Promessa para sobrinha faz Pitbull voltar depois de quatro anos parado

Cláudio, que ganhou destaque defendendo o Grêmio, estava morando há 12 anos em Portugal, mas retornou ao Cabofriense por pedido da pequena Valentina

Cláudio Pitbull e sua sobrinha Valentina
Cláudio Pitbull e sua sobrinha Valentina (Foto: Arquivo Pessoal)

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Primeiro em 2002 e depois em 2004. O nome de um atacante revelado pelo Grêmio ganhou as manchetes do futebol brasileiro e se tornou um dos jogadores mais cobiçados na época. O jovem Cláudio, conhecido como Pitbull, por seu jeito aguerrido, se tornou uma das grandes promessas brasileiras e foi até vendido para o futebol europeu, mais especificamente ao Porto. O destaque, em 2002, pelo Juventude aconteceu há 15 anos atrás e agora ele está de volta.  Por um motivo inusitado: a promessa para a pequena Valentina, de quatro anos, sua sobrinha.

Isso mesmo, depois de abandonar a carreira por problemas familiares, em 2013 quando defendia o Gil Vicente (POR), Pitbull aceitou a oferta da Cabofriense. Assinou o contrato até março e vai realizar o sonho da sobrinha: entrar em campo com ela no colo.

- Foi um pedido dela. Estava desanimado para jogar, prometi ao meu irmão (Márcio), quando a Valentina nasceu que iria entrar com ela em campo no colo. Agora que ela fez quatro anos, me pediu novamente e surgiu essa oportunidade da Cabofriense. A promessa começou a me dar ânimo novamente para voltar a jogar, algo que tinha perdido com a lesão no joelho e com a doença do meu pai. Quatro anos depois, aceitei e vou cumprir a promessa que fiz a eles - comemora Pitbull, que tem outra afilhada de um ano, chamada Luisa.

'Tive que voltar a jogar porque fiz uma promessa ao meu irmão mais novo e a para minha sobrinha: tinha que entrar com ela no colo'

Contudo, a decisão em encerrar a carreira precocemente veio por causa de um problema familiar. Aos 31 anos, Cláudio acabou se lesionando, mas retornou aos gramados. Entretanto, seu pai foi acometido por uma doença, que fez com que o jogador se dedicasse exclusivamente a cuidar dele. O tempo inativo, acabou tirando a vontade de seguir em ca,po, quando defendia o Gil Vicente, de Portugal.

- Tinha uma lesão séria no joelho há quatro anos atrás. Voltei a ficar bem, a jogar, mas meu pai adoeceu. Já morava há muitos anos em Portugal com meus pais. Não queria voltar e teve isso. Resolvi cuidar dele. Ele ficou 40 dias no hospital e eu desanimei demais com tudo e resolvi parar. Não queria mais essa vida de atleta. Deixei o tempo passar, não pensava mesmo. Só que na época fiz essa promessa e agora a Valentina me cobrou. Meu ânimo voltou, com minha vida toda resolvida. Vim para o Brasil, estou procurando uma casa em Cabo Frio, no futuro volto a morar em Portugal - contou o atacante de 35 anos, próximo dos 36, no dia 8 de janeiro.

As passagens por Fluminense, Santos e Grêmio, os gigantes do Brasil, nunca serão esquecida. No clube gaúcho que o revelou, Pitbull não esconde todo o seu carinho. Apesar de ter o mesmo sentimento por paulistas e cariocas, as poucas oportunidades são motivo de frustração, apesar de não existir mágoas.

- Acho que tudo na vida tem aprendizado. Claro que não acontece tudo como quer. Grêmio não tenho mágoa nenhuma, nem do que reclamar. Devo muito a eles, por tudo que me fizeram e me ajudaram. No Fluminense foi uma passagem aonde poderia ter jogado mais e o pessoal do Flu, que encontro, sempre me falam disso. Foram poucas chances, não entendi muito. Acredito que podia mais. No Santos, foi menos ainda. Sei que poderia render e jogar muito mais nesses clubes, mas é passado. Sou muito feliz com tudo.

Valentina, a responsável por fazer Pitbull voltar a jogar
Valentina, a responsável por fazer Pitbull voltar a jogar (Foto: Arquivo Pessoal)

Natural de Porto Alegre, foi no Sul que o jogador ganhou destaque. No Brasileiro de 2002, ajudou o Juventude a chegar às quartas de finais do Brasileiro e em 2004 marcou 19 gols, mesmo com o Grêmio rebaixado em último lugar. Dali, o caminho foi Portugal, onde se adaptou, mas não teve tantas chances no Porto. Atuou ainda por Fluminense, Santos, Bahia, Rapid Bucaresti (ROM), Manisaspor (TUR), Académica (POR), Vitória de Setúbal (POR), Marítimo (POR) e Gil Vicente. 

A volta ao futebol também não será fácil. Na Cabofriense, o atacante vai disputar a seletiva para estar na Série A do Estadual. Até a estreia serão cerca de 40 dias de atividades para entrar em forma. Se o corpo não está perfeito, devido ao tempo parado, a cabeça está ótima, o que para ele é o diferencial de muitos atletas.

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Cláudio Pitbull foi artilheiro do Grêmio, em 2004 (Foto: Reprodução)

- Psicologicamente é o fundamental para um atleta. Se estiver bem de cabeça, mentalmente forte, conseguimos realizar o que queremos. Não é uma meta fácil. São quatro anos parado. Deixo na mão de Deus e ele está abrindo essa porta. Estou forte mentalmente bem e pronto. Passei por muita coisa, como a doença do meu pai e estou aqui mais forte ainda. A forma física não é fácil é complicado. Com dois meses parado você já sente, imagina com quatro anos? Tenho tempo para estar voando. E quero disputar esse Carioca em um alto nível - avaliou.

Jogador também agradeceu a oportunidade dada pelo clube de Cabo Frio. Cidade, inclusive, que ele se diz muito fã.

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No Fluminense, foram poucas oportunidades. Fato lamentado por Cláudio Pitbull (Foto: Reprodução)

- Adoro Cabo Frio. Quando morei no Rio de Janeiro, jogando no Fluminense, vinha sempre nas folgas. Agradeço a Cabofriense pela oportunidade, estou muito feliz. Quero jogar o mais rápido possível. Estou um tempo parado, mas vou treinar forte para estar no nível dos meus companheiros e ajudar o clube na Seletiva para o Estadual – afirmou.

"Já morava há muitos anos em Portugal com meus pais. Não queria voltar e teve isso. Resolvi cuidar dele. Ele ficou 40 dias no hospital e eu desanimei demais com tudo e resolvi parar. Não queria mais essa vida de atleta"

A contratação do atacante foi mantida em sigilo pelo presidente da Cabofriense, Valdemir Mendes, que elogiou bastante o novo reforço.

- Claudio foi uma surpresa, um jogador de alto nível. Estar podendo ter um atleta desse porto no nosso grupo é muito importante. É um cara simples demais, humilde, vem pra somar. Ele tem uma história fantástica e aceitou esse desafio. Estamos felizes com a vinda dele – disse.

Que a volta ao gramados seja um presente para a pequena Valentina. Afinal, se não fosse ela, Pitbull estaria ainda descansando nas praias de Porto e não treinando próximo das águas da Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

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