Flamengo corre e fica em ‘compasso de espera’ para regularizar o Ninho

Diretoria rubro-negra entregou documentos necessário à Prefeitura do Rio de Janeiro, mas aguarda vistoria e licença do Corpo de Bombeiros para avançar no processo

Homenagens às vítimas foram colocadas em frente à entrada do Ninho do Urubu
Ninho do Urubu recebeu homenagens às vítimas do incêndio no alojamento da base (Alexandre Araújo)

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Após a interdição do CT Ninho do Urubu, a diretoria do Flamengo, agora, corre para regularizar toda a documentação e poder voltar a utilizar o local o mais rapidamente possível. A ideia é que a questão não se arraste por muito tempo, uma vez que já havia essa movimentação mesmo antes da última quarta-feira,.

A cúpula do Rubro-Negro já entregou a documentação à Prefeitura do Rio de Janeiro - para que se possa conseguir o Alvará e o Certificado de Habite-se -, mas ainda há a necessidade da licença do Corpo de Bombeiros para que a pauta possa avançar. E, para isso, uma vistoria será feita no Ninho do Urubu. Neste processo, o Flamengo aguarda para que uma data para a visita seja marcada.

Nos últimos dias, o clube retirou os contêineres que ainda se encontravam no CT, na parte do terreno onde o alojamento das categorias de base pegou fogo e que vai virar estacionamento para o novo módulo do elenco profissional.

O Ninho do Urubu foi interditado pela Prefeitura do Rio de Janeiro na última quarta-feira. Em reunião no último dia 15, entre Flamengo e órgãos públicos, a Prefeitura havia reiterado o pedido de interdição do Ninho, ressaltando o processo de 2017, que determinava tal medida.

- Hoje foi interditado completamente. É uma decisão judicial e a prefeitura cumpriu. Nós esperamos que, tanto as exigências para o alvará quanto para o habite-se, sejam cumpridas e ele retorne logo ao funcionamento - disse o prefeito Marcelo Crivella, na última quarta.

Uma medida tomada no último dia 13 já havia interditado o local para qualquer atividade das categorias de base.

Estruturas que eram usadas como dormitórios pelas categorias de base, no CT do Rubro-Negro, pegaram fogo no dia 8, deixando 10 jovens mortos e mais três feridos.

Relembre o caso:
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O incêndio no alojamento nas divisões de base aconteceu no dia 8 de fevereiro e vitimou 10 atletas do Flamengo, de 14 a 16 anos. Três jogadores precisaram ser internados - Cauan Emanuel e Francisco Dyogo já receberam alta médica -, sendo que Jhonata Ventura segue aos cuidados do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Municipal Pedro II. O quadro do jovem é estável. Além deles, treze jovens escaparam do incêndio sem qualquer tipo de ferimento.

No dia 13, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro determinou a suspensão de todas as atividades das categorias de base no CT George Helal, o Ninho do Urubu, proibindo a entrada, permanência ou participação de qualquer criança ou adolescente no local até julgamento do mérito. A decisão é do juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância da Juventude e do Idoso.

Em caso de descumprimento, está prevista multa única no valor de R$ 10 milhões em relação ao Clube de Regatas do Flamengo e multa única e concomitante no valor de R$ 1 milhão ao presidente Rodolfo Landim. A decisão do TJ-RJ foi liminar parcial em ação civil publica do MPRJ que corre desde 1 de abril de 2015. Cabe recurso ao Flamengo em segunda instância.

A decisão está sendo respeitada. Após o incêndio, as atividades da base foram e a expectativa para que os jogadores se reapresentem na quinta-feira, dia 21. Contudo, sem a estrutura do Ninho do Urubu, a operação com atletas de fora do Rio de Janeiro deve permanecer suspensa. O clube entende que não há condições de receber centenas de atletas da base em outro local que não o CT.

O Flamengo se pronunciou em três momentos desde o trágico episódio. No dia do incêndio, o presidente Rodolfo Landim fez um emocionado - e curto - pronunciamento à imprensa na entrada do CT. O mandatário classificou o caso como "a maior tragédia nos 123 anos do Clube de Regatas do Flamengo".

No dia seguinte, na Sede da Gávea, quem falou foi o CEO Reinaldo Belotti, que coordenou o comitê de gestão de crise desde o início. O executivo reforçou a prioridade do clube no suporte amplo e irrestrito às vítimas e familiares e, com base em documentos, garantiu que o incêndio nada teve a ver com as condições da estrutura do alojamento das divisões da base no CT George Helal.

Nestes dois primeiros momentos, o clube não abriu espaço para perguntas. No dia 15, Rodrigo Dunshee, vice-presidente e vice-jurídico do Rubro-Negro, falou rapidamente após a reunião com os órgãos públicos e ressaltou que a atual gestão assumiu o poder apenas no começo de 2019. Após o pronunciamento, porém, Dunshee se irritou com as perguntas e retirou-se, dando fim à coletiva.

No dia 21, Flamengo e Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Defensória Pública e Ministério Público do Trabalho não entraram em acordo quanto ao valor das indenizações a serem pagas às famílias das vítimas fatais. Segundo o MP, a oferta do clube ficou de R$ 300 mil a R$ 400 mil mais um salário mínimo por 10 anos à cada família, enquanto os órgãos públicos desejam o pagamento de R$ 2 milhões para um salário de R$ 10 mil até a data em que os atletas mortos completariam 45 anos.

Neste mesmo dia, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Defensoria protocolaram o pedido de urgência para que o Juizado Adjunto do Torcedor e dos Grandes Eventos determine o bloqueio de R$ 57,5 milhões das contas do clube da Gávea e a imediata interdição do Centro de Treinamento George Helal. Ainda não houve decisão judicial quanto o caso, e os atletas profissionais do Flamengo continuam treinando no Ninho. A direção entende que não há risco em realizar atividades diurnas nos campos e reforça que não está havendo utilização noturna de nenhuma estrutura do local.

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