Um mês de Rogério Ceni no Cruzeiro: desafios maiores do que o esperado

O treinador estreou pelo time mineiro no dia 11 de setembro e já está tendo experiências fortes na Raposa, com embates com jogadores e a missão de tirar a equipe azul da crise 

O primeiro desafio na Toca da Raposa foi administrar as declarações de Thiago Neves após a eliminação da Copa do Brasil
O primeiro desafio na Toca da Raposa foi administrar as declarações de Thiago Neves após a eliminação da Copa do Brasil- (Vinnicius Silva/Cruzeiro)

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Rogério Ceni chegou ao seu primeiro mês Cruzeiro e já percebeu que o desafio no clube da Toca da Raposa é maior do que se desenhava. A crise vivida pelo clube fora de campo reflete diretamente, gerando incertezas nos torcedores que temem por um acontecimento inédito e triste para a camisa celeste: a queda para a segunda divisão.

O Cruzeiro é o 16º colocado no Brasileiro, com 18 pontos, apenas três a mais do que o Fluminense, primeiro time dentro do Z4. Até agora, foram cinco jogos de Rogério comandando o Cruzeiro(Santos, CSA, Vasco, Internacional e Grêmio), com duas vitórias(Santos e Vasco), um empate(CSA) e duas derrotas, para a dupla Grenal.

Oxigenação do ambiente

Rogério veio substituir um desgastado Mano Menezes, que não conseguia mais tirar do elenco caro e estelar do Cruzeiro, o rendimento que deu ao time mineiro duas Copas do Brasil consecutivas(2017-2018).

A chegada foi animada, com euforia de torcedores, jogadores e membros da diretoria, que via(e ainda vê) no técnico uma barreira e um chamariz que desvie a atenção para os problemas administrativos e financeiros que envolvem a Raposa.

Horizonte com boa possibilidade inicial

Ceni, na sua chegada, tinha um cenário mais promissor, com o time na semifinal da Copa do Brasil, até se ventilou a ideia de um inédito tricampeonato. E, a primeira vitória sob seu comando, diante do Santos, deu a sensação que um novo Cruzeiro estava a caminho.

Aí, vieram os primeiros contratempos. Empate fora de casa contra o CSA, levando um gol aos 48 minutos do segundo tempo. Era a chance da Raposa emendar uma rara sequência de dois jogos seguidos com os três pontos na mão.

Apesar do ponto fora de casa, o vacilo defensivo gerou um esforço maior do treinador em corrigir os erros da equipe, na hora de segurar o adversário.

Apesar de ter semanas cheias para treinamentos, o Cruzeiro evoluiu pouco e logo após o empate com o CSA, em Maceió, o time venceu o Vasco, no Mineirão, por um magro 1 a 0, contando com Fábio, que evitou o gol vascaíno ao defender uma penalidade cobrada por Yago Pikachu.

Eliminação para o Inter e primeira crise com o elenco

O desempenho contra o Vasco acendeu um alerta de que o time não poderia ter a força suficiente para superar o Internacional no jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil. A derrota por 3 a 0 com atuação apagada dos principais jogadores de linha e improvisações de Ceni foram determinantes para a queda da Raposa do sonho de vencer o mata-mata pela terceira vez seguida.

O meia Thiago Neves criticou o técnico por ter deixado Edílson no banco, colocando o volante Jadson como lateral-direito, além de ter sacado Dedé, que teve uma torção no tornozelo, para arriscar com Henrique na zaga, deixando um especialista da posição, Léo, no banco de reservas.

As declarações de Thiago não pegaram bem, gerando a primeira crise a ser administrada. A diretoria tentou abafar o caso, afirmando que Rogério e Neves conversaram e resolveram as arestas.

Goleada para o Grêmio. Crise aumenta, atritos com Thiago Neves se estendem

Mal o time e Rogério absorviam a queda na Copa do Brasil, veio outra pancada desferida por mais uma equipe do sul. O Grêmio, em grande atuação de Everton Cebolinha, aplicou uma goleada por 4 a 1 sobre a Raposa em pleno Independência.

O placar elástico não passou em branco pelo treinador. Rogério Ceni em sua coletiva exigiu uma mudança de postura do time, ou não via mais sentido em ficar no Cruzeiro. E ainda, de quebra, respondeu Thiago Neves sobre a não escalação de Edílson contra o Inter. Justificou a condição física como fator para não tê-lo colocado em campo e ainda alfinetou o comandado ao dizer que foi uma reação de amigo ao ver Edílson no banco de reservas.

- A única coisa que eu digo é que, se for para continuar no Cruzeiro, tem que ser de maneira diferente. Se a gente precisar mudar drasticamente a situação, mesmo que a gente apanhe nos próximos jogos, mas a atitude temos que mudar, caso contrário, não faz sentido nem eu ficar aqui, muito menos comparecer após jogo para dar entrevista-disse após a derrota para o Grêmio.

O restante da semana foi de boatos de que Thiago estaria afastado do grupo de jogadores, aliado a uma sequência de protestos de torcedores que pedia a saída de vários atletas do elenco, incluindo Neves, da diretoria, mas poupando Rogério Ceni.

Diretoria banca permanência do técnico e quitação de salários

O diretor de futebol Marcelo Djian, representando a diretoria celeste, disse, em entrevista coletiva, que garantia o respaldo a Rogério Ceni, além de prometer quitar as folhas salariais atrasados dos jogadores de julho e agosto.

Ceni parece que está ganhando força no clube, pois, segundo Djian, o treinador pediu para que alguns jogadores façam atividades complementares aos treinos para melhorar a forma física. O duelo com Palmeiras, neste sábado, 15, dará uma noção se Rogério está conseguindo impor suas propostas para o Cruzeiro sair deste momento.

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