Conheça Scaloni e os desafios do novo treinador interino da Argentina

Carreira vitoriosa como jogador, boa relação com Messi, confiança do presidente da Afa e ajuda de ex-jogadores são as credenciais da nova aposta no comando técnico argentino

Lionel Scaloni vai comandar a seleção argentina inteirinamente
(Foto: Reprodução)

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A campanha e a eliminação da Argentina na última Copa do Mundo foi um momento difícil na história da seleção. Sem vencer um título importante desde 1992 e acumulando vice-campeonatos em competições oficias, a Argentina ainda tem que lidar com um ambiente político instável em sua federação. Nesse cenário, Jorge Sampaoli foi mais um técnico a sucumbir na seleção e, para o seu lugar, o então auxiliar técnico, o ex-jogador Lionel Scaloni, assumiu o comando de forma interina.

Considerado uma das peças de renovação que o presidente da Afa, Claudio Tapia, quer fazer na Argentina, Scaloni teve boa participação na Copa, sendo a ponta que ligava os jogadores com a comissão técnica. Com a ajuda de ex-jogadores da seleção, carreira vitoriosa como jogador e confiança de Tapia, Scaloni vai enfrentar os novos desafios da Argentina.

Por que Scaloni?
Scaloni foi um nome definido pelo presidente da Afa, Cláudio Tapia, que viu no então auxiliar técnico de Jorge Sampaoli, uma figura interessante para conduzir esse novo momento da seleção argentina, marcada pela escassez de títulos, má relação com seus principais craques e campanha tensa na última Copa do Mundo. O presidente da entidade acredita, segundo o 'As', que não é um momento de tomar atitudes drásticas e fazer mudanças bruscas. A aposta em Scaloni é uma aposta caseira, de um ex-jogador da seleção, com perfil jovem e de renovação.

A atuação de Scaloni na Copa do Mundo foi um dos poucos pontos positivos da comissão técnica formada por Jorge Sampaoli. Durante a principal competição do futebol, os jogadores da Argentina tiveram uma relação ruim com Sampaoli, incluindo Messi e Mascherano, os principais líderes. O empate com a Islândia, em 1 a 1 e a derrota acachapante para a Croácia, por 3 a 0, foram o estopim para uma verdadeira crise no ambiente argentino.

Auxiliar técnico de Sampaoli desde os tempos de Sevilla (2015-17), Scaloni ajudava também na análise dos adversários, mas não foi por esse fator que teve destaque na atrapalhada campanha da Argentina na Copa. Scaloni tinha uma boa relação com os jogadores e era ele quem fazia a ponte entre os atletas e a comissão técnica.

Após a goleada sofrida para a Croácia, o auxiliar técnico participou de uma calorosa reunião no vestiário, com os jogadores, o presidente da Afa e o técnico Jorge Sampaoli. Com atitudes pacíficas e tranquilidade, acalmou os ânimos e teve participação decisiva naquele momento. Ali, Tapia percebeu que o potencial no auxiliar.

- É preciso agradecer esta geração que nos deu tudo, não só na seleção principal, mas também nas categorias de base, mas hoje é preciso começar uma nova etapa - disse o presidente da Afa, Claudio Tapia

Relação com Messi
Tapia sempre exigiu de seus treinadores uma boa relação com o craque do Barcelona. O dirigente queria que o ambiente da seleção fosse semelhante ao do clube catalão, assim como dentro de campo, para que o craque se sentisse à vontade para brilhar nos gramados como faz no Barça. Messi, porém, nos últimos anos, sentiu o peso de levar nas costas o protagonismo, o que foi potencializado com a perda dos títulos da Copa América (2007, 2015 e 2016) e da Copa do Mundo (2014).

Na última Copa do Mundo, já sobrecarregado, Messi não teve a melhor de suas atuações e, assim como toda seleção argentina, foi criticado. Scaloni tem a vantagem de ter uma boa relação com Messi, assim como também tem com Mascherano. O atual treinador da Argentina disputou a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, com os dois jogadores e o bom convívio veio de lá.

Apesar do bom relacionamento, Messi anunciou que vai se afastar da seleção argentina por um prazo indeterminado. É claro que Scaloni gostaria de contar com um dos melhores jogadores argentinos de todos os tempos em seu elenco, mas a saída de Messi, além ser positiva para o jogador, tendo em vista todo o desgaste e peso de sua imagem, é positiva, de certa maneira, para o novo treinador, que não vai ter que lidar com a pressão de fazer com que o jogador, quatro vezes eleito melhor jogador do mundo, renda.

