Jardine revela mágoa com Mancini e lembra fisgada que brecou Hernanes

Atual técnico da Seleção Brasileira olímpica ficou chateado quando Mancini falou em evolução da equipe sob seu comando. Ele lembra o planejamento frustrado para Hernanes

São Paulo x São Bento Jardine
André Jardine dirigiu o São Paulo no início de 2019 - FOTO: VILMAR BANNACH/PHOTOPRESS

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Atual técnico da Seleção Brasileira sub-23, que buscará uma vaga na Olimpíada de Tóquio no Torneio Pré-Olímpico da Colômbia, neste mês, André Jardine lembrou de sua passagem pelo São Paulo em entrevista ao Bola da Vez, da ESPN Brasil. Ele revelou que ficou chateado com declarações de Vagner Mancini, que foi o treinador interino do Tricolor logo após a sua saída e chegou a declarar após uma vitória sobre o Ituano, nas quartas de final do Paulistão, que aquela tinha sido "a estreia do São Paulo em termos táticos na temporada".

- Sou obrigado a dizer que não gostei de algumas declarações pós-jogos. Ele fez algumas críticas indiretas, se referindo a evoluções, sendo que ele fazia parte também do trabalho anterior. Você não pode falar em evolução se também é parte do problema, mas entendo, porque o Mancini é um treinador e agora tem certeza disso. Naquela época talvez ele vivesse um dilema, se queria ser treinador ou ficar na coordenação, e acho que ele resolveu isso dentro dele, deixou claro para todo mundo e inclusive saiu por não ser efetivado no cargo - disse Jardine.

Mancini chegou ao São Paulo no princípio de 2019 como coordenador-técnico. Mesmo tendo dito em sua apresentação que não seria treinador em nenhuma hipótese, aceitou dirigir a equipe enquanto Cuca se recuperava de um problema de saúde e pediu demissão quando Fernando Diniz foi contratado, acusando os dirigentes de terem prometido que o cargo seria dele e mudado de ideia após pressão dos jogadores, sobretudo Daniel Alves.

- Como coordenador, ele seria um cara com experiência de campo, um cara para trocar ideia de jogo, mas fundamentalmente um cara para fazer essa aproximação entre treinador e diretoria. Eu queria ter, ao lado da direção, uma pessoa que tivesse 100% de consciência daquilo que a gente estava fazendo, das ideias, porque eu sabia que em algum momento iria fazer coisas não triviais e o pessoal poderia dizer: "ih, será?". Eu queria que alguém defendesse o trabalho e o Mancini surgiu como essa alternativa. Ele não queria vir, eu acabei ligando pessoalmente explicando a importância. Eu dei o aval. Não sei (se ele defendeu o trabalho), quero acreditar que sim. É uma pessoa que eu gosto, um amigo que eu tenho. Não temos tanta relação, mas eu respeito bastante. Ele estava ali, sabe tudo o que aconteceu, sabe o por quê de cada escalação e de cada estratégia, então tinha condição de defender - emendou Jardine.

O treinador também falou sobre as dificuldades que Hernanes teve ao longo de 2019. Ele citou uma fisgada na coxa ainda na pré-temporada como uma das possíveis causas para o rendimento abaixo do esperado do Profeta.

- Ele chegou em uma pré-temporada que praticamente não existiu (na Florida Cup), e não porque a gente quis, mas porque o calendário espremeu. Quando se aceitou o convite, não se imaginou a situação de pré-Libertadores. No momento que eu assumo, não tem mais a escolha de ir ou não ir, a gente tinha que ir por efeito de contrato. Sabíamos que ia atrapalhar um pouco, mas resolvemos lutar com a adversidade e fazer daquilo ali uma coisa positiva. O Hernanes teve pouco tempo, a gente entendia que ele tinha que jogar porque precisava de ritmo. Julgamos ideal que ele jogasse 45 minutos (por jogo), para não esticar demais e nem de menos. O prazo da pré-Libertadores era o meu prazo, mas era o dele também. Naqueles jogos ele tinha que estar bem para fazer a diferença. A gente conduziu tudo na ponta dos dedos, mas no último dia de pré-temporada ele sentiu um desconforto na posterior. Foi uma pena. Nem foi um treino forte, era leve, mas ele diz que em uma das últimas finalizações ele chutou e a musculatura deu um "oi". Ali atrasou um pouquinho, a gente teve que segurar no início do Paulista, ele perdeu ritmo, não treinou com a mesma força que os outros. Ele continuou lutando o ano todo para chegar no seu ideal e ainda não conseguiu, mas eu não tenho dúvida de que vai produzir ainda e dar muita alegria para a torcida do São Paulo.

Multi-campeão no sub-20, Jardine virou auxiliar de Diego Aguirre em 2018 e tornou-se treinador do profissional nas cinco rodadas finais daquele Brasileirão. Em 2019, dirigiu o time por dez partidas e foi demitido após perder para o Talleres (ARG) na fase preliminar da Libertadores.

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