Nenê quer acabar com peso do São Paulo em clássicos: ‘É para motivar’

Autor do gol na única vitória do Tricolor sobre seus arquirrivais na temporada, meia-atacante trata duelo contra o Santos, neste domingo, como 'jogo grande que marca'

Treino do São Paulo
Camisa 7 afirma que ídolos se formam quando se destacam em clássicos (Foto: Luis Moura/WPP/Lancepress!)

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Neste domingo, às 16h, o São Paulo recebe o Santos, no Morumbi, com uma missão: provar que os clássicos não são um peso para o clube. Neste ano, foram quatro derrotas e só uma vitória diante dos maiores rivais, e Nenê traça como chave para mudar os números alterar a mentalidade.

- Sempre procuro pensar de maneira positiva. Em vez de ser peso dobrado, é motivação dobrada para fazer um grande jogo e fazer a diferença - disse o camisa 7, em entrevista exclusiva para o LANCE!

São-paulino desde criança, o meia-atacante de 36 anos acredita que ídolos se formam em grandes jogos e lembra como Raí ficou marcado em sua memória pelos gols que fez na vitória por 2 a 1 sobre o Barcelona, na final do Mundial de 1992. E quer que seus colegas tenham isso em mente.

Confira abaixo a conversa de Nenê com o LANCE! sobre o clássico:

O São Paulo só ganhou um clássico este ano: 1 a 0 sobre o Corinthians, no Morumbi, na primeira semifinal do Paulista, com gol seu. Esses jogos têm sido um peso para o São Paulo?
Depende do ponto de vista. Sempre procuro pensar de maneira positiva. Em vez de ser peso dobrado, é motivação dobrada para fazer um grande jogo e fazer a diferença. É um jogo que todos estão vendo, e (na vitória sobre o Corinthians) fazia muito tempo que não ganhava. Isso, para mim, é muito motivante. Fiquei muito feliz por ter marcado o gol da vitória em um jogo tão importante. Isso dá confiança para continuar trabalhando. Infelizmente, não nos classificamos. Mas são jogos especiais. Tudo é em dobro. E prefiro ver o lado da motivação, o lado positivo de que, se fizer a diferença em um jogo desses, você fica marcado.

Você é são-paulino desde criança e imagino que seus ídolos tenham sido decisivos em clássico...
Exatamente. Lembro do Raí, por exemplo, que era o maior ídolo do torcedor são-paulino na época e fez gols importante. Aquele gol de falta no Mundial (de 1992, contra o Barcelona), para mim, ficou marcado. Aqueles que ficam marcados são em jogos importantes. Clássico é jogo importante, então isso me dá essa motivação extra para fazer um ótimo jogo.

Como vocês tratam clássicos internamente?
É claro que a gente conversa. Quando chega semana de clássico, a cabeça já fica diferente. No treino, o treinador já fala que é clássico. O Aguirre sempre cobra, mas, com certeza, quando é clássico... A gente sabe que todo jogo é importante, mas clássico é como se fosse, realmente, final de campeonato. Temos de estar com a cabeça concentrada no trabalho, no dia a dia, para chegar ao jogo focado no que tem de fazer e estar concentrado por 95 minutos porque, em um detalhe, pode ir para baixo um trabalho grande. Como aconteceu no primeiro jogo contra o Santos. Eles jogaram por uma bola e ganharam.

Você sente quando precisa chamar a responsabilidade e pedir a bola em jogos grandes? Em Rosário, você até discutiu com o técnico adversário quando a partida estava bem tensa...
Isso é instinto. Na hora, vejo que o bicho está pegando e preciso dar uma segurada. Contra o Corinthians, em Itaquera, enquanto estive em campo tentei dar uma acalmada. É instinto mesmo. E tem um pouco de experiência. Não pode tomar cartão bobo, falar muito com o juiz e, se falar, é numa boa. Às vezes, até falo bravo com o juiz, mas de forma respeitosa. Em Rosário, o treinador deles foi falar para bater, pegar. Peraí, rapaz, segura. Tinha de chegar firme mesmo, mas não na maldade, na deslealde. Mas sinto um pouco, sim. É mais instinto, mas sinto um pouco que tem hora que precisa segurar a bola quando está sofrendo pressão e estamos com o resultado bom. É uma coisa que procuro ajudar.

Aquela derrota por 1 a 0 para o Santos foi a única do São Paulo no Morumbi no ano. Isso pesa de alguma forma para o San-São deste domingo?
Não pesa. Fiquei p... no dia do jogo, porque a gente merecia ganhar. Estávamos pressionando o tempo inteiro, o time todo em uma intensidade muito alta. Eles estavam jogando por uma bola, no contra-ataque, como é o estilo deles, e acabaram ganhando. Depois você tem de ver o que aconteceu de errado e corrigir para não acontecer de novo. Mas não pesa porque já passou, não temos de ficar pensando que não ganhou. É assim: perdeu, então tem de ganhar agora. Até porque empatamos em casa com o Atlético-MG, e, no Brasileiro, você tem de ganhar em casa. É ter isso na cabeça: recuperar os pontos. E, também, não deixar acontecer o que aconteceu na outra vez, com os caras jogando por uma bola ganhando da gente.

Além da desatenção no gol, o que mais você lembra que o São Paulo fez de errado naquele jogo?
Nem lembro mais (risos). Mas o que aconteceu de errado foi isso só. De resto, não vou falar que foi perfeito porque não tem como, mas fizemos praticamente o que nos propusemos a fazer e foi praticamente essa bola, com a marcação errada, ficamos longe, não paramos a jogada e eles fizeram o gol. Fora isso, não lembro de nenhum erro grotesco.

O seu primeiro time grande foi o Palmeiras, em 2002, mas você se firmou mesmo no Santos, em 2003, né?
Naquela época, o Leão me queria mesmo, tinha a Libertadores e pagava mais. Eu estava no Palmeiras em 2002 e foi difícil, mas fui muito bem, tanto que tenho lembranças muito boas. Na primeira vez em que fui convocado para a Seleção (Olímpica), eu estava no Palmeiras. Mas, realmente, no Santos eu estava um pouco mais experiente, e foram momentos muitos bons, fui artilheiro do time, que era um timaço, com Robinho, Diego, Ricardo Oliveira. Fiz gols importantes, na semifinal da Libertadores, quando nos classificamos. Foram momentos muito bons mesmo. Saí muito rápido de lá. Com a cabeça que tenho hoje, não teria saído, teria ficado muito mais tempo.

Criou um carinho pelo Santos, então?
Com certeza. Tenho carinho pelo Palmeiras e pelo Santos, mas como com o Santos não tem tanto essa rivalidade, como é com Palmeiras e Corinthians, fica mais fácil de você se dar bem. E é uma cidade que eu gostava bastante, é bem gostoso lá. Gostei bastante.

Você lembra de algum jogo contra o São Paulo pelo Santos em 2003?
Lembro que sempre fiz gol contra o São Paulo, desde o Paulista. Outro dia o Rogério veio aí e brinquei que ele não pegou um pênalti meu. Na minha estreia no Palmeiras, em 2002, foi contra o São Paulo e fiz um golaço, de fora da área. Mas não lembro se fiz gol no São Paulo pelo Santos. Por isso que não lembro de nenhum jogo marcante. Ainda bem, né? Senão a torcida pegaria no meu pé (risos).

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