Tática de se expor ao mundo é trunfo do Brasil por soberania no Parapan

Delegação de 337 atletas vai aos Jogos de Lima com o que tem de melhor, diferentemente dos Estados Unidos, que poupam atletas de forma estratégica e buscam rodar promessas

Brasil no Parapan (Foto: Ale Cabral/CPB)
Brasil tem delegação de peso no Parapan, com nomes como o de Petrúcio Ferreira, ao centro (Foto: Ale Cabral/CPB)

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Duas das principais forças esportivas paralímpicas das Américas, Brasil e Estados Unidos estiveram lado a lado na última quinta-feira, durante a cerimônia de hasteamento da bandeira dos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru. Uma diferença, no entanto, era evidente entre as delegações para quem conhece o movimento a fundo.

Enquanto o time verde e amarelo ostenta o que tem de melhor, desde a nova geração promissora até astros do nível do nadador Daniel Dias, do judoca Antônio Tenório e do jogador de goalball Leomon Moreno, que será o porta-bandeira da delegação na abertura, nesta sexta-feira, às 21h (de Brasília), no Estádio Nacional, o rival da América do Norte não apresenta todas as suas caras mais famosas, e dá lugar a nomes que ainda buscam rodagem no cenário internacional. Os Jogos de Lima são uma boa oportunidade para isto.

– Os Estados Unidos trazem aquilo que é conveniente para eles no momento. Eles trouxeram, sim, atletas que precisam competir e deixarão outros nomes para o Mundial. O Brasil tem trabalhado com uma estratégia um pouco diferente e não tem tido medo de se mostrar ao mundo. Se fizer um retrato do mapa das competições, nós talvez sejamos o país que mais compareceu a eventos – afirmou Alberto Martins, diretor técnico do CPB e chefe de missão.

A despreocupação dos americanos com o Parapan em esportes que são considerados "carros-chefe" reforça a soberania do Brasil, que liderou o quadro de medalhas nas últimas três edições do evento. Em Toronto-2015, os Estados Unidos ficaram em terceiro lugar, com 40 ouros. O Brasil, líder, chegou a 109. O Canadá, em segundo, levou 50.

Já na Paralimpíada do Rio, um ano depois, os americanos encerraram na quarta colocação, com 40 ouros. Os brasileiros terminaram em oitavo, com 14. A China, que liderou, com 107 medalhas douradas, também apostou na estratégia de "esconder o jogo" e levar atletas até então desconhecidos, sobretudo na natação. O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) critica a atitude e busca aproveitar as oportunidades que tem de difundir o esporte paralímpico.

– Os Estados Unidos aparecem pouco. A China não se mostra ao mundo de forma nenhuma. Não temos tido esse receio. Acreditamos que temos de contribuir para a divulgação do esporte paralímpico. Aparecer no mundo e no país é muito importante para o desenvolvimento. Se estivermos bem preparados, chegaremos aonde pretendemos – completou o dirigente.

Um total de 337 brasileiros (216 homens e 121 mulheres) entrará em ação na capital peruana. A delegação teve um aumento de 23,8% em relação a Toronto-2015, quando 272 atletas (176 homens e 96 mulheres) representaram o país. A proporção entre os gêneros se manteve a mesma: 64% competidores são do sexo masculino e 36% são do feminino.

Além dos Estados Unidos, os maiores rivais do Brasil no Parapan são o Canadá, segundo colocado na última edição, quando sediou o evento, e o México, que ficou em quarto em Toronto. A Colômbia está em ascensão.

O vôlei sentado e o rúgbi em cadeira de rodas farão suas estreias no Parapan nesta sexta-feira. No primeiro, os brasileiros enfrentam o Peru, às 10h (de Brasília). No segundo, a equipe verde e amarela mede forças com Colômbia, às 11h30. As disputa do tênis de mesa terão sequência a partir das 9h.

A DELEGAÇÃO BRASILEIRA EM NÚMEROS

GÊNERO
Masculino: 216 atletas - 64%
Feminino: 121 atletas - 36%
Total: 337 atletas

ESPORTES
Tênis em cadeira de rodas: 5 atletas (1,5%)
Taekwondo: 7 (2,1%)
Tiro Esportivo: 8 (2,4%)
Futebol de 5: 10 (3,0%)
Futebol de 7: 12 (3,6%)
Goalball: 12 (3,6%)
Bocha: 13 (3,9%)
Judô: 13 (3,9%)
Ciclismo (estrada): 14 (4,2%)
Parabadminton: 14 (4,2%)
Halterofilismo: 21 (6,3%)
Basquete em cadeira de rodas: 24 (7,2%)
Vôlei sentado: 24 (7,2%)
Tênis de mesa: 30 (9,0%)
Natação: 40 (11,9%)
Atletismo: 78 (23,3%)
Total: 337

TIPO DE DEFICIÊNCIA
Física: 245 (72,7%)
Visual: 67 (19,9%)
Intelectual: 5 (1,5%)
Ausente: 20 (5,9%)
Total: 337

IDADE
A caçula: Maria Clara Augusto (atletismo, classe T47) - 15 anos
O mais velho: Ecildo Oliveira (tênis de mesa, classe 4) - 56 anos

* O repórter viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)

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