LANCE! Espresso: O dilema de Renato, jogador e agora dirigente
'Em ano confuso nos bastidores, Santos tomou mais uma atitude na base do improviso'
O Santos entra em campo domingo, contra o Cruzeiro, e terá um dirigente à disposição de Cuca para jogar no Mineirão. O volante Renato foi anunciado na terça-feira como executivo de futebol, cargo antes exercido por Ricardo Gomes, que arrumou as malas e partiu para o Bordeaux. O jogador de 39 anos já anunciou que vai se aposentar no fim do ano, mas o clube entendeu que ele pode exercer as duas funções simultaneamente até lá. Pode? Não deveria. Primeiro porque Renato não teve nem a chance de buscar formação para exercer o cargo. Mesmo sendo um dos grandes ídolos do Peixe neste século, não é possível cravar que terá sucesso também como membro da diretoria. Além disso, é indiscutível o conflito de interesses. Cuca foi um incentivador da ideia, o que corrobora a impressão de que tomou as rédeas do clube desde o caso Carlos Sánchez. Mas se em campo (ou no banco) Renato obedece aos comandos do treinador, fora dele, em tese, a hierarquia se inverteria. Em uma eventual má fase do Santos até o fim do Brasileiro Renato terá autonomia para contestar o trabalho de Cuca, seu padrinho na nova função? Parece uma hipótese fora de cogitação. E como ficam os outros jogadores, que terão questões salariais e contratuais absorvidas por Renato, ao mesmo tempo que dividem a rotina de treinos e jogos com o atleta-executivo? A decisão do Santos evidencia ainda uma cartada eleitoreira do presidente José Carlos Peres, cada vez mais isolado politicamente, sem apoio dos torcedores e correndo o risco de impeachment nos próximos dias. Por sua vivência no futebol e seriedade como pessoa, Renato tem totais condições de se tornar um bom executivo. Só poderia ter esperado para iniciar esta nova jornada depois de pendurar as chuteiras. Em um ano extremamente confuso nos bastidores, o Santos tomou mais uma atitude na base do improviso.
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