não conseguia ter força para reverter o que eu fazia de bom, que é atacar, e aquilo foi me oprimindo e eu não conseguia mais ter força para me superar dentro, ter alegria para jogar. Me reinventei nesse tempo que estive fora - admitiu.

O atleta falou de sua relação com Eduardo Barroca. Importante no período em que ficou fora do time titular, Marcinho ponderou que o treinador do Glorioso é uma das pessoas que mais admira em sua vida.

- Não tenho nem palavras para descrever o Barroca. Desde a base, ele teve uma relação muito franca comigo, não tem medo de ser verdadeiro. Acho isso um trunfo muito grande. Eram conversas muito sinceras. O que eu sentia, falava. Isso faz a gente ter a relação e ele ser esse cara especial. Na minha vida, ele é um cara muito importante - contou.

Estilo 'fora do padrão'
Os pagodes, funks e sambas dominam praticamente toda a comunidade dos jogadores de futebol. Nos últimos anos, ficou até normal enxergar atletas ou ex-atletas participando de clipes de artistas, aparecendo nos palcos em shows e tendo uma forte amizade longe dos gramados.

Marcinho, porém, é um jogador um tanto quanto fora da curva neste sentido. O lateral-direito afirmou que gosta de todos os estilos, mas que seu gosto passa por uma música mais calma, como jazz ou blues. Além disto, o jogador disse que está se esforçando a começar a ler, tendo, inclusive, um apoio dos familiares para isto.

- Não sou muito fã de leitura, não. Me esforço, levo muitos puxões de orelha. Estou lendo um livro que um amigo esqueceu no carro, estou lendo Sapiens, estou tentando. Meu pai gosta muito de música, eu curto John Mayer, Aretha Franklin - afirmou o atleta, que foi além.

- Eu gosto de todos os ritmos, de pagode, de samba... Tenho meus momentos de festa, mas essas coisas que eu gosto bastante mesmo, no momento que estou sozinho, vindo para o treino, são músicas que gosto de escutar - completou.

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Semana com vitória
- Querendo ou não, uma vitória traz tranquilidade, um ambiente mais leve. A sequência vinha sendo chata, tivemos um crescimento técnico, mas os resultados não encaixavam, a gente sempre deixava um detalhe escape. Nos cobrávamos muito, essa vitória serviu para a lavar a alma, de certa forma. Espero que a gente possa continuar nesse caminho de resultados positivos.

Objetivo do Botafogo no Brasileirão
- Mirar o mais alto da tabela possível. Sabemos que temos limitações, como todos os times. O Santos não era um dos favoritos, essa mudança de foco, gerada pela saída das competições, pode fortalecer a gente. Miramos o topo da tabela, nossa ambição é a Libertadores. O Brasileiro é difícil, temos que mirar jogo a jogo. Pode ser clichê, mas é um campeonato longo. Quanto mais formos subindo vamos conquistar nossos objetivos.

Vaias da torcida
- Atrapalha muito ter alguém lhe colocando para baixo todo dia. Uma hora isso vai bater em você. Infelizmente e felizmente, a torcida trabalha com paixão. A gente não tem o que fazer. Acho que pegam no pé das crias da base porque temos muita identificação com o clube, não posso falar por eles, estou dando minha opinião por fora. Acredito que se tivesse um pouquinho mais de paciência seria mais fácil. Mas é paixão, amor, então é difícil.

Retorno de Daniel Alves ao futebol brasileiro
- É muito bom. Estou vendo o melhor lateral da história, o Daniel Alves, com 40 títulos na carreira. Fala por si só. Não tem quem negue a qualidade dele, e isso vai engrandecer a qualidade do campeonato, esses caras são muito bem-vindos. Lembro até de uma época que eu era telespectador, quando Seedorf e Ronaldinho voltaram, isso bota o futebol brasileiro em um nível muito bom. Até pelo momento do país, isso acalma nossos corações um pouco. É muito bom ter esses caras aqui.

Conversa com o psicólogo do clube
- Era uma conversa franca, de troca de sentimentos. Você expõe seus sentimentos, coloca a energia ruim para fora, vai se libertando desse "mal" que está dentro de você e te impede de fazer o que você mais gosta.

Quando percebeu que podia recuperar a confiança
- Desde o momento que eu comecei a treinar bem, antes da parada da Copa, Me senti leve nos treinamentos, eu percebi que as coisas iriam acontecer naturalmente. Não tem como forçar uma situação, o Fernando vinha fazendo a parte dele, é um moleque que admiro muito. Fui fazendo meu trabalho e a decisão é do treinador. Tudo acontece naturalmente, a gente não pode forçar nada. É a forma natural que você pode vencer.

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