- Eu conversei com Messi e depois da nossa conversa, decidi que ele não vai ser convocado para os próximos jogos. Honestamente, nós não conversamos sobre o que vai acontecer no futuro. Sabemos o que ele representa para a gente e vamos ver o que acontece. Eu tenho uma boa relação com ele e foi bom conversar com ele e esclarecer tudo - disse Scaloni

Ajudantes vitoriosos
A Copa do Mundo exibiu, além da crise gerencial da Afa, uma diferença técnica muito grande da Argentina com outras seleções. O desempenho de seleções como Uruguai, França, Inglaterra e Bélgica foi muito superior ao da seleção argentina, que passou dificuldades para passar de fase e levou quatro gols da França nas oitavas de final. Tapia quer uma renovação no comando e continuar apostando em projetos com a divisão de base.

Scaloni vai contar com a ajuda de outros ex-jogadores que também fizeram história no futebol e na seleção. Pablo Aimar, ex-meia e um dos maiores ídolos da história do Valencia, disputou a Copa do Mundo de 2002 e 2006, é o técnico do Sub-17 da Argentina e vai participar da comissão de Scaloni nos próximos amistosos.

Assim como Walter Samuel, um dos maiores zagueiros da história da Internazionale e da Argentina, com três Copas do Mundo (2002, 2006 e 2010) no currículo. O ex-zagueiro deixou o cargo de auxiliar técnico no clube suíço, FC Lugano, para integrar a comissão técnica de Scaloni.

Os desafios de Scaloni
A Argentina não conquista um título oficial desde 1992, quando conquistou a Copa das Confederações. O principal objetivo é a quebra desse jejum e a primeira oportunidade vai ser a próxima Copa América, realizada no Brasil, em 2019. O mais importante, porém, é reintegrar os jogadores argentinos e evitar que os problemas extracampos administrativos da Afa interfiram na seleção.

Scaloni tem a vantagem de ser considerado uma figura de renovação e vai ter o desafio de refrescar uma seleção, que apesar de muito talentosa, sofre com o peso das decepções.

A aposta em novos jogadores à candidatos a protagonista também vai ser uma das tarefas de Scaloni. Mauro Icardi, atacante da Internazionale, assim como seu companheiro de equipe, o também atacante Lautaro Martínez são alguns dos nomes dessa renovação.

- Temos muito claro em nossas cabeças que precisamos adicionais pessoas nessa nova aventura. Eu conversei com a maioria dos jogadores e todos alegaram disponibilidade. Sentimos que precisamos desses jogadores agora. Sinto que é a hora da renovação - atesta Scaloni

Paulo Dybala é um dos principais candidatos. Sem muitas oportunidades com Sampaoli, o jogador da Juventus vai jogar nesta temporada com Cristiano Ronaldo, o que faz com que a sua pressão no clube italiano diminua, o que também pode se refletir na seleção argentina.

Como jogador
Revelado pelo Newells Old Boys (95/97), a carreira de Scaloni pode se resumir a um clube: o Deportivo La Coruña. O argentino participou de um dos períodos mais vitoriosos da história do clube espanhol.

Atuando como lateral-direito, Scaloni fez, ao todo, 254 jogos, marcou 16 gols e deu duas assistências. Fez parte do elenco, que ainda contava com os brasileiro Djalminha e Mauro Silva, que conquistou o Campeonato Espanhol (1999/00), a maior conquista da história do clube. Além de ter conquistado, a Copa do Rei (2001/02) e dois títulos da Supercopa da Espanha (2000/01 e 2002/03). O futebol espanhol influencia o seu estilo como técnico.

- No campo tático e estratégico.. Você pode gostar ou não, pode parecer colorido ou não, mas marca você. Tendo estado lá por sete anos me enriqueceu - disse o treinador ao 'La Opinion'

Outro time pelo qual Scaloni teve relevância, foi a Lazio. No clube italiano, o então jogador participou de 67 jogos, marcou um gol e deu quatro assistências. O argentino jogou na equipe em 2007 e depois de 2009 a 2013. Teve passagens curtas também pelo West Ham (2006), Racing Santander (2007) e Mallorca (2008). Encerrou sua carreira no Atalante, em 2015.

*sob a supervisão de Bernardo Cruz

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