Decisão na Sula: Ao L!, Bernardo e Perdigão lembram viradas na Colina

Vasco precisa de, no mínimo, dois gols para eliminar a LDU nesta noite em casa. Inspiração vem do passado recente, com vitórias marcantes em 2007 e 2011 com chuva de gols

Bernardo, Dedé e Leandro Amaral - Vasco
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Técnico pressionado, desfalques importantes, aniversário do clube chegando e um resultado adverso do primeiro confronto. Não será fácil enfrentar a LDU nesta noite, mas os vascaínos que prometem lotar São Januário confiam em uma reação da equipe para buscar a classificação às oitavas da Sul-Americana. Não é para menos: além das inúmeras viradas na história do clube, o passado recente na própria competição mostra que é possível reverter os dois gols de diferença sofrido em Quito. O LANCE! refresca sua memória com três noites marcantes na Colina de alguns anos atrás.

2007, LANÚS
Em setembro de 2007, o Vasco já não brigava por muita coisa e figurava o meio da tabela do Brasileirão. Viu a chance de disputar um torneio internacional depois de seis anos, mas o sonho quase acabou logo no primeiro jogo das oitavas. Na Argentina, visitou o Lanús e saiu derrotado por 2 a 0, dominado fora de casa. O jogo da volta foi na semana seguinte, e apenas 2.739 torcedores marcaram presença em São Januário. Aos vascaínos, com certeza, valeu a pena.

Leandro Amaral - Vasco x Lanús 2007
Leandro Amaral era o capitão, artilheiro e garçom do Vasco em 2007

Mesmo desacreditado, o time de Celso Roth entrou em campo mostrando confiança, principalmente pela grande fase de Leandro Amaral, que abriu o placar no primeiro tempo aproveitando rebote. No segundo tempo, serviu de pivô para Wagner Diniz tabelar e deixar tudo igual no agregado. O jogo se encaminhava para os pênaltis, até que o atacante fez o terceiro do Vasco nos acréscimos e garantiu a classificação. Em entrevista ao LANCE!, o meia Perdigão lembra do que sentiu no momento e aconselha o time nesta noite.

'Jogar com a camisa do Vasco, com a torcida empurrando, é uma sensação maravilhosa. Sem contar que foi em cima dos hermanos, que é sempre melhor'

- Perdemos de 2 a 0 na Argentina e viramos em São Januário, com gol do Leandro aos 47' do segundo tempo. Todos achavam que íamos pros pênaltis. Aquela virada foi muito importante pro Vasco naquele momento. Quando você consegue uma vitória dessas, automaticamente marca seu nome na história do clube. Jogar com a camisa do Vasco, com a torcida sempre empurrando, é uma sensação maravilhosa. Sem contar que foi em cima dos hermanos, que é sempre melhor. Ganha um peso de ouro ganhar dos argentinos no fim, com toda capacidade e dificuldade que eles impõem. Espero que o Vasco consiga sentir esse gosto hoje.

Você já era experiente, 30 anos e campeão do mundo pelo Inter naquela época. Qual o conselho que pode dar pro time do Jorginho?

'Jorginho precisa redobrar atenções. Tendo que correr atrás do placar, podem acabar se desesperando e complicar o jogo. Vai ser um jogo duro, pesado, pouco espaço'

- O que posso falar por experiência própria é que, como o time vai atacar bastante, automaticamente vai se expor. A LDU é uma equipe rápida, tem um atacante forte que joga dentro da área, meio cansadão mas que sabe fazer gols (se refere a Anangonó, que fez dois gols em Quito). Jorginho precisa redobrar atenções e com a experiência que ele tem, já passou pros atletas. A torcida vai lotar São Januário e vai empurrar, como sempre, mas tendo que correr atrás do placar, podem acabar se desesperando e complicar o jogo. Precisa de organização, ritmo forte de jogo, vai ser um jogo pesado, duro, de pouco espaço. É assim sempre na Sul-Americana e Libertadores. Vasco tem que ter posse de bola e muito volume de jogo, primeiro. Depois, se doar ao máximo e como falam, 'botar o coração no bico da chuteira'.

