Magoado por 2004 e agora do outro lado, Levir vê Santos com força para ‘ganhar de qualquer um’

Vice-campeão brasileiro há 13 anos, com o Atlético-PR, Levir chegou a liderar a competição vencida pelo Santos e cita frustração. Hoje no Alvinegro, não descarta título

Levir comandou o Santos em nove jogos
Ivan Storti

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Nem Renato ou Elano. Quem está no Santos e tem claro na memória o Campeonato Brasileiro de 2004 é o técnico Levir Culpi. O título nacional, o último da geração de Diego e Robinho, é marcante na memória da nação alvinegra, mas na carreira do treinador, marca de outra maneira, a mais frustrante possível.

Então técnico do Atlético-PR, o vice-campeão daquele ano, com 86 pontos, três a menos que o Peixe, se diz magoado. Isso porque chegou a liderar o Brasileirão com o Furacão por cinco rodadas consecutivas e só perdeu o posto na penúltima rodada. À época, chegou a dizer que o time poderia seguir no "piloto automático" para erguer a taça, declaração que foi ironizada pelo ex-lateral-esquerdo santista Léo.

- Meteram a mão no Atlético-PR! O Eurico Miranda (presidente do Vasco) entrou em uma briga com o Petraglia (presidente do Atlético-PR) e virou um inferno. O Santos teve méritos, claro. Eu faço brincadeira, mas aconteceu isso, do Eurico Miranda dizer que o Atlético-PR não venceria. Trocaram o time todo para jogar contra o Santos, foi chato. Essa história me magoou muito, mas não foi a pior, tive outras derrotas mais contundentes. Também tive coisas boas inacreditáveis. Procuro não ficar corroendo por que perdi - conta o técnico, em entrevista ao LANCE!.

Após 13 anos, Levir Culpi trocou de lado, assumiu o Santos e até eliminou o Atlético-PR da Libertadores. Coincidentemente, ele tem a chance de conduzir o Peixe na disputa pelo título do Brasileirão em circunstâncias parecidas.

Após 26 jogos no comando do Peixe, o técnico vê o time na segunda colocação a oito pontos atrás do líder, o Corinthians, e precisará da mesma força da equipe que o superou em 2004.

Desta vez, nada de piloto automático, pelo contrário. Se depender dele, o motivação não vai faltar para o Santos na reta final da competição, restando dez rodadas para o fim.

- Me lembro que o Santos tinha os Meninos da Vila que já despontavam como craques. Hoje temos um time que consegue vencer qualquer um, não é qualquer time que pode falar isso. O Santos pode. E pode ganhar de qualquer time brasileiro e sabemos da tradição. Desde essa época é um time de chegada - aponta.

Diferentemente de 2004, quando o Santos contava com Diego, Robinho, Léo, Elano, Deivid, entre outros, o ponto forte do Peixe de Levir é o sistema defensivo, o segundo menos vazado do Brasileirão. O ataque é o quarto pior da competição, ao lado da Ponte Preta, mas não preocupa o comandante.

O que incomoda o técnico santista é dizer que o time é defensivo...

- Não me preocupa. Se eu disser que a gente joga no 4-2-4, você acredita? Vamos supor que jogue Alison e Matheus Jesus, sendo que esse é um volante técnico, não marcador. Depois tem Lucas Lima, Copete, Ricardo Oliveira e Bruno. Esse time é defensivo? Jamais se pode dizer isso! Os laterais são Victor Ferraz e Zeca. Esse time é defensivo? Não! Acontece que às vezes o encaixe do time é outro. No Atlético-MG encaixei um time que fazia muitos gols. Aqui no Santos não faltam chances. Alguns jogadores perderam um pouco da regularidade, casos do Copete e do Ricardo, que não estava fazendo muitos gols antes de fazer contra o Palmeiras. Eles normalmente decidem os jogos. Não vejo como alguém chegar aqui e deixar esse time mais ofensivo. O que você faria? Tem algumas coincidências de não estar em fase boa, bola não entrar, mas acho que o Santos joga de igual para igual com qualquer time brasileiro... e até vence!

Com muito bom humor, algumas broncas e uma dose de mágoa, o Santos não abandona a briga pelo título brasileiro, o primeiro desde... 2004.

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