Tatame de cama, fome e perrengue em favela: o ínicio de Aldo no MMA

L! conta história de superação do lutador através de amigos que o ajudaram no começo

José Aldo ao lado de Marcos Loro
(FOTO: Reprodução)

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Quem hoje vê José Aldo no topo do esporte, ostentando a posição número um peso-por-peso da maior organização de MMA do mundo e sustentando um dos maiores reinados da franquia na atualidade dificilmente imagina pelo que o brasileiro passou para chegar até aqui. Dias antes do UFC 194, que acontece neste sábado, onde luta contra Conor McGregor para unificar os cinturões dos penas do evento, o Lance! conta a história de superação do início de carreira do campeão dos penas.

Manauara, o lutador já fez da academia sua casa, fez tatame de cama, já passou fome, morou na favela e muito mais até se tornar o astro que é. Para contar essa história de superação, pessoas que foram importantes no início de carreira do atleta da Nova União.

Marcos Loro, atual campeão dos galos do Bellator, foi o responsável pela vinda de Aldo de Manaus para o Rio.  Depois de conhecê-lo nos treinos de jiu-jitsu, ele migrou para a Cidade Maravilhosa para "tentar a sorte" e logo recebeu um telefonema de Aldo. 

- Quando já estava no Rio, ele me ligou dizendo que queria tentar a sorte. Eu avisei que a vida era difícil, não tinha condições, só um patrocínio de cem reais por mês na época. Mas onde come um comem dois, né? No dia seguinte, cedo, quando acordo o cara já estava na academia. O cara é guerreiro, determinado. Era tão difícil no início que tínhamos de acordar mais tarde para não ter que tomar o café da manhã. Acordava 13h, 14h , só para almoçar e não ter que tomar o café. E tinha dia que a gente não tinha dinheiro para nada, era só na da água mesmo. O cara acima de tudo é determinação e talento. Ele nasceu com talento, é abençoado - descreveu Loro, que apesar da relação de amizade teve um rumo diferente na carreira e mantém o carinho à distância, já que hoje em dia mora nos EUA. 

O lutador Marlon Sandro, hoje um dos nomes mais respeitados da Nova União, conta que foi o primeiro a dar abrigo a Aldo no Rio, em 2004, antes de sua segunda luta profissional no MMA.

- Conheci o Aldo na academia. Quando ele chegou lá, era faixa-roxa e chegou a lutar uns campeonatos que eu fazia na comunidade. Depois começamos a treinar MMA juntos, puxar aula... Dali a gente foi se conhecendo. Via ele dormindo na academia até que levei ele lá para casa. A academia era muito fria, ele estava perdendo peso para uma luta, então o levei para a minha casa para dormir lá.  Depois ele lutou, ganhou e depois foi para a casa do Hacran (Dias). Ficou lá um tempo e melhorou as condições. Ele não tinha ninguém para dar nada. Ele sempre teve perseverança de conquistar as coisas, nunca desejou nada de ninguém e quis o dele. Conseguiu galgar coisas melhores e conquistar títulos. Um exemplo mesmo - avaliou.

Hacran Dias lembra da época em que a academia Upper, no Flamengo, onde fica localizada a Nova União, equipe de Aldo, tinha outra sede, em Botafogo. Enquanto enfrentava uma série de obras, Aldo foi impossibilitado de continuar dormindo vez ou outra no tatame da academia. Hacran ofereceu então um abrigo para o amigo em sua própria casa, na comunidade de Santo Amaro, em Botafogo, onde deixou Aldo em seu quarto e foi dividir espaço com seu irmão em outra dependência.


- Quando vi que ele não tinha outro lugar para ficar além da academia, falei com a minha mãe e o levei para a minha casa. Ele ficou no meu quarto, fui para o do meu irmão. Ele ficou uns oito meses até arrumar algo melhor - explicou Dias, também atleta do UFC.

Hacran ainda lembra que o local onde moravam era dominado pelo tráfico de drogas. Certo dia, Aldo estava no pé da favela quando um tiroteio começou.

- Já passamos por uma situação chata. Estava tendo muito tiroteio por conta do tráfico de drogas, e ele estava na rua. Liguei para ele e perguntei se podia dormir na casa de alguém, outro amigo. Ele não conhecia o morro, não sabia subir sozinho. Nesse dia estava tendo muito tiro e não tinha nem como eu buscá-lo. Tive medo dele não achar ninguém, mas ele conseguiu a casa de um amigo para dormir naquela noite, mas foi perrengue - recordou o lutador.

Perguntados se acreditam que tamanhas dificuldades transformaram José Aldo em um lutador mais guerreiro, todos concordam. Eles também compartilham da mesma opinião: o brasileiro vai atropelar McGregor.

- O Conor nunca passou por nada parecido, não vai chegar assim do nada e tirar do Aldo o que ele lutou tanto para conquistar. Aposto na vitória do Aldo contra o McGregor, claro. O bobo da corte sempre será o bobo da corte, e o rei é de verdade e nunca perde a majestade - finalizou.

José Aldo encara Conor McGregor neste sábado, pela unificação dos cinturões dos penas. O brasileiro vai em busca de sua oitava defesa de título na maior organização de MMA do mundo. 

Confira as lutas do UFC 194
Card principal
José Aldo x Conor McGregor
Chris Weidman x Luke Rockhold
Ronaldo Jacaré x Yoel Romero
Demian Maia x Gunnar Nelson
Max Holloway x Jeremy Stephens
Card preliminar
Urijah Faber x Frankie Saenz
Tecia Torres x Jocelyn Jones-Lybarger
Warlley Alves x Colby Covington
Léo Santos x Kevin Lee
Joe Proctor x Magomed Mustafaev
John Makdessi x Yancy Medeiros
Court McGee x Márcio Lyoto

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