Toni Nadal em carta de despedida: ‘Pedi que Rafa regatasse o espírito lutador’

Tenho fé que  conquistará o Finals e de que celebrarei à distância

Rafael Nadal
Divulgação

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O tio e treinador de Rafael Nadal, Toni, escreveu uma espécie de 'carta despedida' publicada pelo jornal El País, na qual reflexiona a trajetória na temporada e fala da esperança de vê-lo conquistar o Finals mesmo que à distância

Confira na íntegra a tradução da carta de Toni Nadal:



"Outra ocasião perdida

Outra vez deixamos Londres com a decepção de não ter conquistado a vitória no torneio mais especial depois dos quatro Grand Slams. Apesar de ter se classificado em 13 ocasiões, por uma razão ou outra, Rafael nunca conseguiu jogar seu máximo ali e por consequência erguer a taça do ATP Finals.

Não era nenhum segredo que chegávamos a atual edição muito esgotados. Mesmo que nos treinamentos prévios tivemos alguns sinais para o otimismo, quando Rafael começou a jogar soubemos que seu corpo não ia responder como desejamos.

Quando me reuni com ele no vestiário depois de sua derrota para [David] Goffin e sua retirada do torneio, o encontrei profundamente triste. Como em outras ocasiões em que o vi impotente ou decepcionado, lhe disse que no deveríamos nos lamentar mais que o necessário. "Vamos fazer um balanço geral deste ano e é evidente que em linhas gerais foi muito positivo".

Rafael voltou a ser um jogador quase imbatível no saibro. Enquanto na quadra rápida, disputou cinco finais e venceu duas delas, entre elas o US Open. Venceu seis torneios no total, dois Grand Slams, dois Masters 1000 e outros dois ATP 500, terminou o ano como número 1 da ATP. O ano foi excelente.

As duas temporadas anteriores foram muito duras para meu sozinho. Os problemas físicos que vinham se arrastando que finalizou a temporada 2016 em outubro não afetaram apenas seus resultados em quadra, mas também a segurança que tinha em si.

Esta era minha maior preocupação, segui com ele justamente por esse ano.

Deveríamos encarar a temporada atual e tive uma longa conversa com ele em sua academia. Evidentemente, falamos de aspectos tenísticos. Disse a ele que era preciso melhorar o saque e sobretudo recuperar seu forehand. Falamos desta necessidade de adaptar seu jogo para proteger o corpo que já não é mais de um moleque de 19 anos que ganhou seu primeiro Grand Slam de modo furioso. repeti a ele o que disse muitas e muitas vezes no decorrer dos anos, que evoluir é sobreviver. Isso é primordial. Mas, acima de tudo, o pedi o que para mim é o mais determinante: que recuperasse o desejo de ganhar, regatasse este espírito lutador que o havia caracterizado sempre e que lhe deu inúmeras vitórias.

Acredito que conseguiu.

Em poucas semanas, quando Rafael começar a treinar novamente, quando for planejar a temporada com Francis Roig e Carlos Moyà, estará certo a satisfação e tranquilidade de ter restabelecido esta garra de sentir-se forte e seguro. Será o momento de marcar para si novos objetivos. Entre eles estará ganhar este torneio do qual se despediu na segunda-feira.

Tenho fé que o conquistará e de que celebrarei à distância".

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