Jefferson conta as manias de Loco, polêmica com Seedorf e surpresa com Jobson: ‘Poderia ter ido à seleção’

Na terceira parte da entrevista exclusiva ao LANCE!, o ídolo alvinegro revela as superstições do uruguaio, lembra as discussões com o holandês e o potencial do polêmico atacante

Jefferson e Loco Abreu - Audax Italiano x Botafogo
(Foto: Divulgação)

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Ao longo das duas passagens que teve pelo Botafogo, Jefferson colecionou amizades, histórias e diferentes momentos do clube. Nesta terceira parte da entrevista exclusiva com o ex-goleiro, ele lembra a relação com personagens como Loco Abreu, Seedorf e Jobson.

Como era a relação com o Seedorf e que problemas vocês tiveram realmente?
A gente se dava muito bem. A questão é que ele vem de uma cultura muito diferente. É muito inteligente e tinha muito a passar para nós. Só que era muita informação junta, podemos dizer assim. E tinha certas coisas que eu, como capitão e um dos líderes do elenco, falava que tinha que ir devagar. Tanto que o Seedorf, às vezes, quis interferir no Hino do Botafogo, nas cadeiras da preleção ou até no tipo de meia que os garotos tinham que usar, colocar a camisa para dentro do calção... Eu tive que chegar para ele e falar que, no Brasil, temos hábitos diferentes, é outra cultura. Aqui, por exemplo, não funciona todos almoçarem ou jantarem juntos. É mais livre, à vontade. Só que ele queria implantar padrões, insistia e não dava certo. As discussões foram nesse sentido, em prol do grupo. Não teve nada no lado pessoal ou por vaidade. Só teve uma vez, contra o Flamengo (Taça Guanabara de 2013). Éramos acostumados a sair jogando, como eu sempre gostei. Mas é preciso sentir o calor da partida. Eu saí jogando uma vez, pressionaram e roubaram a bola, assim como na segunda tentativa. Na terceira, optei por fazer a bola longa, dar chutão. Aí, ele (Seedorf) abriu os braços, do meio de campo e eu fiquei doido, muito doido com isso. Porque isso é jogar para a galera, acaba me expondo. Cheguei para ele e falei que isso não se faz, que é feio e tal. Foi mais do calor do jogo mesmo.

E com o Loco Abreu?
O Loco Abreu era um cara tranquilo. É um cara que tem muita superstição, mas dele, algo pessoal. E isso respeitamos. Tinha cadeira que ele gostava de sentar, o mesmo chuveiro de sempre, ele queria sentar até na cadeira 13 do avião, no quarto... E eu não vejo maldade nisso, até tem o perfil do botafoguense. Não influenciava em nada no grupo.

Qual jogador te surpreendeu?
Um cara começou devagar, mas foi fundamental: o Jobson. Ninguém dava nada e ele estourou em 2009, ajudou bastante. Infelizmente seguiu outro caminho. Ele me mandou mensagem no dia da despedida. O Jobson não faz mal às pessoas, faz mal para ele mesmo. Precisa de ajuda. Mas é completo. Batia com as duas, fazia gol de cabeça. Poderia ter chegado na Seleção. 

Quantas vezes já ouviu que vocês dois salvaram o Botafogo da queda em 2009?
Foi muito bom porque eu cheguei também em 2009 para um contrato de quatro meses e desacreditado, com um contrato muito baixo, no valor quase de júnior. Mas não fiz questão porque eu queria jogar. E tinha que jogar dez jogos para aumentar 20% no salário. Fizemos um restante de campeonato - eu cheguei no segundo turno - muito bom.

O ambiente era diferente no título estadual de 2010?
Estávamos focados, mas sabíamos do peso que era. Se toma gol, empata... estávamos todos cientes (nos três anos anteriores houve derrotas para o Flamengo na final). Claro que uns tinham mais personalidade, falavam. Estava tenso o ambiente para conseguir a vitória ali. Sabíamos que se não passássemos, a pressão ia ficar mais difícil.

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