Marcos Rocha abre o jogo sobre Mano e retorno ao Beira-Rio: ‘Deram volta olímpica e não foram campeões’

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, lateral-direito fala das mudanças com o novo técnico do Palmeiras e do retorno ao estádio em que foi eliminado da Copa do Brasil, há dois meses

Marcos Rocha Palmeiras
Marcos Rocha afirma que Palmeiras precisa aproveitar abalo do Inter pelo vice na Copa do Brasil (Agência Palmeiras)

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Após cumprir suspensão por acúmulo de cartões amarelos na vitória por 6 a 2 sobre o CSA, Marcos Rocha retorna ao Palmeiras neste domingo, para enfrentar o Inter, no Beira-Rio, às 16h, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro. Sem esquecer da festa colorada na última passagem do Verdão pelo estádio, com direito a volta olímpica para comemorar a classificação, nas quartas de final da Copa do Brasil. Mas sem título, como o próprio lateral lembra.

Mais uma prova do estilo do camisa 2. Durante os cerca de 15 minutos de entrevista exclusiva ao LANCE!, Marcos Rocha se mostrou à vontade e abriu sorrisos ao comentar provocações. Incluindo as antigas, que travou ainda em Minas Gerais, pelo Atlético-MG, contra o Cruzeiro de Mano Menezes, hoje o técnico que tem mudado o perfil do Palmeiras - e ele detalha o que vem sendo alterado, comemorando mais liberdade para atacar. Falou ainda de Seleção e até das polêmicas cobranças de lateral na área.

Confira a conversa exclusiva com o dono da lateral direita do Verdão:

Você voltará a ser titular, contra o Inter, no Beira-Rio, onde foi eliminado da Copa do Brasil, há pouco mais de dois meses. O que pensa desse jogo?
Jogo muito difícil, e importante para a nossa sequência, porque almejamos ser campeões. Ficou aquela mágoa, pequena. O Inter aproveitou a situação, comemorou, deu volta olímpica, mas, no final, acabou que não ganharam o título. Vamos lá para fazer o nosso melhor, buscar três pontos muito importantes pelo que almejamos durante a competição. São dez jogos em que achamos que pode definir o campeonato até o final.

Você já ganhou no Beira-Rio pelo Atlético-MG...
Já. No Atlético-MG, buscamos jogos importantes lá, com vitórias importantes. Mas é difícil. O Internacional tem uma grande equipe. Temos de aproveitar o momento. Estamos em um momento que está ficando bom, e para o Internacional, logicamente, pesa um pouquinho a decisão (da Copa do Brasil, vencida pelo Athletico-PR). Temos de aproveitar o emocional deles e buscar a nossa vitória.

Você jogou 18 rodadas no Brasileiro e se aproxima dos jogos do ano passado (tem 35 jogos neste ano, e atuou 45 em 2018), com três meses de antecedência. Qual é o seu balanço da temporada?
Fico feliz pelo ano que venho fazendo, quase batendo os números do ano passado. Agradeço bastante à fisioterapia e à estrutura do Palmeiras. No ano passado, tive algumas lesões que incomodaram bastante. Neste ano, conseguimos evitar. Eu me preparei melhor para que essas lesões não atrapalhassem a minha sequência de jogos. É aproveitar o momento, tentar jogar o máximo possível. Já penso no jogo de domingo, que será importante. Só pensamos em vitória, porque é o que nos interessa até o final do campeonato.

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No fim da passagem pelo Atlético-MG e no ano passado, você sofreu com lesões. Neste ano, vem tendo sequência. A que você atribui isso?
Trabalho e consciência corporal que vamos adquirindo com a experiência durante o tempo no futebol. Sempre procuro melhorar essa parte física, buscando solução para as lesões. Temos uma equipe muito forte dentro do Palmeiras. A cada dia e ano que passa, procuram evoluir a academia e o trabalho de fisioterapia, e isso vem nos ajudando a melhorar a performance. Meus resultados estão aí, com 18 jogos no Campeonato Brasileiro. Até brinquei com eles que fazia tempo que eu não conseguia fazer esse número de jogos em sequência. Agradeço ao Palmeiras pela estrutura. Aproveito ao máximo.

A evolução do ano passado para agora é física mesmo?
É bem física. Eram fibroses, lesões antigas que vinham me incomodando e, às vezes, davam rupturas pequenas que acabavam me afastando do trabalho, e eu perdia condicionamento físico. O Mayke vinha em uma sequência muito boa, muito importante dentro do Palmeiras no ano passado e, infelizmente, teve lesão que o afastou. Mas a minha evolução é mais física, para que o trabalho fosse feito direcionado nessas pequenas lesões e eu não sofresse como no ano passado.

Você é líder de desarmes do Campeonato Brasileiro. Trabalha pensando nisso?
Sempre evoluí, e procurei evoluir no meu dia a dia, nos treinamentos. Tive experiência no Palmeiras com o Roger (Machado) e o Felipão, precisando trabalhar bastante essa parte defensiva. Fico feliz que os números vêm mostrando o resultado dessa evolução. Preciso continuar procurando fazer o melhor para que o Palmeiras vença. Quando os números mostram, é sinal de que o trabalho vem sendo bem feito.

Você foi rival do Mano durante alguns anos. Como é tê-lo como comandante?
Não vou falar que me surpreendeu, porque ele tem grandes resultados na carreira. A partir do momento em que foi feito o contato com ele, e os trabalhos que tivemos em três semanas, foi prazeroso e interessante conhecer o trabalho dele pessoalmente. Eu só tinha ouvido pelo Diogo (Barbosa), quando o Palmeiras o anunciou, de que seria um treinador que gosta de trabalhar com a bola e mudar o nosso estilo de jogo, procurando dar alternativas para nós, dentro de campo. Fiquei feliz com o trabalho dele, bastante contente com o primeiro contato. Com certeza, vamos evoluir muito com ele.

