Autor de gols do River no Mundial, Borré passou por ‘lições mentais’

Jogador colombiano marcou os dois gols da equipe na frustrante eliminação para o Al Ain, no Mundial, e conseguiu se recuperar baque de passagem ruim pela Europa

River Plate x Al Ain
Divulgação

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Dentro de um elenco recheado com grandes talentos e jogadores experientes, o técnico Marcelo Gallardo conta com uma joia especial de origem colombiana. Trata-se de Rafael Santos Borré, atacante de 23 anos que conquistou a titularidade e foi imprescindível na consagração da Copa Libertadores de 2018. O jogador teve participação destacada no duelo contra o Al Ain, no Mundial de Clubes, na última terça-feira. Apesar da eliminação inesperada, fele oi autor dos dois gols da equipe millonária.

Borré iniciou sua carreira profissional em 2013, no Deportivo Cali (COL), aos 17 anos. Brilhou no futebol nacional conquistando dois títulos, o que o fez vestir pela primeira vez a camisa da seleção colombiana sub-20, em 2015. No mesmo ano, foi à Espanha, negociado com o  Atlético de Madrid por seis temporadas.

Em 2016, foi emprestado ao Villarreal por um ano sem opção de compra. Estreou na derrota por 2 a 1 contra o Mônaco, na etapa prévia à fase de grupos da Liga dos Campeões. Sem destaque, passou por uma fase escassa de gols, tendo marcado apenas uma vez, contra a Roma, na Liga Europa, no período de fevereiro a setembro.

Ele chegou ao River Plate em agosto de 2017, a pedido de Gallardo, por 3,5 milhões de euros, 50% dos direitos e um contrato de quatro anos. Neste acordo, se a equipe millonária não comprar a outra metade de seus direitos até o final de dezembro deste ano, pelo valor de 14 milhões de euros, o River deverá pagar 3,5 milhões de euros por mais 25% de seus direitos, ficando com o total de 75%. Já o Atlético de Madrid, caso queira continuar com metade dos direitos do jogador, deverá pagar 7 milhões de euros ao River Plate. É um acordo que os clubes firmaram durante a transferência. 

- Quando trouxemos o Borré, nos disseram que eu não estava entendendo o que trouxe para o clube. Agora ele prova seu potencial jogo após jogo, ninguém pode discutir sua capacidade - afirmou Rodolfo D’Onofrio, presidente do River Plate, recordando que foi alvo de muitas críticas quando anunciou a contratação do colombiano em 2017.

Quando desembarcou na Argentina, sua confiança estava abalada. Borré sentia que estava dando um passo para trás em sua carreira. Regressar ao futebol sul-americano tão rapidamenete, depois de uma breve passagem pela Europa, não estava nos seus planos. Foi um momento duro, seu sonho de triunfar no Velho Continente parecia perdido e sua parte psicológica estava afetada. Até que decidiu contratar Jaime Pabón, técnico que potencializou jogadores como Jackson Martínez e Mohammed Salah, e que agora trabalha com o Atlético Nacional. Borré treinou com Pabón constantemente em suas férias, no final da temporada de 2017. A força mental foi o primeiro aspecto trabalhado, para que Borré recuperasse sua confiança de jogo. Depois, iniciaram um trabalho de fortalecimento nos movimentos dentro do terreno de jogo. A ideia de Jaime sempre foi que o atacante reencontrasse sua segurança em campo e recuperasse o jogador que conquistou a Colômbia pelo Deportivo Cali.

- Trabalhamos forte na parte mental, técnica e física. Também fizemos vários treinamentos de movimentos em campo, como potencializar a capacidade que Borré possui, porque é um garoto muito talentoso. Eu o conheço desde que iniciou sua carreira no futebol profissional. Não conseguir muitas oportunidades na Espanha foi um tema difícil de superar. Mas são coisas que ele deveria deixar de lado, agora defende outra camisa e não é qualquer equipe grande, é o River Plate. Não foi fácil no começo, mas com o andamento do trabalho o assegurei que poderia chegar longe e ele assimilou, terminou o ano conquistando a Libertadores - contou o treinador.