ESCALAÇÃO: Sílvio Luiz, Wágner Diniz, Júlio Santos, Luizão, Guilherme, Amaral, Andrade, Perdigão, Marcelinho (Alan Kardec), Leandro Amaral, Enílton (Leandro Bonfim). TÉCNICO: Celso Roth.
GOLS: Leandro Amaral (29'/1º), Wágner Diniz (30'/2º), Leandro Amaral (45'/2º)

Perdigão - Vasco
Perdigão vestia a camisa 10 do Vasco na virada sobre o Lanús em 2007

2011, AURORA
Quatro anos depois, a realidade do Vasco era outra. Brigando pela ponta da tabela no Brasileirão e já campeão da Copa do Brasil naquele ano, o time de Cristóvão Borges entrou na Sul-Americana displicente, para ver no que ia dar. E, em Cochabamba, o gol de Bernardo em lance de sorte no primeiro tempo foi o único ponto positivo na derrota por 3 a 1. Mas aquele gol que parecia ser o fio de esperança, na verdade, ficou esquecido. Três semanas depois, no dia 26 de outubro, os torcedores presentes na Colina viram uma das partidas mais agitadas da década - e a segunda maior goleada da historia da competição.

Vasco x Aurora 2011
Juninho, Fagner, F. Bastos e Bernardo abraçam Alecsandro, vaiado

Buscando dois gols desde o início, o atacante Bernardo novamente abriu o placar no confronto com um dos gols mais bonitos em São Januário na década. Logo aos oito minutos, driblou dois zagueiros e finalizou com um lindo chute, que explodiu no travessão antes de entrar. Porém, aos quinze, Alecsandro perdeu bola na frente, cedeu contra-ataque o Aurora empatou, dando um banho de água fria. O centroavante deu a volta por cima, balançou as redes duas vezes e deu uma assistência no jogo em que acabou 8x3 para o Vasco. Artilheiro da equipe na competição com quatro gols na campanha, Bernardo relembrou a noite histórica ao LANCE!.

- Jogo importante que a gente precisava do resultado. O primeiro a gente saiu na frente com gol meu e tomamos a virada. Eram poucos jogadores, o Nilton tinha acabado de voltar. Alguém tinha passado mal, acho que era o Allan. Sabia que em casa podíamos reverter, mas jamais pensamos que íamos fazer oito gols. Fiz um lindo gol, de placa, que deu abertura pro resultado. Mas lembro bem que o Alecsandro teve um momento de terror e alegria: ele perdeu um gol na cara e logo em seguida o Aurora fez o gol. Começou uma vaia enorme em cima dele, mas soube manter a tranquilidade e conseguiu fazer dois gols e abraçou todo mundo. Foi um jogo muito marcante pra mim.

Vasco x Aurora 2011
No detalhe: Bernardo encheu o pé e abriu o placar com um golaço

Naquele jogo a torcida fez a festa, com direito a marchinha de carnaval durante a goleada. Foi uma motivação extra para vocês?
​- A torcida do Vasco influencia muito. Quem conhece sabe como é a força, é apaixonada. Tenho orgulho de dizer que nunca senti algo por outra torcida, como o carinho que tenho por eles. Ajudam bastante, principalmente por um resultado precisando de dois gols. Mas não é só a torcida fazer a festa, tem que entrar em campo sempre concentrado.

ESCALAÇÃO: Fernando Prass; Fágner, Renato Silva, Douglas e Julinho; Nilton, Fellipe Bastos, Juninho Pernambucano (Jumar) e Bernardo (Élton); Leandro (Allan) e Alecsandro. TÉCNICO: Cristóvão Borges.
GOLS: Bernardo (8'/1º), Alecsandro (38'/1º), Alecsandro (44'/1º), Leandro (3'/1º), Juninho Pernambucano (23'/2º), Bernardo (32'/2º), Douglas (36'/2º), Allan (47'/2º)

2011, UNIVERSITÁRIO
​Já no fim da temporada, em novembro, o pensamento do Vasco era grande: conquistar a tríplice coroa com Copa do Brasil, Sul-Americana e Brasileirão. Mas, sem Juninho Pernambucano, o sonho quase foi por água abaixo em Lima, no Peru. O time de Cristóvão até tentou, mas saiu de lá derrotado por dois a zero. Mas, como demonstrara no mês anterior, em casa a história é outra. E, em mais um jogo cheio de gols, o time fez a festa da torcida com uma virada incrível, em uma das atuações individuais inesquecíveis para um zagueiro.

