Caso Robson: Marcelo Freixo fala sobre situação de brasileiro preso

Ao L!, deputado do PSOL-RJ fala sobre esforços feitos por deputados para salvarem Robson de uma condenação de 20 anos e cobra maior empenho do governo e imprensa brasileira

Marcelo Freixo
Marcelo Freixo (Foto: Divulgação)

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A história de Robson Oliveira, brasileiro que foi preso na Rússia, em março, após ser detido no aeroporto de Kashira com medicamentos ilegais, terá o reforço de políticos brasileiros. Os deputados Marcelo Freixo (PSOL), Alexandre Padilha (PT) e Marcelo Calero (Cidadania) estiveram, no dia 12 de setembro, em uma reunião com o embaixador russo Sergey Akopov, em Brasília (DF), para envolver o Brasil no caso de Robson, acusado de tráfico de drogas e preparação para o tráfico. O deputado Marcelo Freixo falou ao L! sobre uma ajuda "humanitária" ao ex-funcionário do volante Fernando, do Beijing Guoan.

O jogador brasileiro, ex-Seleção e que na época atuava com a camisa do Spartak Moscou (RUS), teria contratado o ex-fuzileiro naval, de 46 anos, desempregado, e sua esposa Raphaela, cozinheira - ambos de Nova Iguaçu. A ideia era que o casal brasileiro trabalhasse na Rússia para a família de Fernando, é o que afirma os parentes de Robson. No entanto, o sonho virou pesadelo depois que eles foram detidos pela polícia russa.

O medicamento, que teria sido um pedido de William Pereira de Faria, sogro de Fernando, é proibido no país. Sibele Rivoredo, sogra do jogador, teria sido a pessoa responsável pela contratação do casal. O funcionário Leandro, ainda no Brasil, teria entregue para Robson no aeroporto Tom Jobim, no Rio, três malas com "encomendas" para a família de Fernando. O caso foi revelado pela TV Globo.

Quando questionado pelo L!, Marcelo Freixo detalhou como foi a reunião com o embaixador, revelou os próximos passos do caso e comentou a situação do homem que foi à Rússia em busca de uma vida melhor para trabalhar com o jogador e acabou sendo preso por carregar na mala comprimidos do remédio Mytedom, um medicamento a base de Metadona, utilizado para dores crônicas.

- Ele foi muito cordial e nos atendeu muito bem. Ele atendeu imediatamente o meu pedido de reunião. Ele desconhecia o caso originalmente e fomos nós que levamos a informação para ele. Ele acha que é um caso difícil pois é um crime consumado, o fato do Robson estar carregando um medicamento proibido, mas evidentemente o Robson não pode pagar por algo que não fez. A mala não era do Robson, era uma responsabilidade da família do Fernando, especialmente do sogro e da sogra dele - 

- Ele está desassistido de alguma maneira, a assistência que a embaixada está dando é muito pouca, e não tem mais a família do Fernando sequer morando na Rússia. Entendemos que isso é algo que possa se resolver diplomaticamente, então pedimos ajuda. Ele se colocou a disposição, solicitou que tivesse um ofício do congresso, que eu já solicitei ao deputado Rodrigo Maia que se comprometeu a fazer e enviar para a embaixada. Mas seria muito importante se a gente tivesse um posicionamento do Ministério das Relações Exteriores, que até agora não vi - afirmou.

Fernando (Spartak Moscou)
Fernando defendeu o Spartak por quatro anos (Foto: Divulgação)

O deputado do PSOL também contou um caso semelhante ao de Robson. Em 2017, um pesquisador brasileiro, que estava na Rússia para dar uma palestra, foi preso portando a substância Ayhuasca, proibida no país, que é uma espécie de bebida sagrada religiosa. Entretanto, no caso houve uma comoção forte e uma ajuda do governo Temer, algo que, segundo Freixo, não está acontecendo agora.

- Nós já tivemos um caso semelhante de uma liderança indígena que foi preso na Rússia com Ayhuasca, que é um líquido sagrado que ele levou para uma palestra e acabou sendo preso. Houve uma enorme comoção do governo Temer, que ligou para o Putin, a embaixada se mobilizou e ajudou a resolver o caso -.

- Eu não estou vendo essa movimentação no caso do Robson, que é muito grave. Por que a vida do Robson vale menos? É um trabalhador brasileiro que foi em busca de emprego, que nunca tinha viajado de avião e que claramente foi enganado pela família do jogador, no sentido de que ele sequer sabia o que estava na mala, não era pra ele e não pertencia a ele - disse o deputado do PSOL.

