Italo Ferreira: ‘Não estou pensando na Olimpíada. Quero título mundial’

Potiguar, que divide a liderança do ranking da WSL com o australiano Julian Wilson, chega embalado para a etapa de Saquarema (RJ), após conquistar a sua primeira vitória no WCT

Italo Ferreira vem de título na etapa de Bells Beach, o seu primeiro no WCT 
WSL / ED SLOANE

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A tradição brasileira de amedrontar os surfistas de outros países continua, e o nome da vez é Italo Ferreira. O potiguar, que defende a liderança do ranking com o australiano Julian Wilson, é atração do Oi Rio Pro, etapa brasileira do Circuito Mundial (WCT), que começa nesta sexta-feira, em Saquarema (RJ), e tem janela até o dia 20 de maio. A primeira chamada acontece às 6h30.

A recuperação de Italo depois de um ano repleto de incertezas impressiona. Ele fechou a temporada passada apenas na 22ª colocação, e quase ficou fora da elite em 2018.

Seus melhores resultados na ocasião foram dois quintos lugares, em Gold Coast (AUS) e no Pipe Masters, no Havaí. Ele perdeu três etapas após torcer o tornozelo direito na volta de um aéreo de backside em um treinamento na Austrália, em março.

Dono de estilo agressivo, Italo viveu momentos de destaque desde 2015, quando estrou na elite. Mas faltava ganhar uma etapa. A lacuna gerava uma cobrança, do próprio surfista e dos que acreditavam em seu potencial.

Após três anos no WCT, o triunfo, carregado de energia, aconteceu em Bells Beach, em abril deste ano, em final contra o ídolo Mick Fanning, tricampeão, que se aposentou naquele evento.

– Bells foi algo incrível. Eu precisava vencer uma etapa e tirar um peso das minhas costas, aquela cobrança de nunca ter vencido uma etapa antes, para pensar em ser campeão do mundo. Por ter sido contra o Fanning, foi ainda mais especial. Minha semana foi perfeita. Senti que tudo estava fluindo – falou o surfista, em entrevista ao LANCE! durante evento da Oi, em Saquarema.

Italo é sincero ao falar sobre Tóquio-2020. Os Jogos não são uma prioridade.

– Não estou pensando na Olimpíada. Ela está cada vez mais perto, mas não tenho como não focar só na disputa pelo título mundial. Vivo o melhor momento da minha carreira e, como qualquer surfista, meu maior objetivo é ser campeão – disse o atleta d 24 anos.

"Acredito que o desempenho em 2019 será decisivo para refletir quem serão os dois brasileiros nos Jogos. Vai ser uma consequência, não algo que irei buscar"

Cada nação poderá classificar pelo menos dois surfistas por naipe para os Jogos Olímpicos. No Japão, a modalidade fará sua estreia no programa olímpico. Italo lembra que o Circuito Mundial será um dos critérios para classificar os atletas e deixa essa questão para o ano que vem.

– Acredito que o desempenho em 2019 será decisivo para refletir quem serão os dois brasileiros nos Jogos. Vai ser uma consequência, não algo que irei buscar – falou o surfista.

Até o momento, o potiguar de Baía Formosa segue roteiro semelhante ao de Adriano de Souza, o Mineirinho (atual 10º colocado), em 2015, ano de seu título mundial. O paulista começou aquela temporada embalado, com um título na terceira etapa.

Já Italo iniciou 2018 com um 13º lugar, em Gold Coast, mas em seguida faturou o título em Bells e estava classificado para a terceira fase em Margaret River, até o evento ser cancelado devido a dois ataques de tubarões a surfistas em local próximo ao da competição. Para repetir o roteiro do amigo, ele sabe o que pode fazer a diferença em uma edição tão equilibrada quando a atual.

– Hoje, Jeffreys Bay (AFS) e Hossegor (FRA) são meus maiores desafios. Na primeira, sempre surfo muito, mas acabo não vencendo as baterias (risos).  Vou tentar trabalhar melhor minha estratégia este ano. Acho que ainda tenho o que mostrar nessas ondas. Se eu for bem lá, tenho certeza de que isto fará uma diferença enorme na briga pelo titulo no final do ano.