Vasco 5x2 Universitário - 2011
Jogo tenso: Vasco e Universitário foi decidido apenas no fim

Os peruanos haviam abandonado o campeonato local e, com cinco meses de salários atrasados, buscavam a classificação para salvar o ano. E o jogo foi tenso desde o início, com pouco espaço e muitas faltas. E, aos 23, Juninho foi derrubado na área e Diego Souza abriu o placar de pênalti. O adversário, desorganizado, empatou poucos minutos depois, em contra-ataque, quando Ruidíaz encobriu Fernando Prass em lance de sorte. O Vasco sentiu o golpe. Logo na volta do intervalo, o Universitario virou e parecia ter matado o jogo. Mas, com empate de Elton logo depois, brilhou a estrela do zagueiro Dedé.

Em sua 100º partida pelo clube, Dedé só não fez chover na Colina. Foram dois gols e uma assistência, revertendo o placar nos últimos dez minutos de jogo. Ao LANCE!, o atacante Bernardo lembrou da noite iluminada do camisa 26.

Fizemos a primeira partida na casa deles, um bom jogo e a equipe não soube suportar a pressão. Mas a gente acreditava que podia fazer um resultado bom dentro de casa. Foi igual contra o Aurora, acreditamos no resultado com a força e o apoio da torcida. Foi um jogo maluco, se nao me engano saímos ganhando. Teve expulsao do Diego Souza. Brilhou a estrela do Dedé, fez um gol 'cagado' e um de cabeça. Conseguimos a virada. Parecia que não ia dar, mas deu.

ESCALAÇÃO: Fernando Prass; Fagner (Allan), Renato Silva, Dedé e Diego Rosa; Nilton, Fellipe Bastos (Bernardo), Juninho Pernambucano e Diego Souza; Éder Luis (Alecsandro) e Elton. TÉCNICO: Cristóvão Borges.
​GOLS: Diego Souza (22'/1º), Elton (3'/2º), Dedé (12'/2º), Dedé (27'/2º), Alecssandro (37'/2º)

Dedé - Vasco
Dedo fez dois gols e uma assistência em seu centésimo jogo pelo Vasco<br>

Mais da entrevista com Bernardo:

Os times sul-americanos, às vezes, nem parecem tão bons, mas sempre complicam a vida dos brasileiros. Qual a explicação?
- É difícil contra eles. Parece que eles já são treinados a fazer catimba, cera. Mas eles têm muita qualidade, disputam muito, a rivalidade é grande contra os brasileiros. É bem difícil jogar contra eles, já joguei pelo Goiás, Cruzeiro, Coritiba e é sempre complicado. É um futebol diferente. Mas também é prazeroso jogar contra eles.

Naquele momento, passou na cabeça que seriam campeões? Foi a melhor campanha do Vasco na competição...
Assim que a gente passou, pensamos que íamos ser campeões. Mas pegamos a La U, que foi campeã em seguida, jogamos super bem e tive o prazer de balançar as redes. Estávamos no final do Brasileiro e nosso foco era nos dois. Se a gente passasse, ficaríamos bem perto do título.

​Qual conselho você daria ao time para enfrentar a LDU nesta noite?
​- Os jogadores têm que ficar concentrados, isso é muito importante. Sinto até falta de poder estar numa partida dessa, não tem coisa melhor do que jogar um mata-mata em casa precisando de resultado. Seja Sul-Americana, Libertadores ou Copa do Brasil. O treinador precisa passar confiança aos atletas e o time tem que ter tranquilidade, não cair na catimba deles.

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