Flávio Canto analisa o Brasil no Mundial de Judô e diz: ‘Liga o alarme’

Ex-judoca e grande nome do esporte no Brasil, Flávio Canto minimizou resultado negativo do país no Mundial de Judô deste ano, mas afirmou que medidas precisam ser tomadas

Judô Brasil
Flávio Canto analisou a participação dos brasileiros no Mundial deste ano (Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br)

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Por Yago Rédua 

Encerrado no último dia 27, o Mundial de Judô 2018, realizado no Azerbaijão, não teve um saldo positivo para o Brasil. No total, a delegação brasileira subiu ao pódio apenas uma vez, com Erika Miranda, que levou o bronze na divisão até 52kg entre as mulheres. Para entender melhor sobre esse desempenho ruim, a TATAME conversou com Flávio Canto, ex-judoca, que fez um balanço desta participação. Apesar de ligar o "sinal de alarme", o medalhista olímpico espera uma reação nas próximas competições importantes. Vale lembrar que este foi o pior resultado em Mundiais desde 2009, em Roterdã, na Holanda.

- Acho que é cedo para falar. Claro que liga o alarme, um resultado ruim. É importante termos uma relação do contexto. O Japão, que tinha conseguido 12 medalhas no último Mundial, neste conseguiu 16. Para ter uma noção, o segundo país com maior número de medalhas foi a França, com quatro. A realidade do Judô mundial hoje está com o Japão dominante demais. Depois que tiraram a catada de perna, os japoneses ficaram muito dominantes e eles estão investindo pesado pelo fato de sediarem as Olimpíadas de 2020. Uma medalha é muito ruim para o padrão que nos acostumamos de três, quatro. Acho que o nosso padrão são quatro medalhas. É o que a França, segunda colocada, fez. Então, tem esse olhar. Teve Mundial que conseguimos seis. No próximo Mundial, não podemos ganhar menos de três, aí começaremos a falar em uma mudança. Antes do Mundial de 2009, por exemplo, tivemos uma Olimpíada de 2008 muito boa, forma três medalhas. Nos Mundiais de 2010, 2011 voltamos a ter mais medalhas. Foi só um momento ruim - analisou.

Além disso, Flávio fez uma análise dos principais nomes da Seleção Brasileira que não foram bem nesta disputa, enalteceu o resultado de Erika Miranda e ainda comentou sobre as promessas do Judô brasileiro, que tiveram bons resultados em Baku, no Azerbaijão.

Confira abaixo a entrevista na íntegra com Flávio Canto:

- Análise dos principais nomes do Judô brasileiro


Rafaela Silva e Mayra Aguiar ainda estão voando. A Mayra foi bicampeã mundial ano passado, a Rafaela ganhou uma competição fortíssima na Hungria. Acho que no caso das duas, a Mayra foi surpreendida por uma chinesa mais desconhecida e a Rafaela perdeu para uma canadense que ela tem dificuldade. Está 3 a 2 para a canadense nos confrontos. Ela não é da primeira linha, mas é forte. Então, no caso dessas duas, a Mayra foi um pouco de surpresa, de não conhecer tanto a adversária, e a Rafaela, uma adversária que a atrapalha. O Baby pegou um japonês de cara, que é o vice-campeão olímpico. Ele não estava no ranking porque lutou pouco, então deu o azar de cair contra um dos principais da categoria. Já o Davi Moura lutou mal. Ele vem muito bem, mas nesse Mundial ele não foi bem. Perdeu para um cara do Uzbequistão que é duro, mas que o Davi poderia ter ganho. A Portela é a que tem menos chance de medalha, em relação a esses citados. O melhor resultado dela em Mundial foi um quinto, mas foi bem em outras competições.

- Performance da campeã Erika Almeida no Mundial

A Erika é um fenômeno, é a quinta medalha em Mundial dela seguida. Ela só não ganhou medalha nesses últimos anos na Olimpíada, justamente na competição que é tão importante. Ela perdeu da japonesa, depois voltou e ganhou da Jéssica. Essa categoria é o ideal para o Brasil: duas atletas que têm potencial de medalha. A Jéssica é nova, foi vice-campeão Mundial Júnior. É muito bom vê-la se aproximando da Erika. Ela tem lutado bem pra caramba com a Erika, mas no Mundial não foi bem. É uma atleta que está pronta, caso a Erika, que tem 30 anos, pense em parar ou tenha uma curva descendente.

- Jéssica, Bia e Suelen como nomes para renovação

A Jéssica Lima é destaque, já chegou no patamar de disputar medalhas. É bom vê-la nesta ascensão. No feminino, outra boa renovação é com a Bia Souza no pesado. Ela perdeu no individual, mas por equipe ela ganhou. Perdeu a primeira para a cubana, mas como empatou (disputa por equipes), teve que sortear um confronto para decidir a disputa. Ela, ainda atleta Júnior, enfrentou a cubana novamente, campeã olímpica, e dessa vez venceu. Ela está indo para o Mundial Júnior deste ano, tem menos de 20 anos, um bom futuro. Ainda temos a Maria Suelen, que foi quinto (lugar) neste Mundial e já foi vice-campeã.

- Primeiro Mundial da promessa Daniel Cargnin

O Daniel Cargnin foi o destaque no masculino. É um atleta campeão mundial júnior ano passado, da escola do João Derli, da Mayra Aguiar, ambos campeões mundiais. Um atleta que tem o espírito de vencedor, de guerreiro. Não se conforma com a derrota. É muito exigente. Foi o primeiro Mundial dele, fez ótimas lutas. Nas quartas de final com o israelense poderia ter vencido, mas é um atleta que eu aposto muito em Mundiais e nas Olimpíadas. É questão de tempo até ele amadurecer e se tornar ainda mais completo.

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