Deyverson veste a 16, chora com o pai e canta música de Belo no Verdão

Atacante é chamado de craque por vice-presidente e dá show de carisma em sua primeira entrevista coletiva na Academia de Futebol. Ele se emocionou ao lembrar de sua história

Deyverson foi apresentado ao Palmeiras
Cesar Greco

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Deyverson ainda não estreou pelo Palmeiras, mas já deu seu primeiro show com a camisa do clube. O atacante de 26 anos, que pertencia ao Levante (ESP) e atuou por empréstimo pelo Alavés (ESP) na última temporada europeia, recebeu a camisa 16 das mãos do vice-presidente Antonino Jesse Ribeiro - que o chamou de "craque" -, admitiu que ainda não está 100% fisicamente, chorou junto com o pai ao lembrar de sua trajetória e terminou cantando "Pra Ver o Sol Brilhar", música do cantor Belo, que é torcedor do Verdão.

- Estamos aqui para apresentar um craque que, há cinco anos, saiu do Brasil, foi para Portugal, Alemanha, e na Espanha se tornou revelação. Deyverson é um grande craque que vai integrar o nosso magnífico elenco. Mais um que vem se juntar à família palmeirense e que vai trazer, com certeza, mais alegria a todos que compõem o Palmeiras - disse Jesse Ribeiro, antes de entregar o uniforme ao reforço.


Deyverson só abandonou o sorriso quando um repórter pediu que ele contasse as dificuldades que passou até se tornar jogador. Ele chorou e ganhou um forte abraço do pai, Carlos, que acompanhava a entrevista de perto e também já estava com lágrimas nos olhos.

- Se eu for contar minha história, vou chorar. Não sou nenhum anjinho para falarem que sou um coitadinho, mas é complicado. Na minha vida, é primeiramente Deus e depois meu pai (emocionado). Um cara que batalhou por mim, deixava de dar comida em casa para dar dinheiro para eu treinar. É um cara que peço muito a Deus pela vida dele, da minha família. Sofri muito, acordava 4h para ir treinar, bati muitas vezes e voltei, mas nunca desisti. Não queria mostrar para as pessoas que era capaz para colocar alguém para baixo, mas para realizar meu sonho. Não sou melhor do que ninguém, só queria meu espaço. Como o futebol não estava dando, pensei em desistir, vendi salgado em barraquinha, andando de bicicleta, ajudei as pessoas a levar sacola no mercado, tirava entulho do portão. Isso é orgulho, porque se não tivesse feito tudo isso não estava aqui no Palmeiras. Me sinto como Golias, que derrubou um gigante. Me sinto assim, como se tivesse derrubado um gigante. Agradeço muito aos clubes que me rejeitaram, agradeço a eles por terem falado não, porque se falasse sim talvez eu não estaria aqui - explicou o jogador, antes de lembrar de seus tempos de pagodeiro.


- Depois que passou essa turbulência, eu falei: "Ah, meu irmão, vender salgado não deu certo, caldo de cana não deu certo, ajudar no mercado não deu certo... Alguma coisa vai dar. Vou virar pagodeiro, vou para o mundão". Aí comecei a cantar pagode no Boa Influência, Juventude do Samba, os grupos que a gente inventava lá. A gente cantava pagode para ganhar um copo de mocotó e um guaraná, mas tocava feliz - lembrou, para logo depois aceitar as sugestões do jornalistas e se arriscar cantando.


Deyverson acaba de voltar de férias e ainda não teve seu nome publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. É improvável, portanto, que ele já esteja à disposição de Cuca para o jogo de quarta-feira, contra o Flamengo. Vontade não falta:

- Se eu falar que estou preparado é mentira, mas com muita vontade eu estou. Se o clube falar para jogar amanhã, eu jogo. Não estou 100%, mas estou à disposição do clube - declarou.

Com aporte da Crefisa, o Palmeiras pagou 5 milhões de euros (R$ 18 milhões) para contratar Deyverson, que marcou gols contra Barcelona e Real Madrid na Espanha.

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