Conversaram sobre os tempos de rivalidade em Minas Gerais?
Não. Ainda não brincamos, não (risos). Sempre teve muito respeito. Ele provocava de um lado, nós provocávamos de outro. Hoje, o respeito é muito grande pelo trabalho dele, e ele sabe que pode contar comigo.

O Mano falou abertamente que queria dar mais segurança para os laterais atacarem, e isso tem acontecido.
Ganhamos um pouco mais de liberdade para chegar ao ataque, mas ele sempre cobra postura defensiva. Fiquei feliz com as partidas que fiz com ele no comando, dando assistência e chegando mais perto da área para tentar construir pelo meio. Sempre tive essa característica de entrar por dentro da zaga. Evoluí. Falta um pouquinho ainda de confiança para fazer as jogadas, colocando a bola no chão. É uma mudança um pouco radical do que vínhamos fazendo, mas temos uma equipe muito experiente e madura para assimilar isso rapidamente e conseguir fazer com perfeição.

Realmente, você joga muito por dentro, como o Tite já disse que gosta de ver os laterais fazendo na Seleção. Isso te dá esperança para ser convocado?
Sempre gostei de trabalhar bastante com a bola. Nunca me omiti durante os jogos, sempre procurei dar opção. Temos um jogador de beirada muito importante no mano a mano, que é o Dudu, e sempre procuramos fazer esse balanço, com o lateral um pouco mais por dentro para que ele possa pegar a bola na lateral, indo para cima do adversário, com tranquilidade, sempre com segurança, porque é um jogador muito importante. Em relação à Seleção, procuro fazer o melhor dentro do clube. Venho tentando evoluir nas partes física e técnica para, quem sabe, ter uma chance. Mas, hoje, a Seleção Brasileira está muito bem servida de laterais, com Danilo e Daniel (Alves), que são grandes laterais. Estamos bem representados por eles.

Falando em Seleção, o Mano chegou a te convocar. Falou disso com você?
Não. Não chegamos ainda a tocar muito em assunto do passado, não. Mas tenho certeza de que, quando ele me escolheu para a Seleção, foi por que eu vivia um grande momento dentro do meu clube e dei respaldo para ele, vestindo a camisa da Seleção Brasileira.

Você teve sucesso em times muito verticais, como o Atlético-MG campeão da Libertadores de 2013 com o Cuca e o Palmeiras campeão brasileiro de 2018 com o Felipão. Qual é a dificuldade para mudar para o estilo que o Mano quer?
É confiança, né? Para ter a bola. É muito difícil construir trabalhando a bola, girando de um lado para o outro. A torcida não tem muita paciência para isso, está acostumada a um time que vai sempre direcionado ao gol, de qualquer forma. Mas o Mano nos pede paciência. Teve um jogo em que, no primeiro tempo, fizemos oito ou dez cruzamentos, e ele chamou a nossa atenção, dizendo: 'Está cruzando muito a bola na área, e não quero isso, é para trabalhar a bola, rodar, começar de novo, levar para o outro lado, tentando balançar a zaga adversária'. A partir do momento em que você tem confiança e tranquilidade para ter a bola contra o adversário, isso vai facilitar para que nós, jogadores, pela qualidade e experiência que temos, façamos de uma forma natural. Na hora em que começarmos a fazer de uma forma natural, nosso jogo será bem visto.

No gol contra o Cruzeiro, você para, olha, e toca para trás, em direção ao Willian. É um exemplo desse futebol mais calmo?
Nesse jogo, eu já tinha chegado duas vezes e cruzado, não de qualquer forma, mas de primeira, tentando buscar o Luiz (Adriano) ou o Willian, que sempre entram na área. O Mano nos pediu para ter calma, chegar à linha de fundo e tentar segurar a bola e olhar. Foi naquele momento que, com tranquilidade, segurei, esperei o momento certo de fazer o cruzamento, e a bola sobrou para o Luiz tocar para o Bruno (Henrique). Essa evolução ainda teremos, até o final do ano. No ano que vem, que possamos fazer tudo naturalmente.

Incomoda ouvir tanto que o Palmeiras só usa cobrança de lateral na área, uma marca sua desde o Atlético-MG?
É uma jogada que sempre tive, né? Usamos bastante com o Felipão aqui, pelo momento que a equipe vivia, também, sem construir muitas jogadas de gol. Por ter zagueiros altos e bons no cabeceio, usávamos bastante essa jogada. O Mano pediu para bater o lateral mais rapidamente, para colocar a bola no chão e tentar construir as jogadas. Mas, logo na estreia dele, contra o Goiás, usamos a jogada e conseguimos o gol da virada. Se usarmos no momento certo, importante durante a partida, para buscarmos uma vitória ou empate, o Mano não vai brigar se usarmos, não.

No ano passado, o Palmeiras estava na frente, Agora, precisa secar o Flamengo. Como vocês lidam com isso?
Procuro me informar dos resultados. O Flamengo tem jogado na nossa frente, então sempre entramos sabendo que temos de ganhar, senão eles se distanciam. Com quem está abaixo de nós, ficamos felizes quando os resultados são negativos, porque conseguimos abrir uma margem e se distanciar do terceiro e do quarto colocados, o que é importante para termos tranquilidade para trabalhar e buscar a primeira colocação.

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