Segundo Freixo, a família do jogador deveria ter a dignidade de assumir o erro e, no mínimo, pagar pelo advogado do brasileiro, que está preso há cinco meses e já perdeu cerca de 25 quilos. Entretanto, por mais que a família tenha se prontificado a arcar com os custos, na hora de assinar um termo de compromisso, o acordo foi dado para trás.

- A família do Fernando deveria ter a dignidade de assumir a culpa, mas não só não fez como saiu de lá (Rússia). É caríssimo conseguir um advogado na Rússia. Eu estou em contato direto com o advogado do Robson. Nós conseguimos agora o apoio da defensoria pública da União, que tem sido muito solícito e esteve conosco na embaixada e está ajudando no caso -

- Seria de um bom tom que pelo menos a família do Fernando pagasse o advogado, que é o mínimo que se espera, e que fizesse isso por cooperação. Isso não está garantido até agora. A informação que eu tenho, através do advogado do Robson, é que eles tinham se prontificado, mas haveria um contrato para assumir os custos, onde teve um problema e eles não assinaram ainda - explicou. 

Fernando - Spartak
Após a prisão de Robson, Fernando foi negociado para a China (Foto: Divulgação)

O deputado também citou que a imprensa é muito importante na tentativa de salvar Robson, que pode ser condenado à 20 anos de prisão por portar a substância. Outro grande fator seria a participação do Ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, que até agora não se manifestou ou sequer respondeu os apelos do deputado sobre o caso.

- Esse é um caso que vocês, da imprensa, são fundamentais. Ele vai ser julgado agora em Outubro, ele pode ser condenado a 20 anos de prisão. Uma das alternativas que nós conversamos com a embaixada russa foi sobre a possibilidade dele ser expulso do país. Enfim, alguma medida onde ele pudesse ser ou inocentado, que a gente acha mais difícil, ou que ele fosse expulso e viesse para o Brasil.

- Era muito importante que o Ministério das Relações Exteriores entrasse no caso. Nós mandamos um ofício ao Ministro via comissão de direitos humanos, assinado por mim e pelo deputado Hélder, que é o presidente da comissão. Não houve resposta até agora. -

O deputado explicou os próximos passos após a reunião com o embaixador russo. Segundo Marcelo, o diplomata já comunicou o problema para o governo de Vladimir Putin, e agora basta uma mobilização grande da população, principalmente para pressionar a participação do ministro de relações exteriores, que teria uma participação fundamental no caso.

- Ele (embaixador) tem uma limitação, mas o que ele me garantiu foi que ele estaria entrando em contato imediato com Moscou falando sobre o caso. A manifestação de deputados do congresso, quebrando a invisibilidade sobre o Robson de alguma maneira., acho que isso já é bastante importante -.

- Depois que a carta do Rodrigo Maia chegar, pressionar o Ministério das Relações Exteriores brasileiro a se posicionar, fazer com que a embaixada brasileira da Rússia tenha uma maior atuação e cobrar que a família do Fernando que viabilize a defesa do Robson - contou o deputado.

O deputado federal eleito pelo Rio de Janeiro também analisou a postura que a família do jogador Fernando, que hoje defende o Beijing Gouan Football Club, está tendo sobre o caso do ex-funcionário contratado pela sogra do atleta.

- Primeiro que é bom dizer que o Robson estava levando um remédio que aqui se vende com receita. Ele não estava portando nada que fosse ilegal no Brasil e não tinha o menor conhecimento de que fosse ilegal na Rússia, até porque ele não sabia o que ele estava transportando, pois a mala pertencia à família (de Fernando). Eles contrataram o Robson, eles que pediram para que o Robson levasse a mala, eles que pediram que o remédio ilegal estivesse dentro da mala. A família sabe da responsabilidade que têm, e sabe que tem um brasileiro preso nesse momento, que já perdeu mais de 20kg -.

- Eles sabem a responsabilidade que tem e deveriam agir conforme a responsabilidade do que eles fizeram. Ao meu ver, estão longe de fazer algo que seja compatível com o dano infligido na vida desse rapaz. Eu espero que isso possa ser alterado e que a gente possa resolver o caso. Mas para resolver o caso, todos precisam se empenhar bastante, começando pela família do Fernando - disparou Freixo.

Para finalizar, Marcelo Freixo classificou a seriedade da atual situação de Robson como 'muito grave', pedindo um maior empenho do governo brasileiro e até mesmo da imprensa.

- O caso dele é complicado. Eu não sei se o embaixador é suficiente para resolver. Acho que a gente precisa de outros fatores. Precisamos muito que o ministério das relações exteriores entre no caso, que o governo brasileiro entre no caso. Isso não é um favor, isso é um cidadão brasileiro que está sendo injustiçado em outro país. Eu acho que o caso é muito grave e merece muito empenho da imprensa e das autoridades brasileiras - finalizou.

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