Os caras das Copas: Taffarel, mito no tetra e gigante nos pênaltis

Goleiro foi fundamental na decisão do Mundial de 1994 e também brilhou em 1998

GALERIA: Veja as Copas disputadas por Taffarel e o clube que ele defendia no período de cada Mundial
(Foto: Daniel Garcia/AFP)

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"Sai que é sua, Taffarel"! O bordão imortalizado pelo narrador Galvão Bueno guiou dezenas de intervenções importantes de Cláudio André Mergen Taffarel. Titular nos três Mundiais que disputou, em 1990, 1994 e 1998, o gaúcho de Santa Rosa entrou para a história como um dos protagonistas do Brasil na Copa de 94, quando defendeu batida de Daniele Massaro e fez o gol ficar pequeno para Franco Baresi e Roberto Baggio na disputa de pênaltis que deu o tetra para a Seleção Brasileira: "Eu tinha certeza que o final seria ali (na cobrança de Baggio). Não sabia se iria pegar ou se ele chutaria para fora. Mas a melhor coisa que aconteceu foi ele ter colocado para fora. Se eu tivesse pego o pênalti, teria parecido que eu era o herói, e isso seria injusto. Pareceria que o Taffarel ganhou a Copa, e não foi assim", disse, certa vez, o modesto goleiro.

O cara da Copa - Taffarel
(Imagem: Arte LANCE!)

Taffarel já tinha história pela Seleção antes mesmo de 94. Em 1988, foi o goleiro titular na campanha da prata olímpica em Seul. Em 89, atuou como titular no título da Copa América. Já em 90, o arqueiro do Internacional, aos 24 anos, seguiu para sua primeira Copa do Mundo. No Mundial da Itália, acabou sendo um dos poucos a escapar da ira da torcida após eliminação precoce da Seleção nas oitavas. Com Taffarel "voando", o Brasil levou só um gol na primeira fase, ganhando da Suécia por 2 a 1, da Costa Rica por 1 a 0 e da Escócia por 1 a 0, com direito a defesa incrível em chute a queima roupa de Mo Johnston, aos 45 do segundo tempo, evitando o empate. No jogo do adeus, diante da Argentina, Taffarel nada pôde fazer para impedir o gol de Claudio Caniggia.

A caminhada até a Copa de 94 foi turbulenta. Na época no Parma e primeiro goleiro brasileiro a jogar no futebol italiano, Taffarel foi ficando de lado no clube por conta de limite de estrangeiros e, sem ritmo, passou a sofrer na Seleção. Muitas vezes colocado na reserva na Seleção entre 91 e 93, chegou a falhar feio quando teve chance como titular, em derrota por 2 a 0 para a Bolívia, em 1993, nas Eliminatórias para a Copa. Inclusive, o bordão "Sai que é sua, Taffarel" nasceu neste período, por conta da insegurança que às vezes o goleiro transmitia. Mas o técnico Carlos Alberto Parreira bancou Taffarel como titular para a Copa dos Estados Unidos e a decisão se provou acertada. O camisa 1 se mostrou firme durante o Mundial, levando só um gol na primeira fase, falhando apenas no segundo gol da Holanda nas quartas e chegando na decisão com somente três gols sofridos. Mas ainda faltava a coroação na final.

O Estádio Rose Bowl viu um Taffarel de 1,81m se agigantar. Brasil e Itália fizeram final nervosa e os times não saíram do zero após o tempo regulamentar e a prorrogação. O duelo foi para os pênaltis e aí brilhou a estrela de Taffarel - que sempre foi bom pegador de penalidades e, vale destacar, se consagrou na Olimpíada de 88 ao defender pênalti no tempo normal e dois nas cobranças alternadas na semifinal contra a Alemanha Ocidental. A Itália começou batendo e Franco Baresi chutou por cima do gol. Em seguida, Márcio Santos parou no goleiro Gianluca Pagliuca. Demetrio Albertini, Romário, Alberico Evani e Branco converteram suas cobranças. A sequência de gols seria interrompida em Daniele Massaro. O atacante chutou no canto esquerdo e Taffarel saltou para defender. Dunga depois acertou e a final acabou no pé direito de Roberto Baggio, que isolou a bola. O Brasil finalmente voltava a ser campeão do mundo, após 24 anos. Taffarel ganhou 10 mil dólares ao fim da decisão, por ter sido eleito por jornalistas o nome mais importante do jogo. Ele aceitou o prêmio e depois doou integralmente para instituições de caridade.

A rota para a Copa de 98, assim como em 94, também foi cheia de espinhos. Taffarel falhou na final da Copa América de 1995, fazendo "golpe de vista" em cobrança de falta defensável, e o Brasil acabou vice para o Uruguai nos pênaltis. Criticado até pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o goleiro decidiu deixar a Seleção, isso aos 29 anos. A temporada de 1996 foi de diversos testes no gol, mas nenhum nome se firmou e Taffarel voltou em 97. Na época goleiro do Atlético-MG, o tetra mundial então novamente foi para uma Copa e virou o primeiro goleiro a ser titular por três Copas seguidas pela Seleção Brasileira.

No Mundial da França, agora comandado por Zagallo, Taffarel novamente apresentou atuações seguras. A Seleção levou três gols em três jogos na primeira fase, mas o goleiro não teve falhas nos lances. Nas oitavas e quartas, o Brasil passou por Chile (4 a 1)  e Dinamarca (3 a 2) sem discussões sobre Taffarel. Porém na semi, contra a Holanda, o goleiro voltou a ser protagonista - e de novo nos pênaltis. Depois de empate por 1 a 1, com Taffarel defendendo grandes chutes de Phillip Cocu e Ronald de Boer, os times foram para as cobranças alternadas no Vélodrome, em Marselha. Três jogadores do Brasil e dois da Holanda já tinham acertado suas cobranças quando Phillip Cocu foi para sua batida. O volante chutou no canto esquerdo e Taffarel foi lá para pegar. Dunga marcou em seguida e o meia Ronald de Boer ficou com a obrigação de marcar para dar uma sobrevida à Holanda. Ele chutou no canto direito e mais uma vez Taffarel pegou. Um momento mágico, a última alegria do camisa 1 numa Copa. Na final, a França não deu chances para o Brasil e venceu por 3 a 0. Taffarel saiu com o vice, mas já estava eternizado na história.

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