- Minha adaptação na Argentina não foi fácil, é um país diferente e os torcedores exigem muito do River a cada jogo. A Liga Espanhola tinha uma exigência diferente. Na Argentina, jogamos um futebol muito físico, que te faz agir de maneira diferente dentro de campo. Meus companheiros e o corpo técnico foram muito importantes no meu processo de adaptação. Hoje meu foco é o River, construí história aqui e quero permanecer - ressaltou Borré.

Com muita personalidade em clássicos, iniciou 2018 marcando contra o Boca Juniors, no amistoso de Mar del Plata, por 1 a 0. No Campeonato Argentino, o River voltou a enfrentar o rival, desta vez na Bombonera, meses antes da final do máximo campeonato continental. A equipe de Gallardo venceu por 2 a 0 e o grande destaque foi Borré, que deu assistência para o gol de Ignacio Scocco e teve bela atuação.

Seu primeiro gol na Copa Libertadores deste ano foi na goleada sobre o Racing, por 3 a 0, que garantiu a classificação do River para as quartas de final, contra o Independiente, quando o atacante também deixou seu brilho marcando dois gols. Na semifinal, no jogo de volta contra o Grêmio, Borré foi autor do polêmico gol, que gerou muito ruído por parte dos tricolores. No ângulo da câmera do VAR - o sistema de árbitro de vídeo -, não havia sido claro se a bola pegou na mão do jogador e, por isso, ficou definido como gol válido, já que não se via nenhuma irregularidade. Por protocolo, todas as jogadas de gol são revisadas e, com as câmeras da transmissão oficial, nada anormal foi detectado. Até que mais tarde, a câmera que descobre que não foi um gol de cabeça é privada, do canal SporTV. Leodán González, árbitro o VAR, não a tinha. O River seguiu na competição.

Na superfinal em Madrid, contra o Boca Juniors, Marcelo Gallardo perdeu peça importante do seu quebra-cabeça. O atacante colombiano ficou fora da decisão pelo cartão amarelo que recebeu no jogo de ida na Bombonera. O técnico precisou mudar o esquema tático e a disposição de alguns titulares, planejando a equipe com Lucas Pratto como o único atacante. Já cumprida a suspensão e com título da Libertadores em mãos, Borré recuperou seu posto na derrota para o Al Ain, marcando os dois gols que deram a virada para o River no primeiro tempo, antes de sofrer o empate que levaria a disputa para os pênaltis no Mundial de Clubes.

- O lugar que ele ocupa hoje conquistou por conta própria, foi merecido, faz um grande esforço pela equipe. Borré não marca gols normais, e sim gols de muita qualidade. Não é simplesmente um centroavante goleador, demonstrou qualidades e características acentuadas, participa efetivamente da construção de jogadas com boa movimentação e bons passes, colabora com os pontas, abre espaços e ajuda na marcação. É conhecido aqui e na Colombia por marcar dois gols em um único jogo, também o fez pelo Villareal, muitas vezes saindo do banco de reservas, é uma peça chave - expressou Marcelo Gallardo após vencer o Independiente pelas quartas de final da Copa Libertadores.

Apesar de seu grande momento como titular no River Plate, Borré não foi convocado para a seleção colombiana na Copa do Mundo da Rússia. Ele participou apenas de dois jogos como reserva pelas Eliminatórias (vitória contra o Peru e derrota para o Uruguai) e em dois amistosos em 2015. Pela seleção sub 20, disputou dezesseis partidas e marcou quatro gols. Em cinco anos de carreira conquistou cinco títulos: Superliga colombiana de 2014 e o Torneo Apertura em 2015, ambos com o Deportivo Cali. No River, venceu a Copa Argentina de 2017, e em 2018 foi coroado com a Supercopa nacional e a Copa Libertadores.

O empresário de Borré, Helmuth Weninng, garantiu que o jogador permanecerá na equipe millonária, já que após seu encontro com Diego Simeone no Estádio Santiago Bernabéu, na final da Libertadores, muito se falou nos meios espanhóis e argentinos sobre sua possível volta ao Atlético de Madrid. O atacante nunca jogou oficialmente com Simeone, foi emprestado ao Villareal logo após sua chegada e na sequencia foi cedido ao Monumental.

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