Os caras das Copas: Johan Cruyff, o líder do Carrossel de 1974

Craque foi o principal nome de time que revolucionou o futebol mundial

GALERIA: Veja a Copa disputada por Cruyff e o clube que ele defendia no período do Mundial
(Foto: Reprodução de internet)

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Revolucionário. Craque. Johan Cruyff. O líder da seleção holandesa na Copa do Mundo de 1974 só disputou aquele Mundial em sua carreira, mas encantou o planeta na Copa da Alemanha. Cruyff era um atacante polivalente, que jogava em todas as posições do campo - até na defesa - e abria espaços para os companheiros avançarem. Dirigido pelo técnico Rinus Michels, o holandês ajudou a mudar o futebol e eternizou aquela seleção da Holanda, que recebeu o apelido de "Laranja Mecânica", referência tanto à cor da camisa do time quanto ao filme homônimo de Stanley Kubrick, de 1971, um dos grandes sucessos cinematográficos da década. Só faltou o título da Copa do Mundo.

O cara da Copa - Johan Cruyff
(Imagem: Arte LANCE!)

Cruyff tinha 27 anos no período da Copa de 74. Já era um jogador consagrado, convocado pela a seleção holandesa desde 1966, tricampeão da Liga dos Campeões da Europa e campeão do mundo de clubes pelo Ajax. O atacante havia ido para o Barcelona em 1973 e seguia "voando" na Catalunha. O técnico da seleção holandesa, Rinus Michels, já tinha comandado Cruyff no Ajax e sabia tirar o melhor do atleta. Então, surgiu a ideia ousada: as peças daquela seleção não teriam posições fixas. Todos "rodariam" em busca de um melhor posicionamento. Essa novidade recebeu o nome de "futebol total" e quebrou as defesas adversárias. Porém, mesmo num estilo de jogo solidário e em um time repleto de craques, Cruyff se destacava como símbolo máximo de qualidade.


A Holanda - que não jogava um Mundial desde 1938 - caiu no grupo 3 da Copa, juntamente de Uruguai, Suécia e Bulgária. A seleção do país estava fora do radar de muitos e surpreendeu. A estreia, contra o Uruguai, foi um massacre técnico, tático e físico dos holandeses. Ali nascia um esquadrão, superando até mesmo os receios do próprio Cruyff: "Estávamos muito nervosos. Além de nunca termos atuado juntos, cinco jogadores estreavam em novas funções. O próprio Nesskens teve de se sacrificar e fazer várias funções. Eu não estava 100% fisicamente. E tudo isso junto, num só jogo, o da estreia, com uma seleção bicampeã mundial, quarta colocada na Copa anterior", afirmou Cruyff no livro Futebol Total , escrito por ele. A Holanda ganhou aquele jogo por 2 a 0.

Conceitos como marcação sob pressão, linha de impedimento e troca de posições estavam apresentados ao mundo. No segundo duelo, ciente do poderio holandês, a Suécia se fechou e a partida terminou 0 a 0. No terceiro confronto, mais um baile para cima da Bulgária: 4 a 1. Cruyff não fez gol na fase inicial, mas jogou muito. E também chamou a atenção por outro fato: protagonizou uma das primeiras polêmicas envolvendo materiais esportivos. O atacante tinha belo contrato com a Puma e a seleção holandesa era vestida pela Adidas. Johan se negou a fazer propaganda de graça para a principal rival comercial de sua patrocinadora, e a solução encontrada pelo craque foi simplesmente arrancar - desde a estreia - uma das três listras presentes nos ombros do uniforme, personalizando e eternizando sua camisa 14.

Na segunda fase, a Holanda ficou em grupo com Argentina, Alemanha Oriental e Brasil - e só o líder iria à final da Copa. No desafio inicial, goleada para cima da Argentina: 4 a 0, com dois gols de Cruyff. No segundo duelo, diante da Alemanha Oriental, os holandeses voltaram a se impor e levaram a melhor por 2 a 0. O terceiro confronto era contra o Brasil, um embate direto pela vaga na decisão do Mundial. E nem mesmo a Seleção Brasileira foi capaz de superar o "caos organizado" de Cruyff e companhia. Os brasileiros distribuíram pancadas para tentar parar o "Carrossel Holandês", outro apelido recebido por aquela seleção. Em um lance, Zé Maria chegou a agarrar Cruyff pelas pernas para travar um contra-ataque. Aos cinco do segundo tempo, Cruyff cruzou pela direita e Neeskens abriu o placar. Aos 20, o próprio Cruyff fechou a conta.

A final seria contra a Alemanha Ocidental, dona da casa, no Estádio Olímpico de Munique. A Holanda entrou como favorita, por tudo o que tinha apresentado ao longo do Mundial. E o favoritismo aumentou assim que a bola rolou. Os holandeses trocaram 16 passes logo no primeiro minuto de jogo e o lance acabou com Cruyff derrubado dentro da área. Neeskens bateu e fez 1 a 0. Porém, a Alemanha também tinha uma seleção de respeito, com Franz Beckembauer e Gerd Müller. O experiente time alemão não ficou nervoso e fez uma marcação cerrada sobre Cruyff, emperrando a engrenagem principal do carrossel. A seleção da casa virou para 2 a 1 ainda no primeiro tempo, com Breitner e Müller, e depois disso o placar não se moveu mais. O genial time holandês amargava um vice improvável. Era também o fim do sonho de Cruyff. O craque não jogou a Copa de 1978. Temperamental, ele se desentendeu com os cartolas do seu país um ano antes do Mundial e acabou deixando a seleção.

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