BATE-BOLA
Italo Ferreira - surfista, ao LANCE!

'Agora que cheguei ao topo é o que o bicho pega'

Mick Fanning é um ídolo com quem você teve a chance de conviver e despachar na última bateria da carreira. Que memórias vai guardar dele? 
A gente ainda se fala, muitas vezes por mensagem. Seja sobre surfe ou apenas por zoeira. Ele me incentiva. Nunca esqueço que, em 2013, fui para a Austrália estudar e minha mãe pediu que eu tirasse uma foto com o Fanning e enviasse para ela. Foi a primeira coisa que fiz quando cheguei. No último campeonato, antes da final, mostrei a imagem a ele, que deu risada e disse que lembrava de mim. Eu, com meu inglês horrível na época, tentava explicar que minha mãe queria a foto (risos). É um cara que respeito bastante.

Que avaliação faz do seu surfe neste momento? Em que aspectos mais tem percebido uma evolução e o que falta?
Estou sentindo uma evolução, sobretudo fora d'água. A parte física realmente melhorou. Hoje, estou muito mais bem preparado e isso faz a diferença. No meu surfe, é claro que preciso melhorar a cada dia, mas consigo me adaptar fácil a qualquer condição de onda. O que dá mais trabalho é a parte física e mental, que tenho trabalhado bastante nos últimos meses. 

Após a decisão da WSL de cancelar a etapa de Margaret River devido aos ataques de tubarão, acredita que a reivindicação pelo fim de locais com risco no Circuito será ouvida?
Acredito que foi uma das decisões corretas da WSL. A vida em primeiro lugar. Foram dois ataques em menos de 24h. Depois, ainda aconteceu outro. Não podemos brincar com a sorte. Mesmo com toda a tecnologia, isso pode acontecer. Ao mesmo tempo, é preciso evitar. Nós temos de respeitar o ambiente dos animais. Nós somos os "invasores".

Sente-se mais visado pelos adversários?
Agora que cheguei ao topo é o que o bicho pega (risos). Mas quero treinar etapa por etapa e manter essa camisa amarela. 

Confira as baterias da primeira fase masculina do Oi Rio Pro

1.a: Filipe Toledo (BRA), Kanoa Igarashi (JPN), Ian Gouveia (BRA)
2.a: Jordy Smith (AFR), Tomas Hermes (BRA), Miguel Pupo (BRA)
3.a: Owen Wright (AUS), Wade Carmichael (AUS), Wiggolly Dantas (BRA)
4.a: John John Florence (HAV), Joan Duru (FRA), Mikey Wright (AUS)
5.a: Gabriel Medina (BRA), Jessé Mendes (BRA), Alejo Muniz (BRA)
6.a: Julian Wilson (AUS), Patrick Gudauskas (EUA), Deivid Silva (BRA)
7.a: Italo Ferreira (BRA), Connor O´Leary (AUS), Keanu Asing (HAV)
8.a: Adriano de Souza (BRA), Griffin Colapinto (EUA), Michael February (AFR)
9.a: Michel Bourez (TAH), Conner Coffin (EUA), Yago Dora (BRA)
10: Adrian Buchan (AUS), Sebastian Zietz (HAV), Ezekiel Lau (HAV)
11: Matt Wilkinson (AUS), Jeremy Flores (FRA), Willian Cardoso (BRA)
12: Kolohe Andino (EUA), Frederico Morais (PRT), Michael Rodrigues (BRA)

Confira as baterias da primeira fase feminina do Oi Rio Pro

1.a: Sally Fitzgibbons (AUS), Nikki Van Dijk (AUS), Coco Ho (HAV)
2.a: Tyler Wright (AUS), Caroline Marks (EUA), Bronte Macaulay (AUS)
3.a: Stephanie Gilmore (AUS), Malia Manuel (HAV), Taís de Almeida (BRA)
4.a: Lakey Peterson (EUA), Sage Erickson (EUA), Pauline Ado (FRA)
5.a: Carissa Moore (HAV), Silvana Lima (BRA), Paige Hareb (NZL)
6.a: Tatiana Weston-Webb (BRA), Johanne Defay (FRA), Keely Andrew (AUS)

* O repórter viajou a convite da Oi

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