Na casa de 2,10m, centrais se apegam aos detalhes na decisão da Superliga

Final entre Sada Cruzeiro e Sesi-SP evidencia crescimento da média de altura na posição no vôlei mundial. Colegas de Seleção, Isac e Lucão travam um duelo particular no Mineirinho<br>

Montagem - Lucão e Isac
Lucão e Isac se enfrentam na final entre Sesi e Sada (Foto: Everton Amaro/Fiesp e Renato Araújo/Sada Cruzeiro)

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Dois metros de dez. Esta é a média de altura dos centrais titulares da final da Superliga masculina de vôlei, entre Sada Cruzeiro e Sesi-SP, que se enfrentam neste domingo, às 9h, no Ginásio Mineirinho, em Belo Horizonte. O número mostra como o torneio acompanha a tendência do vôlei mundial de recrutar atletas cada vez maiores na função. E os centímetros podem fazer a diferença.

No lado do Cruzeiro, atual campeão e que busca o hexa, Isac e o cubano Simón, ambos de 2,08m, formam um dos paredões mais respeitáveis na atualidade. No Sesi, o campeão olímpico Lucão, de 2,10m, tem ao seu lado o gigante Gustavão, de 2,15m, na tentativa de virar a série e assegurar o segundo título do clube na história (o primeiro foi em 2010/2011).

No primeiro duelo, em São Paulo, a equipe mineira levou a melhor, por 3 a 2. Se o time paulista vencer, forçará o Golden Set, de 25 pontos.

Presentes na lista do técnico Renan Dal Zotto para a disputa da Liga das Nações, que começa no dia 25 de maio, Isac e Lucão travam um embate particular. Eles são colegas de Seleção há cinco anos e vieram suas carreiras ascenderem no período de valorização cada vez maior de centrais tão altos.

Na geração campeã em Atenas-2004 e prata em Pequim-2008, Rodrigão, de 2,05m, chamava atenção para os padrões brasileiros. André Heller, com 1,99m, e Gustavo, de 2,00m, eram referências da posição. Se na época Lucão se destacava como um jogador promissor e diferenciado pela altura, hoje seu perfil é praticamente regra na modalidade.

– A cada ano encontramos centrais maiores. O Rodrigão começou com essa tendência. Depois vieram eu e, mais tarde, o Isac, que é alto e com membros grandes. Para central, faz diferença. Com cinco ou dez centímetros a mais você consegue tocar em bolas decisivas – analisou Lucão, de 32 anos, ao LANCE!.

Como comparação, na final olímpica dos Jogos Rio-2016, entre Brasil e Itália, a média de altura dos centrais titulares era de 2,06m.

Aos 27 anos, Isac ainda sonha com a primeira Olimpíada e, a cada temporada, encerra a Superliga entre os destaques do país. Desde que chegou ao Sada, em 2013, o time faturou todos os quatro títulos de Superliga que disputou. Seja do mesmo lado ou na quadra adversária na decisão, ele tem em que se inspirar.

– A preparação é ainda mais importante quando você joga contra centrais experientes, como o Lucão. Temos de prever o que pode acontecer e definir cada bola como se fosse a última. E ao trabalhar ao lado do Simón, um dos melhores, senão o melhor do mundo, não tem como eu não me inspirar. É um cara extremamente bom de grupo, divertido e tranquilo – contou Isac.

Na Seleção Brasileira, Otávio, de 2,02m, é o mais "baixinho" entre os centrais inscritos por Renan para a Liga das Nações. Os demais são Maurício Souza, de 2,07m, Éder, de  2,05m, e Tiago Barth, de 2,09m.

BATE-BOLA
Isac, central do Sada, ao LANCE!

'É melhor não pensar que pode ter mais um set. É ganhar o jogo'

Você sofreu com uma hérnia de disco no último ciclo olímpico e acabou cortado antes da Olimpíada. ?
Tenho que ter a cabeça tranquila. Na época, eu estava sem condições de jogo. Procurei fazer o meu melhor e não consegui. Já que tive a oportunidade de voltar 100%, coloquei como meta que viraria a página. O foco seria 2020. Mas, antes, tenho de passar por 2018 e 2019. O trabalho no clube tem que ser bem feito e preciso pensar a longo prazo.

Que tipo de cuidados tem tomado com o físico depois do que você passou?
Tenho cuidado bastante da postura, para não me machucar em treinamentos e não forçar com a sequência de jogos. Mas não é nada que limite meu desempenho e em como vou estar no dia a dia. Faço uma técnica de fisioterapia chamada Mackenzie, para evitar que o problema volte a acontecer.

Vocês conhecem bem o William (levantador do Sesi-SP) e ele conhece bem o Sada. Como tem sido marcar as jogadas dele?
É um desafio. Ele é um "mago". É muito imprevisível. Mas não é só ele. O time tem nomes experientes, como o Lipe, que crescem em momentos decisivos. Ele é uma peça, mas tem todo um conjunto ao lado. Conseguimos marcar bem as jogadas no primeiro jogo, tocamos nas bolas e bloqueamos. Olhamos algumas situações nas estatísticas do William, em que momentos do set ele usa cada jogador. É a cabeça que faz o time andar. Mas temos que ter atenção a todos.

O que acha do formato dos dois jogos, com o Golden Set?
Acredito que é preciso foco do primeiro ao ultimo ponto. O Cruzeiro tem uma pequena vantagem, mas tudo pode acontecer no meio do jogo. Não tem bola perdida. É melhor não pensar que pode ter mais um set. É ganhar o jogo. O melhor de jogar um campeonato assim é estar na final. Fico feliz que este ano teve mais de um jogo.

BATE-BOLA
Lucão, central do Sesi-SP

'Temos de ser mais rápidos na nossa virada de bola'

O que o Sesi precisa mudar para sair com a vitória?
Nossa virada de bola ficou muito abaixo do que apresentamos na Superliga inteira. Temos de fazer a rotação mais rápida e dar suporte para o nosso bloqueio. Se equilibrarmos melhor isso, vai mudar bastante e poderemos levar a disputa para o Golden Set, que é aquele tiro. Quem começar melhor, provavelmente leva.

O Mineirinho é um ginásio diferente. Como acha que o time vai se sentir?
O Ginásio aqui é dez vezes maior que o do Sesi. Tivemos sorte de pegar um pouco das referências do Ibirapuera, que é bem grande, nesta fase decisiva. E a comissão técnica quis viajar cedo para nos adaptarmos melhor.

O que muda na preparação para essa série em dois jogos?
Dependemos da televisão, que é alto muito importante para satisfazer aos patrocinadores. Temos de fazer de tudo para nos adaptar às partidas de manhã. Eu já estou acostumado acordar cedo, pois estou velho já (risos). Mudamos nossa programação de treinamentos de salto para a manhã durante a semana. Mas vamos nos dedicar da mesma forma.

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