Banco vê Fluminense ‘enxugando gelo’ em finanças e cita ‘horizonte bastante carregado’

Itaú BBA divulgou seu relatório anual sobre a situação financeira dos clubes brasileiros; documento cita importância de o Flu vender atletas e redução de receitas

Mário Bittencourt - Fluminense
Mário Bittencourt em treino do Fluminense no CT Carlos Castilho (Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC)

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Na última terça-feira, o Banco Itaú BBA divulgou seu relatório anual sobre as finanças dos clubes brasileiros. Com relação ao ano de 2019 do Fluminense, o documento ressalta que a redução de custos e dívidas foram os pontos positivos. No entanto, afirma que as receitas em queda, a dependência da venda de atletas e o endividamento ainda em demanda de equacionamento são os fatores negativos. O relatório aponta que o Flu "é mais um dos clubes que opera no processo de enxugar gelo".

- O Fluminense é mais um dos clubes que opera no processo de enxugar gelo. Por mais que faça ajustes e cortes de custos, enfrenta uma condição de
endividamento tão alto que o atual porte de receitas é incapaz de dar conta sozinho de servir a dívida. O problema é que vira um círculo vicioso, pois o clube é obrigado a buscar financiamentos operacionais para pagar passivos refinanciados, usa a venda de atletas para tapar buracos operacionais e o impacto de tudo isso é um ajuste lento - analisa o banco.

- O clube precisa encontrar um equilíbrio que parece distante. Significa reduzir ainda mais os custos e entrar num risco de enfraquecimento maior do elenco, com risco de rebaixamento. Mas como operar um endividamento tão alto com receitas insuficientes para servi-lo? Não há segredo. É preciso vender ativos, encerrar atividades deficitárias, reduzir custos, alongar passivos. Ou o clube não sairá desse círculo vicioso, que 2020 deixará ainda pior. O futuro do Tricolor das Laranjeiras tem horizonte bastante carregado - completa.

O relatório destaca a importância da venda de atletas para o Fluminense, que nos dois últimos anos teve receitas vindas dessa fonte respondendo por mais de 1/3 do total. Dois mil e dezenove foi o terceiro em que o Flu apareceu entre os 10 primeiros no ranking de vendas. Na análise sobre a diminuição das receitas totais de R$ 291 milhões para R$ 249 milhões, o banco aponta como motivo justamente a menor receita com negociação de jogadores e a redução nas cotas de televisão.

O documento mostra ainda a redução nos custos e despesas do Tricolor em R$ 15 milhões, se adequando à nova realidade. Há uma manutenção de funcionários, mas uma queda em outros gastos. Em 2019, a receita do Fluminense foi composta por direitos de TV (R$ 108 milhões), publicidade e patrocínios (R$ 9 milhões), transação de atletas (R$ 89 milhões), bilheteria e sócio-torcedor (R$ 22 milhões), social (R$ 15 milhões), entre outros.

- O grande problema do clube atualmente é o tamanho da dívida em relação à sua capacidade de pagamento. Por mais que ele gere caixa, as dívidas representam 2,5x as Receitas Recorrentes e quase 80% das Receitas Totais na parcela de curto prazo. Isso, mesmo com custos controlados e investimentos limitados, como vimos em 2019 - destaca a análise.

Projetando 2020, o Banco Itaú BBA acredita que este ano aponta para maiores dificuldades, algo natural em função da pandemia vivida neste momento.

- Nossas premissas apontam para redução forte nas receitas, especialmente com Venda de Atletas. Mas é justamente aí que o clube pode virar o jogo, caso consiga emplacar vendas relevantes, pois as demais receitas tendem a ser menores efetivamente. No lado dos Custos e Despesas apontamos para redução 16%, considerando ajustes na conta de Pessoal e cortes de outros custos. No final, o clube deve atingir Geração de Caixa positiva, mas a Recorrente tende a ser ainda pior que a de 2019; o cenário não indica capacidade de seguir reduzindo dívidas - finaliza.

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