Pool da Copa: ‘A hora dos valentes’

Ignacio Chans, do 'El Observador', do Uruguai, destaca esforço, solidariedade e entrega do time na vitória sobre Portugal, que selou a classificação da Celeste para as quartas de final

O Uruguai venceu Portugal, neste sábado, por 2 a 1, com dois gols de Cavani e se classificou para as quartas de final da Copa do Mundo. Pepe fez o gol português
Uruguai está classificado para as quartas de final da Copa (Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP)

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Saia. Comemore. Desfrute e volte a desfrutar da frase:

"O Uruguai está entre os oito melhores do mundo".

Eu vivi esse momento. Aquilo em que mil imagens do jogo vêm à mente. Se você é jovem, vai se lembrar deste jogo até que esteja velho. E se você é velho, fique animado para viver com seus netos, e agradeça à vida que você teve a chance de ver de novo as tardes de glória celestial, aquelas que você tinha visto quando criança e por um tempo parecia que elas não retornariam.

Parece mentira, certo? Esta geração, quarto lugar na África do Sul, a da picada del Loco, da mão de Suarez, a da Copa América 2011, a dos gols de Luis contra a Inglaterra continua a dar-lhe emoções.

Sim, é futebol. Mas com certeza 24 horas atrás você sentia uma cócega insuportável esperando pelo jogo. E o sorriso não será apagado por mais 24 horas. É futebol, sim, mas essa equipe faz sua vida feliz.

Aproveite. Porque esses jogadores, esse treinador e esse processo mais uma vez impressionaram o mundo. Hoje, o mundo fala desses corajosos uruguaios, e essa camisa que, quando a hora é mais difícil, parece maior do que nunca.

Até eu, que tenho uma obrigação profissional de trabalhar, vejo minhas mãos tremerem enquanto escrevo. Adormeci lá pelos 80 minutos, quando a missão era aguentar o relógio se mexer até os 90. Quando Suárez vestia a camisa azul de corrida e, rígido, não conseguia nem subir. Quando Torreira se vestiu como um gigante para parar Cristiano. Quando Cavani, que apareceu como as rachaduras aparecem, na hora marcada.

O Uruguai está entre os oito melhores do mundo. O time deixou fora a equipe do melhor jogador de futebol do planeta, que não teve uma chance clara. Deixou o campeão europeu no caminho, diminuindo suas forças até anulá-lo. Fiel à sua história: defender com os dentes, com sacrifício, com solidariedade.

Foi a tarde. Ficou claro, desde que Suárez e Cavani apareceram, que eles não haviam mostrado como esperavam na primeira fase. Uma grande ligação entre Edinson Cavani e Luis Suárez trouxe o 1 a 0. Com Edi transbordando à direita, mudando de frente e Luis enviando o centro para o Matador para acenar com alguma coisa. Não se sabe se com o peito ou com o ombro, mas com algo conectado, e marcou o gol que marcou o jogo.

Porque o gol veio quase quando eles ainda não tinham resolvido em campo. O Uruguai apertou e tentou mover a bola rapidamente e verticalmente, novamente com Bentancur como um elo perto dos atacantes.

Mas o gol veio e o Uruguai disse: meu jogo me chamou. Bentancur se estabeleceu com Torreira, que tinha a missão de ser a referência de Cristiano quando ele desceu alguns metros. CR7 atravessou toda a frente de ataque, então era uma tarefa permanente não dar metros ao melhor jogador do mundo. Nández foi transformado em um segundo lado, e Cavani agarrou o pequeno bombeiro que ele tanto conhece, para se mover onde era necessário e fazer um enorme esforço de marca, até que ele se machucou.

A Celeste recostou-se em sua área, mas ainda que a bola e o território fossem de Portugal, quase não tinha opções de perigo real, a não ser um tiro exterior de Christian que cobria bem Muslera. De bola quieta ou contra, onde Suárez jogou o clássico pivô, o azul teve alguma aproximação, mas não chances claras.

Mas, no segundo tempo, Portugal estava à frente no campo e encontrou mais parcerias do que nos 45 minutos anteriores, o que resultou em um par de jogadas perigosas, e o gol de Pepe, aos 54.

Mas era a tarde escolhida. Certamente você sentiu isso, certo? Porque quando a coisa se complicou, porque os europeus estavam à frente, uma bola saiu do fundo, Bentancur pegou com aquele tipo de crack e brincou com Cavani. E Cavani, que dançava, movia o corpo para a esquerda e dava para a direita, de modo que a bola estava inexoravelmente longe de Rui Patricio.

Depois, era suportar. Se juntar como um abacaxi nos últimos 30 minutos. Participar da mesma forma que você o viu em sua casa, abraçando um parente, xingando o juiz ou gritando cada vez que os portugueses chegavam à área.

Não é coincidência que você tenha vivido algo semelhante ao que os jogadores sentiram. Tabárez reconheceu, após o primeiro jogo, que no intervalo contra o Egito, ele falou com os jogadores de você. Você, e todos aqueles que saíram de casa, e os celestes não se cansam de repetir que eles são o combustível quando as pernas não respondem.

A França virá, sim, procurando outra semifinal. Será uma questão de começar a pensar no domingo. Também para ver qual a gravidade da lesão de Cavani. Agora, aproveite esses jogadores. Desta camisa. Vá dormir com o pôr do sol celestial, sonhando com Godín saindo na frente, com Muslera dominando a área, com Torreira correndo para o que quer que acontecesse na frente de seu rosto.

Goste de ser fã do Uruguai. Porque esse grupo continua a deixar você orgulhoso.

* O Pool da Copa é a união de grandes veículos de comunicação do mundo para um esforço de troca de informações. O objetivo é manter seus leitores por dentro do que acontece com as seleções de outros países, porém, com uma visão local.

Montagem Lance!/El Observador
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