Cerca de um ano após acidente, Chape tropeça em erros na sua busca por ‘reconstrução’

Equipe catarinense vai para seu quarto treinador no Brasileirão, em ano que perdeu chance de engatar vaga na Libertadores por questão fora de campo<br>

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Sirli Freitas/Chapecoense

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A busca por uma reestruturação após a tragédia que vitimou 71 pessoas na Colômbia vem trazendo uma série de obstáculos à Chapecoense. Após um início de ano promissor, com a conquista do Campeonato Catarinense e um bom desempenho da Copa Libertadores, o clube vê seu planejamento se comprometer devido a uma série de erros.

Organizada a toque de caixa, a nova cúpula da Chape arregaçou as mangas para 2017. Vagner Mancini foi anunciado como treinador e, aos poucos, foram desembarcando 37 jogadores para formar o elenco (incluindo nomes com Wellington Paulista e Douglas Grolli). De acordo com o diretor de futebol, João Carlos Maringá, o trabalho, feito ao lado de Rui Costa, foi desafiador:

- O início foi muito difícil, chegamos e não tínhamos jogador. Tivemos de reconstruir tudo em 15 dias, incluindo Natal e Ano Novo. Trabalhamos na véspera de Natal, não sabíamos como funcionaria este grupo até o dia 6 de janeiro. Só a partir dos treinos é que começamos a ter uma visão melhor do grupo - relembrou, ao LANCE!.

Aos poucos, a equipe encontrou entrosamento e tomou o rumo até o título catarinense (conquistado após a final com o Avaí). Entre altos e baixos, a Chapecoense passou de fase em campo no Grupo 7 da Copa Libertadores. No entanto, a presença de Luiz Otávio na vitória por 2 a 1 sobre o Lanús, em La Fortaleza, custou muito caro:

- Fomos campeões estaduais, passamos de fase na Libertadores. Mas tivemos aquela questão da Conmebol. Sabíamos que o Luiz Otávio seria julgado, mas não que estava punido. Faltavam dois minutos para a partida começar quando soubemos! Chegamos a perguntar para o delegado da partida se não tinha condições de fazermos uma nova súmula. Ele disse que não, então fomos jogar, ganhamos com o gol do próprio Luiz Otávio, mas depois tiraram a nossa vitória.

Vice-presidente jurídico do clube, Luiz Antônio Pallaoro também atribui a perda de pontos da partida contra o Lanús à falta de informação. Ao LANCE!, Pallaoro

- Nós não recebemos o e-mail da Conmebol sobre a suspensão do jogador (Luiz Otávio). Ficamos sabendo da punição de três jogos apenas em campo. Caso soubéssemos disto, sequer o levaríamos para jogar. Tentamos ao máximo, na Conmebol e até na Fifa, com ajuda de advogados no Rio de Janeiro, para irmos até o último recurso e não perdermos os pontos.

Gilson Kleina
Kleina será o quarto treinador diferente que comandará a Chape na temporada (Thaynara Lima / Lance!)

DANÇA DAS CADEIRAS' FICA FREQUENTE NA EQUIPE

A partir de julho, a Chapecoense conviveu com instabilidade em outra área: o cargo de treinador. Após o empate em 3 a 3 diante do Fluminense, em 4 de julho, Mancini foi demitido, devido à série de cinco jogos sem vitória.

- A demissão do (Vagner) Mancini aconteceu mais por questão de resultados mesmo. Tínhamos caído de produção, viemos de uma ausência de vitórias e precisávamos dar uma resposta. Mas, claro, que somos muito agradecidos a ele, pelo processo de reconstrução que ajudou a ter na equipe e pelo título catarinense - revela Maringá.

O diretor de futebol detalhou como foi lidar com a repercussão negativa da saída de Vagner Mancini.

- Tivemos muitas críticas da imprensa nacional. Mas de longe é fácil falar, só nós que sabemos onde o sapato aperta. De qualquer forma, Mancini é um ótimo profissional - disse, sobre o técnico que saiu com 20 vitórias, nove empates e 16 derrotas.

O clube catarinense agiu rápido e, no dia seguinte, recorreu a um nome bem conhecido na Arena Condá. Vinícius Eutrópio foi o encarregado de colocar a Chapecoense nos eixos. Porém, a pífia campanha (quatro vitórias, dois empates e 11 derrotas) e a ida da equipe para o Z4 do Brasileirão causaram sua demissão depois de dois meses.

- O Vinícius (Eutrópio) ficou um período muito curto, infelizmente. É um excelente profissional. Tanto que nosso interino, Emerson Cris, ficou por cinco, seis jogos, muito bem no comando por conta disso, do legado que ele deixou - disse João Carlos Maringá, ao LANCE!.

Na décima-segunda colocação, após a vitória por 3 a 2 sobre o Atlético-MG em pleno Independência, a equipe catarinense parte para um novo treinador. E, segundo o dirigente, a busca é por um trabalho mais extenso:

- Agora, vamos apresentar o trabalho do (Gilson) Kleina. Ele vem já em torno de um projeto voltado para montar a equipe de 2018.

João Carlos Maringá aponta como a Chapecoense vem encarando esta reta final do Brasileirão. A equipe catarinense está com 18% de risco de rebaixamento, segundo o site Infobola:

- A meta era buscarmos dias melhores. Sabíamos que não seríamos campeões, o Brasileiro é uma competição muito difícil. Mesmo assim, recusamos a possibilidade de não sermos rebaixados neste ano, e hoje estamos lutando para ficar na Série A, entre os melhores do país.

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