Palmeiras tem direito de resposta no Clarín após texto que relacionava o clube com o fascismo na 2ª Guerra

Publicação alegava que o Verdão era defensor da candidatura de Jair Messias Bolsonaro, do PSL, e fez este adendo histórico, rebatido pelo clube em texto publicado nesta noite

Maurício Galiotte
Palmeiras, comandado pelo presidente Maurício Galiotte, teve direito de resposta no Clarín (Foto: Cesar Greco)

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O Palmeiras conseguiu direito de resposta no Clarín, jornal argentino, que mais cedo publicou um texto relacionando o clube com o fascismo na Segunda Guerra Mundial. A matéria rebatida pelo Verdão foi motivada pela candidatura de Jair Messias Bolsonaro. A publicação dizia que a torcida e o clube eram adeptos do concorrente à presidência pelo PSL.

Para fortalecer este argumento, citou a dedicatória ao presidenciável feita por Felipe Melo no gol marcado contra o Bahia, e gritos homofóbicos de uma pequena parcela da torcida em uma estação de metrô em São Paulo (SP).

"O Palmeiras, em momento algum, declarou apoio a qualquer candidato a presidente do Brasil. (...) E o Palmeiras não é responsável por atos isolados de torcedores que não representa a instituição e seus valores. São 16 milhões de palmeirenses espalhados por todo o país, e generalizar que a torcida do Palmeiras apoia determinado candidato é, no mínimo, imprecisão jornalística e incoerência, já que, no mesmo texto, é citada a existência de um grupo chamado Palmeiras Antifascista", diz o texto do Verdão.

A publicação do periódico argentino fez um paralelo histórico, também rebatido fortemente pelo clube. "A história da instituição não é um detalhe. Foi fundada com outro nome: Palestra Itália, em 1914; e segundo historiadores, durante a Segunda Guerra Mundial foi um embrião fascista dentro do Brasil", escreveu a repórter.

"Não sabemos quais historiadores foram consultados, mas, certamente, não conhecem a história do clube e do futebol brasileiro. Em nossa ata de fundação, em 1914, constam os nomes de 46 pessoas, entre elas, brasileiros sem nenhuma ascendência italiana (portanto, nunca houve distinção étnica no clube). Fomos fundados por operários, trabalhadores e profissionais autônomos. Enfrentamos o establishment do futebol paulistano, à época dominado pela aristocracia, e fomos um dos grandes responsáveis pela popularização do esporte na cidade. O contingente de torcedores do Palestra Italia lotando os jogos do time foi, inclusive, motivo de artigo de jornal, impressionado com a capacidade do clube de mobilizar as massas. E não havia restrição de etnia, de gênero ou de classe social nessas massas", acrescenta o texto do Palmeiras.

O clube se posicionou de forma neutra na disputa presidencial, que teve o primeiro turno disputado no último domingo. Jair Bolsonaro enfrentará Fernando Haddad, do PT, no segundo turno, marcado para o dia 28 de outubro.

Veja abaixo a nota completa do Palmeiras:

"Com relação ao artigo "'La disputa política llega al fútbol: la hinchada del Palmeiras se declara ‘bolsonarista’", a Sociedade Esportiva Palmeiras vem a público esclarecer:
O Palmeiras, em momento algum, declarou apoio a qualquer candidato a presidente do Brasil. Como o próprio texto ressalta, o clube, após as declarações do atleta Felipe Melo, emitiu uma nota ratificando a posição de neutralidade nas eleições, lembrando que se tratava de uma posição pessoal do jogador.

Sobre o vídeo com canções homofóbicas no metrô, o Palmeiras não é responsável por atos isolados de torcedores que não representa a instituição e seus valores. São 16 milhões de palmeirenses espalhados por todo o país, e generalizar que a torcida do Palmeiras apoia determinado candidato é, no mínimo, imprecisão jornalística e incoerência, já que, no mesmo texto, é citada a existência de um grupo chamado Palmeiras Antifascista.

Tão grave ou mais são as afirmações de que o Palmeiras é uma “institución con una dura historia vinculada al fascismo italiano”, que era “un germen fascista dentro de Brasil” e que “no pudo sin embargo desprenderse de la fama de racista que había sabido ganar”. Não sabemos quais historiadores foram consultados, mas, certamente, não conhecem a história do clube e do futebol brasileiro.

Em nossa ata de fundação, em 1914, constam os nomes de 46 pessoas, entre elas, brasileiros sem nenhuma ascendência italiana (portanto, nunca houve distinção étnica no clube). Fomos fundados por operários, trabalhadores e profissionais autônomos. Enfrentamos o establishment do futebol paulistano, à época dominado pela aristocracia, e fomos um dos grandes responsáveis pela popularização do esporte na cidade. O contingente de torcedores do Palestra Italia lotando os jogos do time foi, inclusive, motivo de artigo de jornal, impressionado com a capacidade do clube de mobilizar as massas. E não havia restrição de etnia, de gênero ou de classe social nessas massas.

O Palestra foi, sim, duramente perseguido durante a Segunda Guerra por conta do posicionamento do governo brasileiro. Foi vítima de preconceito unicamente por ter “Italia” no nome. O clube nunca declarou apoio ao Eixo. Inclusive, um dos jogadores ícones do time em 1942, quando o clube foi obrigado a mudar de nome, era o negro Og Moreira...

Feitos os devidos esclarecimentos, lamentamos profundamente que os leitores de um jornal da importância do Clarín tenham se deparado com um texto com tanto desconhecimento histórico e com tanta generalização incorreta.
Atenciosamente,
SE Palmeiras"

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